sábado, 29 de março de 2014

C R I A Ç Ã O



Com Abril cresceu a Arte e Expressão,
Vontade dum Povo, em liberdade, caminhar;
iluminou mentes, deu asas ao sonhar...
deu partilha, acendeu luz, á criação.


Paz e a Vida, desceram à rua, em igualdade!
os valores surgiram no peito, bem erguido;
esperanças floriram em grito sentido,
as armas calaram... em fraternidade.


A dor endurecida ficou serena
ao ver os cravos, vermelhos, amorosos
e pecados do tempo...sairam de cena!


A raíz e seiva deixaram agonia.
Corações, em silêncio, são vagarosos,
pintam jardins, com sol, ideais...com magia.




Setúbal, 29/03/2014
Inácio  Lagarto




ABRIL EM PORTUGAL




À longa Costa marginal
trouxe Abril nova certeza;
em que a pesca e o sal
são fontes de alegria e riqueza.

Não calam Abril... Não calam!
Deixem a Primavera florescer.
As mudanças que ainda falam
não querem  vida amordaçada
nem esperança humilhada.
Vamos lutando e sonhando
em união, com o povo, que na rua venceu;
de cravo na mão cantando,
como onda que flutua
sobre o mar que ainda é seu.

Quarenta anos passados!
As árvores crescem na cobiça
esquecendo, sonho da revolução.
Pedem sacrifício de novo
...humilham os Reformados,
tiram saúde, direitos conquistados
e, perigo avança...não avisa.
Vão omitindo a Constituição,
tornando escravos um Povo;
a cultura caminha perdida,
estão abandonando os saberes
dos velhos, juventude e das mentes.
A força do trabalho vendida
as capitais...omnipotentes.



Setúbal, 29/03/2014
Inácio Lagarto








CIRCO DA VIDA


Neste circo da vida
sobe ao palco ilusionista...
ao criar solidão!
Tira da velha cartola
tudo a Bem da Razão.
Tira ao pobre ao reformado...
extermina a profissão;
oferece carro, como esmola,
para calar o patrão.
O Presidente da cena,
lá do alto no poleiro
vai esquecendo...o Abril!
os juros pagos em dinheiro
são lágrimas, sangue dado, ao Mercado,
o Cofre fica esvaziado.
Sai um coelho arrogante,
o das  feiras vem a riste
e o povo, a tudo assiste...
ambos seguem ao volante
...o cravo fica pisado.

O Abril não  está esquecido
há-de emergir a florir!
Trazer nova alegria.
O silêncio será rompido
...cantando ao novo dia;
a palavra, voltará a sorrir,
musicada pelo sentir
porque emprego irá regressar!
Como um rio renova as águas,
o sol nasce a brilhar.
As cortinas encerram espectáculo
e as palmas...não são de mágoas.


Setúbal, 28/03/2014
Inácio  Lagarto






quarta-feira, 26 de março de 2014

BORBOLETAS



Nos campos floridos repousados

esvoaçam alegres, em belo ondular;
em sonho livre, como a namorar...
trazendo até nós, tempos passados!


Famosas borboletas beijam flores,

bandeiras sagradas em pedestal;
buliçosas em paisagem natural
ouvem dos pássaros, trinos de amores.


Com asas de cores variadas

mostram ao homem...a igualdade!
Voejam  por rotas embaladas.


Activas, repletas de liberdade,

pela primavera são esperadas,
lançando sementes na claridade.


Setúbal, 26/03/2014
Inácio Lagarto

domingo, 23 de março de 2014

CASA DA POESIA



Na  sombra do tempo nasce abrigo,
lugar em que brilha a claridade;
protege o verso, moderno ou antigo
fortalecendo a paz e a amizade.
Veste de pura seda, bordada com magia,
com sorriso de amor... A Casa da Poesia.
A luz da partilha projecta crescer
que se torna em fogo, clarão;
acende o sonho da liberdade
lançando semente da paixão
e para o poema não perder
abre a janela... da protecção.

Une os corações feridos,
franqueia a porta à chegada;
acolhe as palavras soltas,
sílabas livres no pensar.
Frase por caneta beijada,
dando força aos sentidos
que belos sonhos...querem abraçar.

Escritores, poetas... escrevem!
Músicos dão-lhe som e harmonia.
As noites e os dias perseguem,
a união não termina ou principia;
mostram ternura a quem ouve e aprecia
e os frutos da vida florescem.


 Setúbal, 21/03/2014
  Inácio Lagarto

sexta-feira, 14 de março de 2014

MILAGRE DA MANHÃ



Cada manhã traz um novo milagre
ao desnudar-se e voltar a acreditar.
Cada dia é diferente do outro...
permanentemente em mudança!
Não vamos estender a mão
à medida que o tempo avança.
Sonhar permanece na caminhada,
para trás fica a ilusão,
a fantasia e a frustração...
nunca termina a estrada!
Nasce, sempre, um novo horizonte.

Saber meditar...é ouvir a voz da mente,
o bater do coração.
Reflectir no momento,
ignorar o pensamento,
ser livre e voar...
libertar o corpo e a alma;
olhar o irmão, sentir sua calma
e quando preciso...dar-lhe a mão!

O querer comanda a vida
no chegar e partir...
como um rio a correr!
Com tanta flora erguida
não vamos implorar
nem ver a água fugir...
o presente sabe vencer
neste bordado de terra...
Ser Feliz e Amar!

Setúbal, 14/03/2014
Inácio Lagarto

quinta-feira, 13 de março de 2014

LENDAS


Sopra no tempo o passado
toda uma infância por contar:
- dos poços de água, ao céu, abertos,
ao castelo assombrado
à bela moura encantada
...de noite em espaços desertos!
Panelas com tesouros escondidos,
dando ao lavrador riqueza,
no brilhar da lua cheia.
Depois do serão...ao deitar
a história era iluminada
à luz da terna candeia,
para o conto decifrar.

O presente foi trocado
por lendas tão diferentes...
desenham à juventude novas rotas!
Tecnologia alimentam mentes
como rios transportam correntes,
alagam  querer  atormentado
...as lágrimas na vida brotam!

O velho moinho de vento
já perdeu a nobre vela 
...a mó  traz parada.
Cresce imenso o lamento
 e a força daquela tela...
está no sonho descansada.


Setubal, 13/03/2014
Inácio Lagarto

segunda-feira, 3 de março de 2014

VISITA A ALCOBAÇA









Dia manso nublado
Literatura Portuguesa sente!
O sonho foi beijado
nas Caldas da Rainha, com afeição,
sentir Bordalo Pinheiro presente...
dando ao barro, forma e criação.

Alcobaça nos recebeu,
abrindo portas do Mosteiro...
memórias de boa gente!
Bela história se bebeu
dum sentimento verdadeiro.
Só a alma aquece a mente
presenteados na paixão
- de Pedro por Inês -
repousando em esplendor
como brinde ao fiel amor,
Rei corajoso e justiceiro.

Na sombra do tempo e do espaço
há presença do clero,
nos claustros e no pensamento...
no raio de sol sincero
que do céu traz um abraço
entre silêncios no momento.
Brindados com musical,
numa voz solene e harmoniosa
em tarde ancestral,
para alegrar viagem famosa.
Dando coragem ao imaginário
com sentimento de passado
visitamos...a Capela do Relicário.

No presépio de arte e magia
partilhamos Óbidos em segredo
e a Capela da Livraria...
que perfumam a cultura sem medo!
Cantando à razão
...abrimos o coração
no ninho aconchegado
quando Setúbal...quase dormia!


Setúbal,28/02/2014
Inácio Lagarto