terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

NA ENCOSTA DA SERRA


Subi pela encosta da serra,
lá do alto, fixei o olhar...
admirei o belo na Terra.

Os sonhos escalaram os céus
e pensam no madrugar...
recebem a luz de Deus.

Alentejo dos montados,
de povo com alma a brilhar
e por irmãos são roubados.

Viana, Mãe soberana,
com memória a evocar...
em paisagem alentejana.

A chuva alegra a vida,
o sol a tempera, devagar...
tornam a razão florida.

Tem hortas e laranjais
dando chama ao falar,
regados por poços nos quintais.

Traz no tempo a olaria,
peças raras no moldar...
por mãos com galhardia.


Setúbal, 26/02/2020 
Inácio José Marcelino Lagarto


segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

A SENHORA D´AIRES NOS ENLAÇA


Vamos com fé a Viana,
tão belo Castelo visitar,
na planície alentejana.

Beber nas calmas fontes,
da água fresca a brotar...
olhando de perto os montes.

Um concelho de eleição,
com voz pura no seu cantar,
na partilha e na paixão.

A Senhora D´Aires  nos enlaça
com amor no Seu Altar,
à vida estende Sua Graça.

Pisar as calçadas das ruas,

sentir o sol a brilhar...
sobre casas caiadas e nuas.

Ver o arvoredo verdejante

entre o trigo por  ceifar,
em esperança triunfante.

À noite a saudade renasce

e a luz murmura ao luar...
beijando a sombra, desfaz-se.

Setúbal, 24/02/2020

Inácio José Marcelino Lagarto

domingo, 16 de fevereiro de 2020

SETÚBAL TEMPLO DE LABOR


Ir ao rio com a rede pescar,
lançá-la como terno manto
deixa sorrir o calmo olhar.

Quando no clima surge vendaval
e vem derramar nosso pranto!
Penso que ninguém é imortal.

Fixo as margens da terra,
com a mente em desencanto
peço protecção à serra.

Setúbal, templo de labor,
sempre risonha de encanto
para seus filhos, com igual amor.

Banhada por Baía tão bela,
cujo golfinho salta tanto!
Pintada sobre uma tela.

Cidade de rara beleza,

brilha luz em cada recanto,
mostrando real pureza.

Traz do berço os laranjais,
nos versos, do povo, o canto!
Em que os sonhos aquecem mais.

Setúbal, 17/02/2020
Inácio José Marcelino Lagarto


quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

CANTA À VIDA

 O Alentejo verdejante
cria no tempo rica semente
ao calor do sol brilhante.

É regada pela água
que brota do céu em corrente! 
Vem lavar a velha mágoa.

Nasce a espiga dourada
e, ceifada na terra ardente
torna em farinha abençoada.

Como grão alimenta a vida

dando força à alma presente!
Cala a tristeza erguida.

Este pão da Natureza
alegra o pensamento que sente!
Mata a fome na nossa mesa.

O homem canta em seu louvor
e à paisagem diferente!
Agradece à faina com terno amor.

Companheiros na amizade
saciam a bonança com a mente!
Em fraterna liberdade .




Setúbal, 12/02/2020
Inácio José Marcelino Lagarto

domingo, 9 de fevereiro de 2020

POETISA ALENTEJANA



Alentejo de solo fecundo
pede para ele um lindo Museu
a fim de ser glorificado pelo mundo,
com espólio da filha que ali nasceu!
Florbela Espanca - a Poetisa,
mulher sonhadora de Vila Viçosa.
Escritora de imagem forte e concisa,
Alentejana  versátil e graciosa.

A
paixonada ao longo do caminho,
usou do versejar no pensamento
e tratou a palavra de mansinho...
no seu hábil movimento.
Sentiu na razão a saudade
sem direito à mente a indagar!
Sofreu de amarga ansiedade
esquecendo a vida por afagar.

Na ausência, aconchego dos laços
procurou na escrita terna presença!
Nela alimentou  jovens cansaços, 
em cujo viver lavrou a sentença.
Serviram de conforto e inspiração,
na claridade da frase a rimar
jamais calaram a voz do coração,
trazendo ao sentir o triste chorar.

Falou de coisas intangíveis,
bebeu no cálice imaginário
tornando-os em segredos sensíveis
sobre tão sofrido, penoso calvário!
Assim, atormentou  tamanha dor
ao fragmentar ilustre destino,
acreditando, fielmente, no amor
tornou imortal o sonho ladino.


Setúbal, 10/02/2020
Inácio José Marcelino Lagarto





terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

RIMA ESPECIAL

(Omitindo a vogal "u")

Com esta rima especial
e de palavra imortal
sigo na vida versejando,
belos poemas elaborando
entre mágica fantasia,
acende-se a candeia ao dia.
Assim, são criados com paixão
como o campo dá o pão...
floresce ao sol na terra
e ceifado ao longo da serra
em cortejo alentejano
pelo solo por vezes tirano.

O globo brilha demais,
somos filhos depois pais!
Fazedores de opinião...
de lágrima e de coração,
companheiros do labor
não profanando o amor.
Bendizemos a fé cristã
como  homem de  raiz sã,
amantes da pesca e do mar;
libertadores no doce cantar
sempre fieis ao sonho
de corpo forte e risonho.

Navegadores em caravelas
pintámos paisagens nas telas
mostrando glória, valentia;
com alma e galhardia
atravessámos fronteiras;
deixámos nas pátrias bandeiras
como história nacional.
Modelando tão nobre ideal!
Abril traz esperança,
sem fome, melhor confiança
às vozes repletas de chama...
de cravo ao peito! O Povo aclama.


Setúbal, 04/02/2020
Inacio José Marcelino Lagarto

SE UM DIA PUDESSE

(Omitindo a vogal "o")


Se um dia pudesse
saciar minha frescura;
talvez a vida falasse
da patilha entre ternura.

A amizade era sentida,
jamais seria inventada;
daquela experiência vivida
para mais tarde ser quebrada.

Neste escrever e balançar
caminha a paz na certeza!
A desencadear e a rimar
a fim de acalentar firmeza.

De caneta e de ideais
seguem frases pela estrada;
caiem lágrimas especiais
numa página trabalhada.

A alma fica iluminada
pela luz na terra erguida;
da santidade libertada
naquele raiar perdida.

De imagem bela e perfeita,
criada de palavra a silabar!
Sempre à dureza sujeita
para um fácil divagar.

Setúbal, 04/02/2020

Inácio José Marcelino Lagarto




segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

ETERNO ENAMORADO

(Omitindo a vogal "i")

Gostava de gostar do sonho,
daquele quadro que se perdeu;
ele não era mau nem medonho
guardado no espaço que é meu.

Usava o pensamento
como arte abstracta!
Lavrada em certo momento
como aguarela sensata.

Era eterno enamorado
daquela árvore no monte;
olhava o campo cansado
ao ver a água a brotar da fonte.

Faz tremer o coração
aquela terra de cultura;
fala o amor com emoção
de uma data futura.

A mente a razão consola
ao despertar a cor verde;
o preto na sombra desola!...
Ao olhar de longe se perde.

A verdade o talento encanta
quando a luz acende no céu!
Uma voz suave canta...
embrulhada em tule véu.


Setúbal, 04/02/2020
Inácio José Marcelino Lagarto

ACATAM A VIDA COM AMOR

(Omitindo a vogal  "e")

Acatam a vida com amor
numa força original;
abraçam a rara, nativa flor
com o raio do sol matinal.

Nos braços imaginários
cujos sonhos são guardados
caminham unidos nos fadários
para campos, risos lavados.

As plantas já cansadas,
com o coração a florir
ficam as sombras molhadas
numa pintura a ruir.

Folhas com paixão  ao criar
no hábil quadro das fantasias;
pintam um pássaro a voar 
ao som das calmas harmonias.

Caminha na calçada da rua
um lindo cão ao luar!
Fugindo da figura à porta nua
com o corpo a cintilar.

Marulham as ondas do mar,
sussurram gritos mortiços;
ficam no grupo a pairar
como sinais puros, noviços.


Setúbal, 02/02/2020
Inácio José Marcelino Lagarto

OMBRO CONSELHEIRO

(Omitindo a voga "a")

Tenho sorte em escrever
sonho diluído, diferente,
com  é bom poder viver!
No tempo encontro o presente.

Sou duro como o ferro,
luto por quem nos conduz;
erguido no cimo do cerro,
crente, firme em Jesus.

Juventude sublime fé
que sinto pelo Mestre e Senhor.
Bebo do Filho de José,
bendito por terno fervor.

Crescem sorrisos no mundo
por quem foi pobre e Menino;
com Ele floresce o verbo fecundo,
fomentou seguro destino.

Tornou-se Homem e defensor
dos oprimidos e, de quem tem fome.
Esgrimiu entre os ditos de dor,
correu do Templo todo o que dorme.

O rio é veloz no compreender,
num ritmo timoneiro;
inteligente no seu vencer,
tem em Deus… ombro conselheiro.

Setúbal, 02/02/2020
Inácio José Marcelino Lagarto