domingo, 28 de abril de 2013

P A L A V R A S


De formas simples e belas
dão à vida um sorriso,
um lavrar de sementeira.
Brilham como as estrelas,
abrem alas ao paraíso
que vão crescendo à nossa beira.

Podem palavras estar fechadas,
em livros,
na estante...
não deixam de ser articuladas,
lidas e sentidas.
São segredos da alma, da vida,
do silêncio e fantasia.


São pensamentos descendo à rua,
à dor e agonia;
libertação ou opressão...
da imagem pura e nua.
Trazem o raiar e a paixão,
ao sonho e novo dia;
à melodia
...ao germinar da razão.
São sons,são Poesia!

Setúbal, 29/04/2013
Inácio Lagarto

P O E M A


Os poetas escrevem
como planta que brota e cresce
em plena liberdade.

Os leitores lêem...
e o que o tear tece
vestem na intimidade.

A poesia navega 
no barco e em ondas sonoras.
Em águas em que se deve mergulhar.

O poema é lavrado
esculpido
semeado
colhido...
quem pensa, 
quem ouve,
não deve ficar aprisionado
nem amortalhado.
O pensamento é livre!


Setúbal, 28/04/2013
Inácio Lagarto

sexta-feira, 26 de abril de 2013

MIRADOURO SENHORA DO CAIS


Miradouro Senhora do Cais
tão belo ajardinado;
feito em socalcos aos ais
num sonho bem acordado.

Nossa Senhora do Amparo
do alto vigia a cidade;
sobre tapete...gosto raro
é olhada em igualdade!

Freguesia da Anunciada
festejando a Liberdade;
deixa obra ilustrada...
um presente à Sociedade.

Trabalho com galhardia
lá no cimo da montanha;
olhando o Sado, maresia
sente pulsar da façanha.

Vê-se multidão, telhados,
o Rio Azul a correr;
barcos da faina carregados
para na Lota vender.

Setúbal  de céu aberto
veste-se de cor iluminada;
no tempo com sentir perto
pela Serra é abraçada.

Setúbal, 25/04/2013
Inácio Lagarto

AMBIÇÃO


Abriu-se a porta à vida
o sossiso veio à rua;
a inocência  anda perdida
com futuro que não recua.

Derrubamos grades à prisão
as algemas do triste viver
sobre falso e maquinal.
Alimentamos ambição
fabricando saber
ao ritmo dum bem real;
saltamos sonhos murados
onde se esconde amargura.
Corremos por eiras e prados
saboreando fruta madura,
o pão dos trigos ceifados.

As verdades são trocadas,
regadas com ilusão,
colhidas por menos valia;
novas cabeças coroadas
de chicote junto à mão,
perdendo gado que os seguia.
Neste terreiro abandonado -
usurpado,
nele chora o coração
que o tempo...calará!

Setúbal, 25/04/2013
Inácio Lagarto

quarta-feira, 24 de abril de 2013

CRUZ REPARTIDA


Uma cruz é repartida
brotando dor ou alegria
quando olhada bem de frente.
É luz que vem de cima,
uma fonte sentida
correndo livre e diferente.
No silêncio esgrima
no caminhar...está presente.

O filho ama os pais.
O pai de imagem terna
com mãe de peito querido,
é carne de amores perfeitos.
Precursores nos seus ais
nesta filosofia moderna;
de materialismo ferido
em que sonhos são desfeitos.
O respeito anda esquecido
num mundo...com sombra a mais!

No labirinto do espaço
a nuvem vem enevoada,
brilha estrela cintilante.
Acalma vida no regaço,
pela luz é superada,
numa ventura radiante!

Setúbal, 24/04/2013
Inácio Lagarto




sexta-feira, 19 de abril de 2013

LUZES QUE ACENDEM CHAMA


Ouço Florbela sinto e grito,
luto como Bocage pela liberdade;
aprendo em Pessoa a meditar
e do Alentejo fica a saudade.
De Camões recordo a história
com orgulho, caminho percorrido;
lavro poemas de memória
...sobre real ou mito
que à mente é servido.

Sebastião da Gama em devoção,
de ramo em ramo, falou com a Serra;
Torga ilustrou a Natureza
no mais sublime que encerra.
Zeca Afonso, cantando, deu lição
e Ary dos Santos, no dizer, com firmeza
são luzes que acendem a chama -
paixão
contra cobiça do destino
que vêm a vida beijar
...Voz timbrada do Povo, em hino
trazendo à poesia o sonhar.

Setúbal, 18/04/2013
Inácio Lagarto

terça-feira, 16 de abril de 2013

PARAÍSO MODELAR


Bebo água do Sado,
beijo Figueirinha com emoção;
neste caminhar constante
alimento-me do Rio e Mar.
Sou por marés bafejado
desde Tróia ao Outão;
de Albarquel sou amante
quero Arrábida cantar,
São Filipe abraçar!
Ter o relógio parado.

Neste paraíso modelar
de olhar firme e de saber...
Sebastião da Gama foi iluminado!
Poeta e Professor
à " Serra Mãe " deu a alma,
leu as Estrelas
...escreveu a vida.
Perfumou poemas de amor,
plantou palavras, soube tangê-las;
viu deslizar a corrente calma
para sarar força e dor sentida
e na Serra...poder esquecê-las.


Setúbal, 15/04/2013
Inácio Lagarto

quarta-feira, 10 de abril de 2013

FIM DOS MEDOS


Manhã quente...a incerteza

Acabou a noite dos medos;  

Do silêncio rompeu a força desejada

Radiou luz, fonte do dia.

Unidos por querer e magia

Guardaram no peito firmeza;

Abriram asas entre segredos,

Deram voz à alma ousada

Ao ansiar nova alegria!



De mãos dadas calaram o passado,
Ergueram no tempo...futuro e ambição.



Anunciada a caminhada

Beijaram sonhos, primavera amiga;

Renasce esperança na alvorada,

Inundou a paz ambicionada

Libertando Vontade bem antiga.



Setúbal, 10/04/2013
Inácio Lagarto

terça-feira, 9 de abril de 2013

TODOS OS DIAS OLHO O RIO


Cavalgo pelo espaço.
Calcorreando a Arrábida,
fito...vasto esplendor!
Vejo Sado, tão perto, ao fundo;
o céu azul mistura-se com Rio
navego no verde da razão.

Às palavras dou um abraço,
às traineiras entrego o sonhar;
no silêncio ouço o pescador
na labuta e amor profundo
...culto do viver ali à mão.

Todos os dias olho o Rio,
vejo correr as calmas águas;
golfinhos a saltitar
...leves e graciosos
neste mundo em turbilhão.

Entra na barra um navio,
mergulha, devagar, suas mágoas,
da distância do longo mar;
neste cais ditoso -
neste canteiro amado...
Digo adeus à solidão.

Setúbal, 03/04/2013
Inácio Lagarto