terça-feira, 26 de maio de 2009

PUXÃO DE ORELHAS


Sentado, fiquei à espera,
Da boa refeição;
Logo senti, confusão,
Vinha de outra esfera.

Mandam-nos calar!!...
Para baixar, tom de voz!
Lembrei-me dos avós,
Na força do comandar.

Ninguém é de ninguém,
Nem espaço, sumptuoso;
Dito a grupo gostoso...
Estando outros, além!!

Fiquei embriagado,
Uma muralha, se ergueu;
Minha alma perdeu...
Aquele lugar estimado!

Sofrido, eu vim embora,
Meu sonho, se feriu;
Triste mágoa surgiu,
Nascida, naquela hora.

Os dias vão correndo,
Neste manter de orgulho;
Naquele mar, não mergulho,
Por ser fundo, não estou vendo!

Quero ser livre e falar,
Curar fresca lesão
Fugir à solidão...
Poder vida abraçar!

Para lutar, nada sei,
Sabendo para entreter;
Amigos tenho de ter,
No tempo que viverei.

Setúbal, 25/05/2009
Inácio Lagarto

A TELA DA VIDA

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . «tela do
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Mestre Júlio Resende»
Ter ou não ter,
Realize o sonho;
Viver é risonho,
Use força, no querer.

Com falta de zelo,
Não há humildade;
Mentira da verdade,
pode ser pesadelo.

Até lindas rosas,
Murcham no Inverno;
São valor eterno,
Palavras famosas.

Alegra condição,
Saber envelhecer;
Partilhar saber,
Transporta razão.

Somos personagens,
No teatro real;
Sobre um ideal,
Difundimos imagens.

Cumprimos promessa,
Prometida e pura;
A caminhada dura!!...
Mais tarde começa!

Na paleta da cor,
Brilha a fantasia;
Esboça, com magia,
O Mestre Pintor.

Sobre a criação,
Projecta o belo;
De pincel é vê - lo,
Com o Mundo na mão.


Setúbal, 24/05/2009
Inácio Lagarto






COLMEIA VAZIA


Sou um caminhante,
Só a força me leva;
Vagueio na treva,
Mudei de semblante.

Com meu coração,
Escutei a cigarra;
Cantava com garra,
No calor de Verão.

De verdades reais,
O sonho morreu;
O viver esqueceu,
Levou ideais.

Percorro a montanha,
Prado campestre;
Na moita silvestre,
Vejo arte tamanha.

Vegeto no mato,
Com cheiro a flor;
Senti minha dor,
Piquei-me num cato.

Na colmeia sozinha,
Sou triste zângão;
Vivo de solidão,
Perdi a rainha.

Deitei-me ao relento,
Olhei as estrelas;
Fixei uma delas,
Tocado pelo vento.

Sussurrou vontade,
Sem o entender!!
Ouvi - a dizer...
Espero - te, mais tarde!

No silêncio e mágoa,
A nuvem surgiu;
Do alto caiu,
Uma gota de água.

Trouxe compaixão,
Molhou tensa face;
Limpei - a, sem disfarce,
Com a palma da mão.


Setúbal, 23/05/2009
Inácio Lagarto

TESOURO GUARDADO


Sonhado como tesouro,
Nasceu, entre medo;
Filho do segredo,
Gerado como ouro.

Lançado ao destino,
Criado com doçura;
Beijado, na face pura,
No berço de bambino.

De graça imensa,
Feliz de olhar fito;
Espreita infinito,
Alimenta a crença.

Segue no caminho,
Cresce na viagem;
Admira a imagem,
Reparte o carinho.

Reclama viver,
Criança que chora;
Aos pais implora,
Tem pressa em saber.

De corpo com fulgor,
É bravo rapazito;
Liberta o grito,
Do grande sonhador.

Chama em movimento,
De alma alienada;
Vontade encontrada,
É homem no momento.

Não vê realizado,
O próprio ideal;
Mistério final,
Na terra é guardado.


Setúbal, 23/05/2009
Inácio Lagarto



sexta-feira, 22 de maio de 2009

O POVO TREME


Porque o passado conheceu
No futuro acreditou
O perigo não morreu
Este presente, nada ditou


I
Estamos fartos, desta vida,
Dos génios que a governam;
Só a mentira nos deram,
Naquele jogo da escondida;
Com a partilha dividida,
O fiel Sol escureceu.
Fecham emprego que alguém deu,
O pobre, vive em aflição,
A Economia é inquietação,
Porque o passado conheceu.

II
Cuidado!... Não ande na rua!
Não existe, bom confiar;
Se há empréstimo, por pagar,
Humilde casa, não é tua,
Supremo Fisco, chama-lhe sua.
Nossa memória falou...
Triste coração acordou...
Chora Povo de saudade!
Por aquele querer de igualdade,
No futuro acreditou.

III
Voa esperança, em debandada,
Leva suor, de terna gente
Que cantava alegremente,
« Sonho - de - Abril » em alvorada;
A bandeira foi trocada,
Pelo Capital Europeu.
Fresca verdura cedeu,
Neste Mundo da Tecnologia,
Sem escrúpulos e com magia,
O perigo não morreu.

IV
Recuperou velho bordão,
Tudo promete e, pouco dá;
O coveiro, utiliza a pá,
Faz crescer a corrupção;
Da pesca e campo, rouba o pão,
A fome ressuscitou;
O Céu azul paralisou,
As estrelas, fogem do espaço,
A Terra pede, um forte abraço,
Este presente, nada ditou.


Setúbal, 21/05/2009
Inácio Lagarto





quarta-feira, 20 de maio de 2009

AGUARDO VIAGEM


Nesta encruzilhada da vida,
Preencho, tão dura, ausência;
Vagueio na multidão,
Minha dor é vencida.
Vivo em sonolência...
Procuro nova razão,
Porque senão?!
Condenava a Ciência
Abria a ferida
Que tocou meu coração!
Não sou vagabundo,
Sou filho de gente;
Não vivo de miragem
Luto no Mundo.
De corpo ardente,
Admiro a paisagem...
Tenho amor profundo!
Sofro perdidamente,
Espero, pela viagem.

Setúbal, 20/05/2009
Inácio Lagarto

A CHAMA


Nasceu a madrugada -
Acendeu-se a nostalgia;
Vem perfumada!...
Tenho pena... Não trouxe alegria!
A data faz repensar: -
Na partilha
No viver
Lembra o dia!...
A saudade a brotar,
Na solidão que se trilha,
No limiar do querer;
Forças agrestes afago
Que me fazem suportar,
Duras promessas que pago,
No silêncio a orar.
Meditando... Sigo à toa,
Agarrado a novo verso;
Bom amante, calmo, perdoa,
Minha chama... Voa
Para o Supremo Universo.

Setúbal, 20/05/2009
Inácio Lagarto

ESPERANÇA


Nunca desprezei a riqueza,
Nem ela chegou a mim;
Cresci com força e certeza,
Não pensei na ironia.
Vivi de alma acesa,
Preocupado, sem o saber;
Aprendi com a pobreza,
Caminhei à luz do dia,
A olhar, outro querer.
Abri o livro da mente,
Apaguei a palavra -«escravidão»;
O frio daquele inverno
E, o gemer de quanta gente.
Escrevi, outro presente,
Onde não more a solidão,
Em que , o sono, seja terno;
Que haja paz, sobre verdade,
Sem a miséria existir!
Rompa nova claridade,
Para o futuro florir.

Setúbal, 20/05/2009
Inácio Lagarto

segunda-feira, 18 de maio de 2009

ESCRITOS


Partilho com a Humanidade,
Estes meus cheiros de perfume;
Para que amanhã e, no mais tarde,
Calor da chama, se torne em lume.

São palavras simples... Tão singelas!...
Feridas, arrancadas ao coração!
São pinceladas toscas, sobre telas,
Vêm alegrar, frágil razão.

Escritos e pensares, duma mente,
Como, branca bandeira, desfraldada
Nesta vida, em que o Homem esquece...

As mágoas e voz , do insurgente,
Lançando, aos ventos, a espada
Ou, a água que do olhar desce.

Setúbal, 15/05/2009
Inácio Lagarto

domingo, 17 de maio de 2009

LÁ LONGE !


Naquela vastidão, ao longe,
Onde o campo nos leva,
Lugar de fraternidade,
Na encosta da serra;
Exibe: - Sinais ancestrais,
Da história!...
Espelhos vivos, com glória.
Vário produto, nos enleva,
Vindo da fértil terra,
Para o bornal e ao alforge;
Para o tarro e corcho de cortiça,
Esculpidos, pela mão, em liberdade
E, tirados por cobiça;
Vê-se abate do arvoredo,
Queimado fica em carvão;
A seara, cresce sem medo,
Vai à mesa, já em pão.
VIANA das Romarias,
Da água, a murmurar, nas fontes;
Dos mármores e olarias,
Das quintas e casas nos montes.

Setúbal, 17/05/2009
Inácio Lagarto


sexta-feira, 15 de maio de 2009

ESPOSA E MÃE










Seguiu serena, sumptuosa,
Com a MÃE maravilhosa,
Que à Terra a veio buscar;
De inocência, ficou envolta,
Na branca nuvem à solta,
Trouxe do Céu, belo beijar.

Naquele mês de Abril,
Cujo sonho, tornou-se vil
E,o sentir nos afectou;
Dia de ingrata verdade,
Derramou gota de saudade,
Porquê? Viver nos abandonou?

Sangraram, profundas feridas,
De almas sofridas vencidas,
Triste peito, tremeu de frio;
Mistério de força e coragem,
Revoltado com a viragem,
Nosso coração, ficou vazio.

Perdidos na escuridão,
Cegos de amor e de paixão,
Brindados, com Fé e espinhos;
De apatia e olhos fitos,
Olhámos a Cruz dos Aflitos,
Temendo, por novos caminhos.

Vem guiar-nos na jornada!
Ilumina nossa estrada!...
Esta queima e não se vê.
O Sol enxugará nosso pranto,
No recordar perfume e encanto,
Tu És... A esperança em que se crê.

Jamais serão, pensamentos
Esquecidos, por momentos...
Nesta Luz que nos abraça!
Sinto, sem saber se acordo,
Busco imagem que recordo,
Da frescura, de esbelta graça.

Setúbal,15/05/2009
Inácio Lagarto

quarta-feira, 13 de maio de 2009

NEM TUDO É RISONHO


Planeei fábrica e rua,
Fiquei a olhar o espaço;
Minha vida, era tão nua,
Nela, faltava o abraço.
Filho varão, macho herdeiro,
Dum sonho e ilusão;
Rejeitei ser oleiro,
Senti fugir obrigação;
Caminhei no caminhar,
Naquele sono, não adormeci;
Criei força, quis lutar,
Noutro viver prossegui.
Partilhei do inventário,
Lancei à terra semente;
Certo dia, fui bancário,
A Primavera foi gente -
Colhi fruto, por pertença.
Quando alimentava a mente...
O que foi Sol, voltou sentença!


Setúbal, 13 de Maio de 2009
Inácio Lagarto


ZELADOR


Há vidas, para serem vividas,
Que um dia, nos foram doadas;
Trémulas vagas vencidas,
Em forças adormecidas
E, no tempo abençoadas.
Numa manhã em que flameja,
O corpo, não pôde parar;
Com esplendor que se deseja,
Na idade que tudo beija,
Não deixou de caminhar.
Fecunda luz, tornou-se cega,
Levou meu puro perfume;
Quando o destino não se pega,
Até a verdade se nega...
Criou em mim, um azedume!
Cheguei ao fim, da estrada,
Se sonhei, eu já não sei;
Perdi coragem na jornada,
Pela SAUDADE eu ZELAREI.


Setúbal, 12/05/2009
Inácio Lagarto

segunda-feira, 11 de maio de 2009

CIDADE SEM TEMPO


Beleza de Terra e Mar!
SETÚBAL - Da Arrábida maravilhosa;
Mergulha Baía de sonho,
Num Estuário, sem par!
Berço: -
Da, lírica, Luísa Tody - A famosa,
Do Poeta, notável e ladino,
Bocage - «O Elmano Sadino»;
É a Foz do Rio risonho!
De calmas praias - divinais -
Que espraiam na Natureza,
De água pintada de Azul;
Tem faina e campanhas, verdadeiras,
Com engalanadas traineiras,
Na corrente, vinda do Sul.
Cidade antiga e de Monumentos,
Recorda, velhos momentos -
Sinais de progresso e grandeza;
S.Filipe olha... Da Fortaleza!
Memória de Tempos Reais -
Que despertam, nova certeza,
A não esquecer jamais!

Setúbal, 11/05/2009
Inácio Lagarto

NOSSO LIVRO




Tiranos são os destinos,
Entre vidas interrompidas,
Quando ilumina a chama,
Naqueles sonhos de meninos;
Mais tarde, são saudades sentidas,
Da árvore que perde a rama.
Sou apenas um veleiro,
Na procura do firmamento;
Folha perdida, na ilusão,
Por paixão!!!
Navegando, com nevoeiro!
Tenho e não sinto o pensamento,
Nesta minha indecisão;
Afectos! São memórias!...
De almas em estilhaços
Que recolhem, alguns pedaços,
Para o livro das histórias.


Setúbal, 10/05/2009
Inácio Lagarto

TERRAS DE SONHO E CANTO


Minha Província é ALENTEJO,
Terras de doce cantar!
Planície de trigais,
Do gado e seu pastorar;
Floresce sonho e desejo,
À sombra do arvoredo
E, sob copa dos olivais.
De casas, caiadas, de branco,
Realçam, no seu flanco
Listas, em ocre-amarelo,
Com raios do sol-belo
Ou, de azul -
Sinais do Céu e do Sul!
No pé, brotam semente,
Fazem, portadas, brilhar;
Protegem do calor ardente -
Deixam a vida entrar...
Alegram a boa mente!
Da mágoa oculta -
Segredo desperto;
Usam, da força astuta,
Em momento certo.

Setúbal, 09/05/2009
Inácio Lagarto

É BELA A NATUREZA!


A Natureza dá vida,
Nela, guarda segredos;
Numa emoção sentida,
Vai toldando, os seus medos.
-
Entre montanha e mar,
Há campo verdejante;
Corre rio devagar,
Naquele receio constante.
-
Beleza primitiva,
Na planície em flor;
Numa valência altiva,
Oferece... Espaço de cor!
-
Pinta, com toque de magia,
Toda a fauna e flora;
O Sol que irradia,
Com a tarde, vai embora.
-
Esconde-se. no morro e colina,
Ao longe, no horizonte;
A imagem nos ensina,
Como gotejar da fonte.
-
Acordam os descampados,
Os ventos sussurrando...
Pelas chuvas, são regados
E, o solo, vão beijando!
-
Rompe nova esperança,
Neste painel sereno;
Génio de confiança,
Neste nosso, Bem - Terreno.
-
Gritam as madrugadas,
P´la força da verdade,
Com amor regressadas,
Elas, nos dão lealdade.
-..-

Setúbal, 07/05/2009
Inácio Lagarto

quarta-feira, 6 de maio de 2009

AMARGURADO


Como difícil é o viver,
Em cumprir tão dura sina;
Vai rolando, sem o saber,
Minha mente, tudo imagina.

Sigo na vida, amargurado,
Vou correndo, sem parar;
Se, do rebanho fui tirado,
Quis ser livre e pensar.

Saltei por vales e montes,
Construindo, um novo rumo;
Tirei água, de várias fontes,
Na chaminé, cheirei o fumo.

No Alentejo, subi à serra,
Adormeci, junto ao Castelo;
Olhei a cal, tosca, da terra,
Até sargaço ficou mais belo.

Senti o sonho de criança,
Palmilhei, calçada da rua;
Vi o branco da confiança,
Na casa a fitar a Lua.

Como um grito, no chamamento,
Aquele tempo, jamais se cala;
O Céu Azul, ficou cinzento,
Trouxe silêncio, como fala.

Para trás mora saudade,
Lutas férteis, na memória;
Folhas secas da mocidade,
Trazem escritos da história.

Neste querer, vou partilhando,
Fazendo, sem nada fazer;
Pouco ou nada, vai sobrando,
Do que foi, meu amanhecer.

Viana do Alentejo, 03/05/2009
Inácio Lagarto

CONCELHO DO ALENTEJO


VIANA se revela,
O Sol incendeia;
A planície é bela,
A Terra nos enleia.

De gestos intactos,
No saber-fazer;
São muitos os factos,
Do Poder e Querer.

Concelho com alma,
Oferece artesanato;
Pela tarde calma,
Adocica o prato.

Com aspecto grosseiro,
Fabricam os chocalhos;
A louça do oleiro,
Ou, vergam nos trabalhos.

No campo e montado,
Em searas ao vento;
Rebanhos de gado,
Pastando ao relento.

O queijo e almece,
Sublime tradição;
Olival floresce...
Bom vinho, rico pão!

Raízes ancestrais
E, religiosas;
Fixaram sinais -
Memórias famosas.

No cantar ufano,
O sofrer lamenta;
Povo Alentejano,
De mente atenta.


Viana do Alentejo, 03/05/2009
Inácio Lagarto