sábado, 6 de setembro de 2014
ECOS DO PASSADO
Nasci no Alentejo profundo
entre a serra e a planície dourada,
em que sangram os sobreiros.
Sou filho do campo e do mundo!
Trago na mente a casa caiada,
a alegria da escola, dos amigos verdadeiros;
a poesia da lavoura e dos ceifeiros
...da terra a arder em brasa!
Dos guizos a tilintarem no gado,
da olaria, da esbelta bilha com asa,
do rio Xarrama, a levar água para o Sado.
Dos cantares, em grupo, por expiração
em que choram, com frases, o cansaço,
buscando a libertação
e dando à vida um abraço.
Brinquei no castelo, sou urbano!
iluminei-me à luz da candeia,
tirei do poço a água fria
...reli no silêncio o sonhar.
Senti o vento do sul
e a luz do sol Alentejano;
ceifei o trigo e a aveia,
palmilhei calçadas com magia,
ouvi bela cigarra a cantar.
Trago ecos do passado
e da noite, contos ao serão!
Com o coração resignado
lavro poemas, com cuidado,
deixo ao ver... nova visão.
Setúbal, 06/09/2014
Inácio Lagarto
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