sexta-feira, 28 de maio de 2010

TRISTE SORRISO


(estribilho)

Dá-me a tua mão amigo
Levanta-te e vem lutar;
Porque o nosso inimigo
Quer nosso sonho calar.
1)

Conseguimos a liberdade
À custa da Bela União;
Com palavras de falsidade
Vão-nos roubando o pão.

A razão anda perdida
Falta ao tempo pouco juízo;
Tira as algemas da vida
Acorda, do triste sorriso.

(estribilho)
2)
Segue o mundo constipado
E quem governa vende ilusão;
Nosso campo não é cultivado
Alma do povo sem paixão.

Qualquer dia és um mendigo,
Abstracto do caminho;
És castrado no umbigo
E o universo fica sozinho.

(estribilho)

Setúbal, 28/05/2010
Inácio Lagarto

quinta-feira, 27 de maio de 2010

DOCES MÃOS


Todos falam
Todos pensam
Nada dizem
Todos esquecem
Mãos de labor
Doces e rugosas
Que trabalham a terra,
Na fábrica, no escritório,
Sofrem
Como outras de igual valor
No criar riqueza
Mãos famosas.

Mãos que rezam
Colhem os frutos
Acarinham
Amparam os filhos
São do povo
Servem de manto
Enxugam o pranto
As ilusões
Legam futuro
E um sonho novo.

Mãos
Da claridade
Lavam a liberdade
Tocam em seus irmãos.

Setúbal, 26/05/2010
Inácio Lagarto

terça-feira, 25 de maio de 2010

PORQUÊ?


Porquê?
Palrar ao vento
De boca e mão sem rumo
Abdicar do pensamento
Que foge no ar como fumo.

Porquê?
Tanta vaidade
Desunião
Ofuscam a liberdade
Só pode ser por maldade
Ou apenas humilhação.

Porquê?
Tanta promessa
Agonia
A pobreza não cessa
Na riqueza tropeça
Ela sonha em mais - valia.

Porquê?
Crise sentida
Como a cigarra não cala
Roubam emprego e lida
Pouco a pouco a vida
Qualquer dia o Ser não fala!

Porquê?
Parar a viagem
Destruir os ideais
Dêem luz à paisagem
Nesta cinzenta imagem
Queremos ancorar no cais!


Setúbal, 25/05/2010
Inácio Lagarto

segunda-feira, 24 de maio de 2010

SILÊNCIO


Perdido que foi o sorrir
Iludem povo e só mentem;
Resta ao combate... resistir
Os perigos não serenam e sentem,
Floresce perto a tempestade
Neste tempo... não convencem!

A madrugada acordou gente
Calou silêncio, mudou tom;
Cobiças ferem avidamente
Amordaçam vidas e som
Tratam futuro sem claridade
Dum presente que não é bom.

Perdido que foi o sorrir
Cresce ódio por companhia;
Resta ao combate...resistir
Traz solidão e nostalgia
Idolatram forças sem dom
Neste Castelo, falta alegria.


Setúbal, 23/05/2010
Inácio Lagarto

quinta-feira, 20 de maio de 2010

BUSCA DO EU


Ao esvoaçar sinto o viver
Percorro calmo o horizonte;
Comigo, levo no saco o vencer
Quero este mundo conhecer...
Bebo o saber, na fonte!


Radiante por entre paisagens
Olho a estrela do céu;
Cheiro o perfume das folhagens
Divago por longas viagens
Amo o dia que é todo meu.


Chego à noite cansado
Em mar de silêncio navego;
Faço balanço ao passado
E com coração arritmado,
Bato asas em desassossego.


Ao acordar volto a pairar
Cumprindo as doces rotas;
Desejo a vida agarrar
Deixo a esperança soltar
Musicá-la com belas notas.


Setúbal, 20/05/2010
Inácio Lagarto


quinta-feira, 13 de maio de 2010

IMPULSO


Com impulsos cruzados
Palmilho na estrada
Teimo em lutar;
De sonhos pintados
Na tela, sem nada
Quero justiça salvar.

No silêncio não calo
Escuto fonologia...
São forças do momento!
Musicar é regalo
Uno a morfologia,
Rumo ao pensamento.

Subo à montanha
Procuro existência...
Nuvens e miragens -
Beleza tamanha
De luz e ciência
Na sombra, das ramagens.

Dominó da vida
Segredo se amontoa;
Com pedra atirada
À folha caída
Que figura à toa,
No tempo... sem escada.

Setúbal, 13/05/2010
Inácio Lagarto

sexta-feira, 7 de maio de 2010

FUTURO COM SONHO




O futuro bate à porta
O progresso quer entrar;
O viver está incerto
E temos por ele de lutar.

No passado o tempo brilhou
Entre cobiça e força erguida;
A velhos povos conquistou...
Quantos feitos, batalhas de vida!

Repousou em período tormentoso
Com a alma revoltada;
Naquele dia tão ditoso...
Pelejou, com cravos, na alvorada!

Está esmorecendo encantamento,
Perdendo o sonho e a emoção;
Lança flámulas ao vento
Com gritos das vozes da razão.

Paira no ar a tecnologia
Nesta era da informática;
Tudo floresce com magia,
Transportando nova temática.

Avis terra Alentejana,
De Dom Nuno Álvares Pereira;
Honra de imagem Lusitana
...Chefe de Ordem pioneira.

Descendentes de nobre povo
Em que o amanhã faz sentido...
Dêem à esperança um sol novo
Porque o Mundo segue perdido!

Setúbal, 22 de Março de 2010
Inácio Lagarto

UM POVO COM FUTURO




Mote

« Quem só vive do passado
E se vê tão inseguro
Dá presente envenenado
Aos que olham o futuro »

(I)
Cada País tem sua história
Toda ela com reflexão;
De conquista e ilusão
Na procura da vitória,
Para honra e glória
Daquele sonho sonhado...
Noutro tempo recuado
Com esperança em novo dia!
O querer não alimenta a magia
Quem só vive do passado.

(II)
Nascemos além da bruma
Fomos nobres cavaleiros;
Brilhámos dentre nevoeiros
Navegámos em ondas de espuma.
Criámos riqueza que se esfuma
Trilhando caminho pouco seguro
Não colhendo fruto maduro
Dormindo, num sono profundo
Para quem exigia um outro mundo
E se vê tão inseguro.

(III)
Se o acaso tem de semear
Nos campos com horizontes;
Numa terra que chega aos montes
Nesta paisagem de encantar.
Sem o povo atormentar,
Ele não é um desterrado
... Tem um peso bem contado
Quando se promete vida incerta,
Deixando a porta aberta
Dá presente envenenado.

(IV)
Quando o sossego não dorme
Surgiu bela madrugada;
Com um toque de alvorada
Tornou o desejo enorme.
Abril matou a fome
Matando regime impuro...
Derrubou um débil muro
Para que o medo cessasse!
Dando força sem disfarce
Aos que olham o futuro.

Setúbal, 22 de Março de 2010
Inácio Lagarto

quinta-feira, 6 de maio de 2010

MEIGO CORCEL


Quando um dia fui rapaz
Percorri ruas e valados
No meu corcel feito de cana;
Prendia-o, na argola da choupana,
Com meus desejos sonhados
Na busca da doce paz.

Criança de mente aberta,
Cavalgava livremente
Tomando as rédeas do destino;
Com a graça de menino
E de galhardia valente
Gritava ao tempo em alerta!...

Naquele sorrir junto ao peito
Soprava no rosto a frescura.
A esperança era o farol
Na montada, raiava o Sol
Com o saltitar da ternura...
Nada no Mundo tinha defeito!

Fazia a força relinchar...
Aquele cavalo era veloz!
Eu no querer criava chama.
Hoje, com saudade ou mesmo lama,
Meu imaginário usa a voz
Dá exaltação ao lutar.

Setúbal, 06/05/2010
Inácio Lagarto

sábado, 1 de maio de 2010

SONHOS DE ONTEM







Nos olhos de minha mãe... eu vivia
E ela do medo ficava embriagada;
Florescia, numa esperança encantada
E seguindo, calma, na viagem... Sorria.

Foi doce ama, de dedos calejados
Pelas ásperas lutas e feridas do caminho
Só à noite fria, na saudade dum carinho
Os sonhos, da poeira, eram desbravados.

Lembro gestos - perfumes de lágrima cristalina
Em que eu era o príncipe cumprindo a sina,
Ela a Estrela... que aquecia tanto amor!

Fui o grito e a força da verdade,
O filho, o leme, o pão da vontade,
A semente da Família... No jardim em flor!


Setúbal, 02/05/2010
Inácio Lagarto