domingo, 28 de setembro de 2014

MERGULHO NOS SONHOS



Mergulho nos sonhos,
nos sonhos, vou vivendo!
Minha mente divaga...
desta fonte, estou bebendo.

Encosto-me aos relevos da Serra,
sinto o ofegar dos seios
numa ternura com vida.
Vejo namorar, flores com matagais;
o acasalar, das lindas aves,
que vão povoando a terra.

A luz do luar é calma e nua
quando o sol se vai deitar.
As estrelas ficam piscando,
em segredo, observando a rua.
Na palidez  da noite
contemplam a aventura!
Um inferno, uma candura,
uma sombra sonhadora.

Ao acordar da viagem
quantos frutos semeados
...quantos sargaços colhidos!
No alimentar da miragem...

Mergulho nos Sonhos.


Setúbal, 28/09/2014
Inácio Lagarto

Neste manto de areia
palpita meu coração;
Na viagem que ondeia,
na praia que ficou meia
ou quando piso...verde chão.


Setúbal, 28/09/2014
Inácio Lagarto

sábado, 27 de setembro de 2014

SOU FILHO DO BARRO


Sou filho do barro!
Caminhei na roda da vida
por entre ramagens sem fim,
na busca da liberdade.

Da terra, trago ambição,
dos altivos sobreiros;
das searas ondulantes,
onde os homens arrojados
fazem do trigo, belo pão.

Cresci com a frescura
da videira a florescer,
quando o sol está no alto.
Cheiro, ainda, o rosmaninho 
pedindo ao alecrim
que sopre... devagarinho!
Não abafe o Amor.

Trepei na árvore do sul,
bebi na corrente solta;
da calçada fui amigo...
olhando o céu azul.

Sou filho do barro.



Setúbal, 27/09/2014
Inácio Lagarto
Procuro união sonora
fugindo às palavras tolas,
não esquecendo a horta e nora.
Política aqui não mora!
Faço brilhar rubras papoulas.



26/09/2014
Inácio Lagarto

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

MEDITANDO


Escrevo. Fala mente com o peito,
ouço a voz do coração.
Escrevo para saciar saudade,
saudade sem defeito
que vibra pela emoção.
Não peço licença à falsidade!
Escrevo para calar suspiros,
esquecer aves de rapina voando...
na noite fazendo giros
e na manhã, desfazem o bando.
Corvos, morcegos, formam realeza,
comem as migalhas, ao pobre, da mesa;
no silêncio escrevo, medito...
sobre avareza que faz cegar!
Podendo a vida musicar
...Poema que não foi dito.


Setúbal, 26/09/2014
Inácio Lagarto
Sou rio, fujo das margens
correndo, para o mar!
Venho da planície
sonhando, nas paisagens,
tenho pressa...quero chegar.

Inácio Lagarto

terça-feira, 23 de setembro de 2014

SOLO FÉRTIL


 

 







 Mágica árvore ramificada,
  com verduras, tão diferentes, tão iguais,
  perfumando bela gente
 Vem dum colo florido,
 em berço, Alentejano, contruído.
 Cultura...é paixão partilhada!
 Fruto das artes, saberes ancestrais,
  guardados na glória, para o presente.





        
Viana, Alcáçovas e Aguiar
 ...trilogia sonhada em laço!
 No afago, querer e amor;
 beijada pelo sol e luar,
 dormindo paisagem...em tapete de flor.
 Cantando alegria, esplendor,
 vestindo sonho, num abraço.






 


                Solo fértil de poesia eleita
                entre palavras e carinhos;
                ceifando trigos, cortando espinhos,
                colhendo inspiração perfeita
                aonde se lavraram...Pergaminhos.





Setúbal, 22/09/2014
Inácio Lagarto
Ditosos Filhos do Alentejo
cujas raízes jamais esquecem.
Como Florbela outros não vejo!
Sofrida, na saudade e desejo
dos campos, sonhos... que florescem.


Inácio Lagarto

domingo, 21 de setembro de 2014

CAMPEÃO


Jovem corre e luta...
colhe, guarda teu pão;
o sonho cresce e floriu!
Ilumina tua labuta,
ergue troféu, Campeão
que a vitória sorriu.


Setúbal, 21/09/2014
ILagarto

PRECISO LUZ


Chama da mocidade é fraca e sentida,
Sonhar, Viver, não sei quem a apagou;
sorte floria... maratona findou.
Fez parar corrida na subida!
Restam paisagens, amigos, liberdades,
cores e o brilho dos espaços;
saberes e o querer dos ternos laços,
palavras que afagam...saudades.
Noite de Outono, tarde cinzenta,
esperança esfria...sofre tormenta,
futuro incerto, dura melancolia!
Palpita, no peito, coração de gente
por paixão, traição, pedindo à mente.
Preciso Luz...nesta sombra sombria!



Setúbal, 21/09/2014
Inácio Lagarto

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

FITANDO O HORIZONTE

Vou perguntando ao mundo
quero saber do seu pensar!
O sonho viaja moribundo,
a verdade bate no fundo
a Paz, tarda em chegar.

Vivem horas em cansaços,
o vento sopra, traz noite fria
...solidão cala laços.
Folhas caídas, apertam abraços,
tempo incerto nada cria.

Sigo e fito o horizonte
vejo o silêncio correndo;
o brilho do sol da fonte
com o verdejar no monte...
onde a seara está crescendo.

São jardins na amizade
gerando frutos risonhos!
Não há canteiros de falsidade
nem espinhos de vaidade
ali florescem... Sonhos.

Com Mistério mora o sentir
na existência do Ser.
Partilham o repartir
da riqueza e do porvir
Acreditando ...no Vencer.


Setúbal, 17/09/2014
Inácio Lagarto
Pensamentos são pendurados
na corda em noites chuvosas;
pelo vento são enxugados,
em silêncio são passados...
ficam com perfume de rosas.

ILagarto

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

PERGUNTA AO TEMPO


Com o tempo fui falar
quis saber da minha idade.
Se, no tempo, devo poupar
e com tempo partilhar...
a força da fraternidade.

O tempo ficou calado!
Do tempo, nasceu a luz.
Vive teu tempo e sê amado,
tens o tempo calculado...
que o tempo não se reduz.

Tens um tempo florido
dando tempo ao brincar;
um aprender colorido
cujo tempo é medido...
com a fita do sonhar!

No tempo escreveu Galileu
sobre estrelas e espaços.
Aristóteles, em tempo seu,
filósofo e poeta deu...
Aos Saberes - estenderam Laços.

O tempo brilha na primavera,
mostra ao tempo, verde e amarelo.
Trepa no tempo a rude hera,
ruge o tempo, lembrando a fera.
O tempo sem tempo...é Belo!


Setúbal, 11/09/2014
Inácio Lagarto

Os pensamentos nos guiam
aos sabores, sentir a vida
...vozes no tempo se calavam!
Quantas perguntas fariam
sobre a dor, força perdida
que entre brasas queimavam.

Inácio Lagarto

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

OUVINDO A CIDADE

Bati à porta da cidade,
quis calar o coração;
sei da força, sei da idade,
quando fala a saudade...
sei onde mora a razão.

Só não sei da estrada,
em que viaja amargura.
Sei eu sei, tudo foi nada
no galopar na cruzada,
nesta cidade...com lisura.

Mandei a vida rimar
quando silêncio serenou;
sei que ouvia a voz do Mar
em que o Rio vai beijar...
só sei que o meu Eu sonhou!

Palmilhei ruas, travessas,
Avenidas, becos e ruelas;
sei sabendo das promessas,
das Conserveiras dispersas...
do Povo falando delas.

Como quem traça planos
desenhei sentir assim;
sei que nuvem causou danos,
só sei que alimentei anos
como quem rega jardim.


Setúbal, 10/09/2014
Inácio Lagarto

Bem sei que o céu é azul
Bem sei que o sol tem luz quente;
Bem sei que o Sado vem do sul
Bem sei que a Serra refresca a mente.


Inácio Lagarto

terça-feira, 9 de setembro de 2014

QUADRO NÃO ACABADO



Fui criando no sonho.
Guardo a aguarela pintada,
com verde, azul e rosa, na tela,
luz da estrela em movimento.
Sinto saudade que ampara
a força perdida na mente,
da donzela que na vida baila,
num tempo que não apaga
nem o grito que não aceito.
Quero ver co mo mesmo olhar, 
a memória e o lugar...
para terminar tão belo quadro!

Eis a voz, eis as cores, eis a calma,
eis que o real ficou longe
e os tons são escuros, sem alma.


Setúbal, 09/09/2014
Inácio Lagarto




sábado, 6 de setembro de 2014

ECOS DO PASSADO


Nasci no Alentejo profundo
entre a serra e a planície dourada,
em que sangram os sobreiros.
Sou filho do campo e do mundo!
Trago na mente a casa caiada,
a alegria da escola, dos amigos verdadeiros;
a poesia da lavoura e dos ceifeiros
...da terra a arder em brasa!
Dos guizos a tilintarem no gado,
da olaria, da esbelta bilha com asa,
do rio Xarrama, a levar água para o Sado.
Dos cantares, em grupo, por expiração
em que choram, com frases, o cansaço,
buscando a libertação
e dando à vida um abraço.

Brinquei no castelo, sou urbano!
iluminei-me à luz da candeia,
tirei do poço a água fria
...reli no silêncio o sonhar.
Senti o vento do sul
e a luz do sol Alentejano;
ceifei o trigo e a aveia,
palmilhei calçadas com magia,
ouvi bela  cigarra a cantar.

Trago ecos do passado
e da noite, contos ao serão!
Com o coração resignado
lavro poemas, com cuidado,
deixo ao ver... nova visão.

 
Setúbal, 06/09/2014
Inácio Lagarto

Estórias do tempo falam
daquilo que ontem fomos;
cujo presente não calam
a existência que somos.

Setúbal, 06/09/2014
Inácio Lagarto

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

SAUDADE


Em Maio floriram certezas
desde a Vila à Cidade;
transportaram sonhos e abismos
na força da mocidade,
com querer e ideais...eleitos em firmezas,
na subida e descida, sempre presentes!
Unidos na caminhada, com curvas e rectas
que em Setembro selamos com mimos.
Hoje sigo amparado mas, sozinho!
Cada um alcançou novas metas,
em que haverá encontro de mentes
para reconstrução do ninho.
Sem acerto de hora
...haja frio ou calor,
na procura da razão;
como fizemos outrora
elevaremos a paz e o amor,
no  mesmo desejo  e paixão.

Cada dia é tão diferente
com um tempo para aprender,
na fome insatisfeita que senti!
Na turva água da corrente,
na procura que ficou por dizer
para cumprir destino aqui.

A poesia protege o cansaço
que beija a saudade e afaga...terno abraço.


Setúbal, 04/09/2014
Inácio Lagarto


terça-feira, 2 de setembro de 2014

CONVITE

Vindo ver, à minha cidade
aqui e além, tanta beleza,
- neste Rio,  nesta Serra, sem idade,
uma tentação, à nossa mesa.

Setúbal, 01/09/2014
Inácio Lagarto

SETEMBRO


Setembro tempo de vindima
vai calando o luar de Agosto
que ao desejo se entregava!
Com as férias no pensamento,
neste barco que se estima
no regresso ao trabalho, com gosto;
como quem a vida lavra
...surge força de encantamento
naquele crer que sonhava.

Homem rico de geração
vive de esperança  no outono;
semeia sonho verdadeiro,
enche a adega e guarda o pão,
da alegria torna-se dono
veste o fato domingueiro.

Tantas horas são caladas,
 quantos sonhos se queimaram
nesta mudança de estação!
Ficam cidades e vilas abandonadas
pelas praias que chamaram
para o sol de verão.

Encontra-se de novo o caminho
pisando as pedras das ruas,
colhido que foi o pão e o vinho!
As raízes são todas suas.



Setúbal,01/o9/2014
Inácio Lagarto