terça-feira, 29 de novembro de 2011

F A D O


O Fado é cantado, bebe nas fontes,
jorra para a rua o seu belo julgar.
Conquista corações, dá projecção ao pensar!
Galga fronteiras... chega aos horizontes.

É Nosso e do Mundo este terno fado!
Angelical no tempo, canta a nostalgia;
rico na voz, na música... fala de poesia
ao som das guitarras, tão bem acompanhado.

Beija a noite, o sonho, com amor ou loucura...
lava o pensamento e a tristeza com doçura;
seca da vida. a gota, junto da ribeira!

O solo do Globo andava distraído
deste trinado que no Povo é sentido...
cuja razão foi florescendo, à sua beira.

Setúbal, 29/11/2011
Inácio Lagarto

sábado, 26 de novembro de 2011

MISTÉRIOS GUARDADOS

Envolto em labaredas ou lume brando,
meu silêncio representa a esperança;
na vida, na fé, no amor, com confiança
e neste dormir bem acordado... vou sonhando!

Tudo que nos cerca remomoro, no momento
e da mente... ouço e leio doce segredo!
A existência caminha por denso arvoredo,
nem sente o sussurrar das folhas ao vento.

Estrelas do céu estão gritando ao luar!
Aquela, lá longe... não a deixam brilhar!
A noite está fria, resfria na solidão.

Há vaidade cerrada de vagos desejos...
amargos de boca perdidos em beijos,
mistérios guardados sem alma... nem paixão!

Setúbal, 26/11/2011
Inácio Lagarto

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

CORTEJO DA VIDA

Neste saltar de galho em galho
o Ser, vai construindo o destino;
com queda, um arranhão ou um pino,
procura no tempo... belo trabalho.

No cortejo da vida, há um sol
para aquecer, a vela da paixão;
ao livro, ao emprego, estende a mão
na noite fria à luz do farol.

A árvore do sonho está ao vento,
ao temporal e aos ais num lamento...
lutando pelo brilhar da vontade!

A razão e o querer não se calam,
o sentir e a sombra connosco falam...
como estrela amiga, da verdade!


Setúbal, 20/11/2011
Inácio Lagarto

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

CAMPOS DE OUTRORA


Aos campos de outrora
estamos regressando;
a pobreza implora
a fome... está voltando!

Cresce vaidade humana
o belo sonho levou;
na força alentejana
resta a terra que guardou.

Ref.
Vamos lá gritando
elevando a voz!
Somos a candeia
que deixou a Aldeia
e de peito lutando...
no querer de avós.

A vida livre da Cidade
neste tempo já ruiu;
vai rompendo a saudade
da Vila quando partiu.

Aqueles campos verdejantes
voltam, de novo, a florir ;
nos tronos, falsos falantes
tramam o povo... a sorrir!

Ref.(...)

Setúbal, 13/11/2011
Inácio Lagarto

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

VERSEJANDO

Nesta longa cruzada
a pulso vou subindo!
Lá longe...ficou a estrada
sem o rumo estar findo.

Eu cultivo os afectos
na procura do saber;
debaixo de belos tectos
sigo e luto...pelo viver.

Aqui e ali...surgem sarilhos
que nem eu sei entender!?
Fico preso em espartilhos
com saudade... do escrever.

Quero apenas partilhar...
velho sonhar, vou relendo;
as linhas do meu versejar
são o que fui e vou sendo.

Não sou poeta nem escritor!
Adorno...o conhecimento.
Sou aquele fazedor
que pinta o tema...no momento!

Setúbal, 11/11/20(11)
Inácio Lagarto

TEMPORAL

Tempos tristes, na vida, vão rolando
neste barco, sem rumo, em movimento;
são erros causados, com tal lamento,
que o temporal, com ondas, foi formando.

Houve vaidade, cobiça, dos seres reais
do mar passado, esqueceram lição!
Deitaram-se às águas com ambição,
tratando almas... como desiguais.

Foram searas abandonadas;
salinas são doces, não salgadas
e o sol do sonhar... arrefeceu.

As fábricas e oficinas fecharam,
vozes nas ruas não se calaram
e o madrugar... desapareceu!


Setúbal, 10/11/2011
Inácio Lagarto

terça-feira, 8 de novembro de 2011

UNIÃO DO POVO

Meu Alentejo, quente, de cantigas
Viana olha... para lá dos montes!
Mostra paisagens... correntes das fontes,
ao mundo... as suas artes antigas.

De Alcáçovas brota o amor
formando trilogia sentida
...a força do querer é repartida 
com Aguiar, no belo esplendor!

Entre montados e verdes trigais,
há sonhos e sabores desiguais
e a religião... acende uma luz!

União do povo, vive presente,
na alma e anseio desta gente
a que a faina da terra... nos conduz.

Setúbal, 08/11/2011
Inácio Lagarto

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

JOAQUINA "DA AZENHA"


Força da querer e lutar
foi mãe e grande obreira;
o amor soube abraçar
com os filhos à sua beira.

I
No Alentejo nasceu
numa horta com azenha;
esculpida numa penha
um lindo sonho teceu.
Na olaria cresceu
subiu à árvore para brincar
cedo foi seu trabalhar
lavou roupa no rio
aceitando desafio...
força de querer e lutar.

II
Abraçando a viagem
bela de porte e graciosa;
naquela idade viçosa
mudou campo e paisagem.
Na Vila adornou imagem,
não deixou de ser ceifeira;
ripou fruto da oliveira,
tratou da casa...e do dia
sempre com fé e alegria
foi Mãe e grande obreira.

III
Trouxe do tempo a monarquia
com Rei a governar;
viu república implantar
e na vida se erguia.
A riqueza, essa, fugia
nunca perdendo o sonhar;
longo foi o caminhar
...tantos rebentos ao mundo deu!
Uns viveram...outros perdeu...
o amor soube abraçar.

IV
Quase cem anos festejou
contanto velha estória
registada na memória...
à família a divulgou!
Na escola nunca andou,
em casa foi costureira...
esta Mulher maravilha
...do barro alimentou a ilha
com os filhos à sua beira.


Viana do Alentejo, 02/11/2011
Inácio Lagarto

terça-feira, 1 de novembro de 2011

E S T Ó R I A S

Mote
 
Outubro... é mês de poupança
criada... por sementeira;
Dia dos Santos traz confiança
no Natal... junto à lareira.

I
O inverno quase a chegar
com castanhas e bom vinho;
para aquecer o caminho
o povo sabe perdoar
a quem nos tira o pensar!
Faz-se saldo à mudança
nos pratos da balança,
à experiência vivida
de liquidez prometida
Outubro... é mês de poupança.

II
É sonhado outro querer
recolhido no prometido
sem lucro.. ser dividido.
Alguém ficou a dever
escondeu nobre haver
com habilidade sorrateira.
Decerto... houve asneira
ao lavrar mal a terra
pela cobiça que nela encerra
criada... por sementeira.

III
Chuvas começam a cair
os campos ficam molhados
deixam sonhos amordaçados
folha do tempo perdeu florir...
o frio da alma vem pedir
ao Novo Ano bonança
...renasça esperança
cujo presente pesa no ombro!
O País sofre de assombro
Dia dos Santos, traz confiança.

IV
Todos os meses guardam segredos
deles falam com estórias;
sempre de boas glórias
carregando alguns enredos.
Entre receios e medos
a vida é passageira;
com amor à nossa beira
e de passados revoltados...
os planos são renovados
no Natal... junto à lareira.

Viana do Alentejo, 30/10/2011
Inácio Lagarto