quarta-feira, 29 de abril de 2009

GRIPE SUÍNA


Caminha Abril, tristonho,
O Sol que brilha, desce escondido;
Aquele outro, já foi risonho,
Fez acordar, um belo sonho,
Vive no tempo, sem sentido.

Amargurado na razão,
Esgrima no prosseguir;
Sem encontrar solução,
No centro de tanta emoção,
Busca na mente o existir.

A gripe suína prolífica,
Segue o Mundo, muito assustado;
Hábito na vida modifica,
Até a força falsifica,
Cala no poder, velho pecado.

Suspensas são, as viagens,
Renasce a economia;
Retoca-se a imagem,
Das verdades ou chantagens,
Mergulhadas em fantasia.

Soltas no ar, voam borboletas,
Raios de Sol primaveril;
Ventos fortes ou, cometas,
Aviões e avionetas,
Cuidado, com o roçar vil.

Consciente da realidade,
Sábio saber não é em vão;
Na presença da igualdade,
Surgem esperanças de vontade,
Sempre atentas à união.


Setúbal, 28/04/2009
Inácio Lagarto

TERRA DE ESPERANÇA


Subi àquela montanha!
Lá de cima, olhei o mar;
Senti uma força tamanha,
Vi a Cidade, a espraiar

Naquela extensa marginal,
Madruga, a mais bela Baía;
Navega, em paisagem natural,
Doce cântico, com melodia.

De portas abertas ao Mundo,
Banha-se no «Rio Azul»;
Espreita o Oceano profundo,
Traz corrente, vinda do Sul.

Refrão:

Setúbal, de honra e beleza,
No Pescador, conta história;
Na conserva, bem Portuguesa,
Com Bocage, velha glória;
No progresso ganha certeza
E, no desporto o Vitória.


Rodeada de laranjal,
No meio do arvoredo;
Cresceu entre pesca e sal,
Nasceu na Arrábida, sem medo.

Terra com alma, de marinheiros,
Vai ao leme, no querer guiar;
De artes e sonhos verdadeiros,
Sábio futuro, vai abraçar.

Como se o Céu beijasse,
Na vida, cumpre dever;
À noite, brilha, sem disfarce,
No dia, socializa saber.


Refrão:


Setúbal, 27/04/2009
Inácio Lagarto

sexta-feira, 24 de abril de 2009

ESPERANÇA PERDIDA


Gritam às pedras da rua,
Falam com seu coração;
Vêm a vida, nua e crua,
Sentem dor e paixão;
Vêm carros, gente a correr,
Como um rio a transportar água,
Olham Famílias, sem viver,
Envoltas em triste mágoa -
Ao mar, a corrente, não vai chegar;
Trazem o universo ao colo,
Beijam a solidão,
Baixinho, gemem pregão,
Porque um dia... Alguém foi tolo.
Quiseram no sonho acreditar
E, vivem no abandono;
Reflectem sobre liberdade,
Entre silêncio verdade,
Lágrimas sem sono;
Perdem Mundo, como dono,
Resta esperança, sem idade,
Do querer que os invade.

Setúbal, 23/04/2009
Inácio Lagarto


SEGREDO NO SORRIR


Mote

Quem canta seu mal espanta
Se chora uma dor tem
O sorrir a todos encanta
Só a alegria é doce bem.


I
Como é bom ter o viver,
Ter vida que nos seduz;
Chegar ao fim, que nos conduz,
Desde o berço ao nascer.
Aí... Começa o aprender,
Como a frágil planta;
Cresce, com vaidade tanta,
No Mundo vai despertando,
Onde o sonho mora esperando,
Quem canta seu mal espanta.


II
Se tem força, solta um grito,
Procura nova verdade;
Caminha, segue a idade,
No tempo que é rapazito.
Olha ao longe, o infinito,
Tem asas, voa para além;
Mais tarde, com futuro vem...
Perde na noite a glória!
Fica agarrado à memória,
Se chora uma dor tem.


III
O destino não se esquece,
Murcham no campo as flores;
Vigilantes, ficam amores,
Para quem, a alma, os merece.
Daquele Sol que nos aquece,
Até a sombra, é uma santa,
Coberta, por verde manta,
Dá esperança ao existir,
Como segredo ao sentir,
O sorrir a todos encanta.


IV
Esteja no campo ou na cidade,
Como é grande, o partilhar;
Ser hábil, saber criar,
Esquecer velha vaidade.
Usufruir da liberdade,
Piedade, não é de ninguém!
Como, se riqueza, seja d´alguém,
Deixada por gente incerta;
Naquela cobiça coberta,
Só a alegria é doce bem.


Setúbal, 23/04/2009
Inácio Lagarto



quarta-feira, 22 de abril de 2009

TENHO SAUDADE


Na manhã que foste embora,
O outro EU, disse adeus;
Ficaram húmidos, meus olhos,
A olharem para os teus.

Partiste, lá para longe,
Vagueio na solidão;
O « ONTEM », não vive longe,
Nem cala o coração.

Fito e não vejo nada,
Se existo, pouco faço;
A vida não é afagada...
Quero estreitar, o nosso abraço!

Refrão:

Saudade mora em mim
Saudade, vai de volta;
Esta, não a quero assim!...
Saudade, vai de volta,
Saudade mora em mim.


Tenho saudade, da tua voz,
Nem que seja do queixume;
Saudade é tão veloz,
Do tempo, tenho ciúme.

Tenho saudade do carinho,
Do muito que tu me deste;
Perdido, ando sozinho,
Pela viagem que fizeste.

Hoje vivo amargurado,
Para o Céu, estendo a mão;
Recordo belo passado,
Do sonho, guardo paixão.


Refrão:


Setúbal, 17/04/2009
Inácio Lagarto

segunda-feira, 20 de abril de 2009

CAMPA SAGRADA


Junto à Campa Sagrada
A Viana, eu vim orar
Minha alma ficou gelada
Sem a força, poder pulsar

I
Alentejo, Solo Natal,
De Planície grandiosa;
Sua seara, foi famosa,
Para glória de Portugal.
Com flora natural,
Para riqueza ambicionada;
Nem por todos, foi bem tratada,
Sonho da Terra me moveu,
Sofrida mente gemeu,
Junto à Campa Sagrada.

II
Olhei abóbada Celestial,
Na procura da verdade;
Doutra triste fatalidade,
Vi um manto especial,
Feito de puro cristal,
Naquela estrela a piscar!...
Fui sacudido pelo ar,
Em Domingo de Romaria
E, tocado no que sentia!
A Viana, eu vim orar.

III
Naquele silêncio profundo,
Analisei a existência;
Confuso, com a Ciência -
Que mergulha neste Mundo;
Num mar que não tem fundo!...
Em que a vida é julgada...
Na escuridão encerrada,
Com bilhete de partida;
Outros,à espera da ida,
Minha alma ficou gelada.

IV
Fomos fruto, somos semente,
Sorte mentira da Humanidade;
Temos e perdemos identidade,
Una parte, dum acidente,
Nascidos em qualquer lugar...
Crescemos, querendo lutar,
Buscamos novos caminhos!
Um dia...Ficamos sozinhos,
Sem a força, poder pulsar.


Viana do Alentejo, 19/04/2009
Inácio Lagarto




sábado, 11 de abril de 2009

CRAVO SAGRADO


Duma sagrada fonte,
Um cravo brotou;
Por entre rochedos,
O Lago alcançou.

O Sol aqueceu,
Reflectiu imagem;
Por campo imenso,
Foi abrindo passagem.

Olhou a montanha,
Escolheu o barro;
Colhido em ribeira,
Colocado num jarro.

Deixou a semente,
No trigo maduro;
Com bela roseira,
Cresceu futuro.

Na vida serena ,
As almas gemem;
A luz se esvai,
Os medos tremem.

Caminha no tempo,
Mergulha no mar;
Estende-se na areia,
Brilha ao luar.

Herói no combate
E da liberdade;
Deu cor ao viver,
Da pura igualdade.

A fonte secou,
Ficou solidão;
De folhas caídas,
Pendentes na mão.

Setúbal, 09/04/2009
Inácio Lagarto

TEMPO SEM TEMPO


A vida sem risco,
Ela, não é vida;
No tempo a seguimos -
Início da corrida!

Houve confusão,
Num velho pensar;
Unidos, pelo sonho,
Nasceu, desbravar.

Fui pai e amante,
Atravessámos deserto;
Companheiros alegres,
Num futuro por perto.

Com ninho erguido,
Amor partilhado;
Perfume no sorrir,
Fez esquecer passado.

No calor dos corpos
E, da alma também;
Fizeram-se os filhos,
Construímos um bem.

Guiou-nos a razão,
A força do querer;
Subimos à verdade,
Com o dia a crescer.

Pela treva o vento,
Veio a soprar;
Roubou-nos a visão,
Não se pôde parar.

Perdi isenção,
Sobre mar ondulado;
Olho as estrelas,
Rego... O verde prado!

Setúbal,08/04/2009
Inácio Lagarto

UM ANO


Passado que é UM ANO,
Talvez? Por triste engano?
Nesta nossa caminhada.
Aquele outro...Foi tirano!...
Espetou dura facada.
Ó Terra, minha Mãe!
Ó Senhora Celestial!!
Tens a chave do mistério,
Deste coração vazio -
Tocado pelo frio -
Levou de nós, um rosto, belo e sério,
Tornou, a vida, fatal.
Neste sonho que se sente,
Elevou-te, divinamente,
Deixou certeza, por compreender;
Trouxe a nós, tanto medo,
No suave adormecer;
Neste esforço misturado,
Guarda viver, num segredo,
Quero voltar, para o teu lado.

Setúbal, Abril de 2009
Inácio Lagarto

quarta-feira, 8 de abril de 2009

CORAGEM DE POETA


Coragem és verdade,
És nosso destino;
Quando tristeza invade,
Coração ladino.

O fado é caminho,
Poema a viver;
Onde bebe o vinho,
O Poeta ao escrever.

Doce luz cintila,
Na paz que procura;
Palavra tranquila,
De vida futura.

À noite implora...
Fala com a mente!
Esquece a hora,
Chora perdidamente.

Como cavalo à solta,
De sono inquieto;
De inocência envolta,
Com olhar quieto.

Corre sem parar
E, voa no espaço;
Naquele embriagar,
Fica preso no laço.

Ele é pensador,
Em chama a arder;
Forte criador,
Despeja seu querer.

No dia, na ressaca,
Com dor, declama;
E de alma fraca,
No versar, proclama.

Setúbal, 05/04/2009
Inácio Lagarto

sábado, 4 de abril de 2009

BRILHA CORPO NA PRIMAVERA


A PRIMAVERA, a nós desce,
Traz, com ela, quente verão;
Nosso corpo, sonho merece
E, mergulha na visão.


Na experiência dos sentidos,
Já liberta os movimentos;
Olha, frescos campos, floridos,
Sem ser escravo, dos pensamentos.


De imensa fonte de prazer,
Naquela onda a espraiar;
À sombra, da copa a crescer,


Vê o Sol que aquece a rosa;
Primam borboletas no esvoaçar...
Animam a Terra tão formosa!



Setúbal, 03/04/2009
Inácio Lagarto

VISITA AO MÉDICO


Destino parado,
Paira a emoção;
Falei um bocado,
Com meu coração.

Suportei exame,
No tempo a despir;
Não foi um vexame,
Entre vida a florir.

Vive a Primavera...
Sonho a verdejar!
Já não sou quem era,
Quero a voz regar.

Vivendo eu vivo...
Percorro caminho!
Com humor cativo
... Não sigo sozinho.

Partilho a memória,
Revejo o passado;
Venço a história,
De futuro julgado.

Guardei a semente
Que alguém lançou,
Colho na minha mente,
A flor que ficou.

Sou grão de areia,
Na praia a brilhar;
Veio com maré cheia -
Na onda do mar.


Setúbal, 31/03/2009
Inácio Lagarto