domingo, 31 de janeiro de 2010

HAITI


O solo tremeu
Tudo devastou...
O Haiti sofreu -
O Mundo chorou.

Surgiu tragédia
Ceifou as vidas...
Fúnebre comédia
De dores sentidas.

São aos milhares
Em sofrimento...
Casas e solares -
Almas em lamento!

Ruiu o sonho -
Resta gratidão;
Tornou-se medonho...
Retratos do chão.

Vitimou crianças
E os pais também...
Furtam as poupanças,
Nada é de ninguém.
~
O silêncio desce
À eterna Família;
Ouve-se a prece
Em doce vigília.

São desalojados-
Sono em ais;
Pedidos chegados
Em tendas iguais.

A Ilha escureceu
Na angústia fria;
O azul do céu
Regressa, como guia.


Setúbal, 30/01/2010
Inácio Lagarto




VOZ DA VONTADE


Tentamos-nos conhecer
Analisando o bem e o mal;
Sobre a existência do Ser,
Muito há que aprender...
Porque na vida nada é igual!

Há momentos de reflexão
Divergindo no que é maior;
Neste passo de opinião
Quando se encontra a solução,
No julgar, resta o melhor.

Vamos gerindo a humildade
Sem nunca ser submisso.
assim, floresce a liberdade,
Nem sempre pela voz da vontade...
A consciência se cala por isso!

Temos de iluminar o sombrio,
Com o clarão que surge da alma;
Naquele quente e frio
...A bela força não repartiu,
Entre o sentir que sopra e acalma.

Lançadas as asas voamos,
Abrimos janelas aos horizontes;
Na fúria do tempo imploramos
E na luz dos céus transportamos
Os sonhos que brotam das fontes.


Setúbal, 26/01/2010
Inácio Lagarto

DEUSA INSPIRADORA


Sou amante da verde serra e do mar,
Da calma baía, rio azul e cidade;
Olho a Tróia que ao longe está a espreitar...
E Setúbal que no tempo, não tem idade!


Bocage, no pedestal, vigia o Sado.
À noite medita sobre poemas ao luar,
Entre lágrimas de sal tem o nome gravado
Com o do pescador que honra seu lutar.


Luísa Tody, semente que aqui nasceu,
Tantos são os poetas e cantadores...
Músicos e quanta arte em criação!


O Parque de Albarquel no belo renasceu,
Na partilha dos bairros, são fontes de amores
Que dão força e acalenta o meu coração.



Setúbal, 25/01/2010
Inácio Lagarto

JUVENTUDE


Adolescente de sonho juvenil,
Partilha da curta caminhada;
Transporta a força viril,
Floresce na primavera de Abril,
Com a vida abençoada.

A idade não pede licença,
À esperança e ao viver...
Só o Saber é pertença,
Duma cultura imensa,
Neste mistério do querer!

O futuro aguarda por vós...
Tudo depende do clarão!
Os barcos navegam e não vão sós,
Porque os seus ternos avós...
Seguem atentos, â vossa paixão!

Na viagem da existência,
Entrelaçam no mesmo lutar;
Vêm-se canteiros de ciência,
Dando luz à consciência
Que não pára o pensar.

As Famílias em união
Vão trilhando tão dura estrada;
Comem e bebem da inovação,
Escutam a voz do coração
E sem ele, acaba em nada.


Setúbal, 24/01/2o10
Inácio Lagarto

O SENTIR DO POETA


Ele ama a noite e não sossega,
Os seus sonhos são de evasão;
Quer criar quando o luar chega
E a claridade não renega...
Escreve na pesada meditação!

Passada a nuvem obscura...
O sentir do poeta produz!
Renasce a luz, bela e pura,
Duma vida de amargura....
A novos caminhos conduz!

De poemas inacabados
Olha para além da visão;
Vê os irmãos revoltados
Porque no tempo são roubados,
Pelos párias que lhes negam o pão.

Divaga em jardins de amores -
Intercede pelo oprimido;
Escuta a voz dos horrores
E pinta o mundo de flores,
Com o coração estremecido.

O poeta não quer morrer
...Pensa deixar sua memória!
Uma parte do seu querer,
Naquela palavra a correr
Para o rio da vitória.

A corrente é cintilante
Que deixa a alma a brilhar;
A escrita é boa amante
Por ser dócil, segue errante
E erguida, vai encher o mar!


Setúbal, 23/01/2010
Inácio Lagarto

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

ECOS DA SERRA




Ecos da serra -
Gritos das forças pelejando...
Vêm libertar a fértil terra
Para a planície ficar brilhando!
Neste solo tão queimado
Pelo sol é bafejado,
Deixando a noite calma e fria.
Ao longo do mesmo dia
O tosco barro é lavrado...
Pelo homem e seu arado!
Nela brotam os trigais
Tornando o parto repousado;
Fazem do Alentejo uma poesia,
Com cânticos de harmonia -
Naqueles campos dourados.
Muda no tempo o sonhar...
São varejados os olivais....
Acendem a luz da paixão
... Não deixam a esperança acabar
Com o azeite e o pão!
Alimentam o cansaço
do belo fruto e semente;
Apertam a vida num abraço
Com o querer, da sua gente.


Setúbal, 19/01/2010
Inácio Lagarto

sábado, 16 de janeiro de 2010

O SONHO NÃO VIVE SOZINHO




Sou amigo do versejar
Como vós... um adolescente!
Tento a alma alegrar,
Este Núcleo aumentar,
com nossa força presente.

Poema liberta verdade,
Neste «Canto de Poetas»;
Estreita laços de amizade,
Tem um tempo, sem idade,
Que planeia novas metas!

São desejos, do momento,
Na procura dum caminho;
Rio que corre, sem lamento,
Vem irrigar o pensamento,
O sonho não vive sozinho.

Vai semeando paixão,
Aproximando a partilha,
Alimenta o coração;
A palavra aperta a mão...
A luz da vida que perfilha!

Páginas escritas na viagem,
Em tarde escura, sombria;
São orvalhos sobre a paisagem,
Silêncios guardados, da imagem
Que o vento cala, em noite fria.

Setúbal, 04/07/2009
Inácio Lagarto

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

O UIVAR DO VENTO




Uivava o vento ao soprar
Junto à minha janela;
Trazia a vontade,
Cruzada com a saudade...
Libertava a estrela ao luar,
Com o brilho que vinha dela!
Tocou no sonho e acordou
O que resta da idade;
Dos tremedais arrastado
Pela afeição pura,
No silêncio da noite.
Deixei o pensar pousado
Com sorriso de ventura;
Esqueci o que foi açoite,
Acordei só vi passado,
Envolto em nuvem escura.
Esta sombra ou visão
Aclarai as primaveras;
Procuro no alto a razão
Por entre milhares de esferas.

Setúbal, 11/01/20010
Inácio Lagarto

TEMPO COM TEMPO


O tempo segue na caminhada,
Sopra em noite tumultuosa;
Tudo oferece ou quase nada,
Nesta costa, bela e formosa...
Torna sonho em ilusão!
Os Homens falam... Falam...
Vendem filosofias e hipocrisia;
Curvam os Seres e amordaçam
...Por entre trevas, em sombra fria.
O Mundo é louco quando guia -
Baralha com confusão;
O querer vive forçado,
Sem olhar à razão.
Corre o emprego em desalinho...
O capital navega errante...
No mar, marulha a ondulação!
O anjo esvoaça esfumado,
Inebriante vai sozinho,
Perdido na neblina;
Esquece a Paz por instante...
Não ouve a voz divina!
Regressa!!
Traz a aragem ao semelhante.

Setúbal, 08/01/2010
Inácio Lagarto


sábado, 2 de janeiro de 2010

ROSA BRANCA


Rosa branca do jardim,
Que vens coração picar;
Tuas vestes são de cetim
Nessas pétalas a brilhar!

A mais bela entre as flores
Cativas o meu olhar;
Teus botões são uns amores,
Fazem-me no tempo sonhar.

Será sonho ou loucura
Este meu doce viver?
Cai a lágrima, molha a secura
Que eu tenho pressa em beber!

No canteiro és a rainha,
Em minhas mãos um segredo;
Linda cor, para mim caminha...
Vem depressa... Não tenhas medo!

Tua mágoa soa a harpejo
Quando a tua alma chora;
No silêncio deixo um beijo
E de saudade vou embora.

Rosa branca tão sentida,
Eu sem ti, fico triste...
Dás a primavera à vida
E sem esperança, nada existe!


Setúbal, 03/01/2010
Inácio Lagarto