sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

NUDEZ


Não estou nu
Nem despido de tudo
Tenho ambição
- Luto como tu -
Não sigo sisudo...
Procuro a razão!
Lutei
Fiquei preso
Sem prisão -
Caminho mudo.
Amei
Sofri Perdi
Transpus a sombra
A tempestade
Não esqueço a vontade
Nem a verdade;
Registo na mente
A fantasia
A vida vazia
Porque sou gente!
Acordo a noite,
Não sei o que faço;
No silêncio inteiro
Por ter vivido
Levei um açoite.
Com terno sentido
Ao meu canteiro
Dou um abraço...
Regaço conselheiro!

Setúbal, 26/02/2010
Inácio Lagarto

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

HÁ QUE ACREDITAR


Toda a vida traz um destino
Na alegria e no sofrer;
Desde o berço em pequenino
Aceite-se ou não o Divino...
O vento é calmo no adormecer!

É preciso acreditar
Sem deixar de ser humano;
Pesado ou leve o lutar
Temos de alimentar o sonhar,
Neste Mundo, por vezes, insano.

Vamos multiplicando os sentidos,
Guiando a alma com serenidade;
Acordar os sonos perdidos
Entre noites e dias divididos,
Intercalando a bela vontade.

Todo o Ser tem uma madrugada,
No desabrochar do caminho;
Numa convergência iriada
Brilha a esperança desejada
Aquece o coração de mansinho.

Sem fechaduras nem portas
Abram-se todas as janelas...
Surjam poemas em horas mortas
Acabem com amarras e rotas
O VIVER será... mastro sem velas!

Setúbal, 24/02/2010
Inácio Lagarto

TRAGÉDIA NA MADEIRA


Tragédia surgiu
Na Madeira dos amores;
O sonho feriu
A Ilha das Flores.

A Serra chorou
E desceu ao mar...
O Funchal lavou
Com lágrimas sem par!

Dilúvio mortal
Fúria das águas;
Dum forte temporal
Trouxe o caos e mágoas.

No Curral das Freiras
Há isolamento;
Falta liquido nas torneiras
E um bom alimento.

São casas soterradas
Prejuízos sem fim...
Estão desalojadas
Famílias assim!

Há cadáveres e lama
Quanta devastação!...
Apagou-se a chama
Naquela Região.

Sofre a Natureza
Não julga o homem;
Sacrifica a beleza
Nos bens que se somem.

Abram a janela
À triste verdade;
Fechá-la é perdê-la
Pela humanidade.

Setúbal, 21/02/2010
Inácio Lagarto

domingo, 21 de fevereiro de 2010

BELO SONHAR


Deu-me a vida, a noite e o dia,
Veio com ela o belo sonhar;
Fui escrevendo com fantasia
- Hoje na Oficina de Poesia -
Estou musicando o pensar.

No aperfeiçoar o saber
Com as Mestras neste meio...
Venho dar asas ao conhecer,
Escutar o criar com o ter
E em novos poemas me enleio!

Não sei se chego se vou
Neste meu verbo embalado;
Só sei apenas que me dou
Porque o tempo não parou,
Este querer que foi moldado.

Nunca há uma hora certa
Em que se trata do destino;
Surge sempre uma porta aberta
Ou, um tema à descoberta
Que cresce no Ser, desde pequenino.

Setúbal, 20/02/2o10
Inácio Lagarto

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

ARTE DE DIZER


Liberta-se no poeta a poesia
E com o Dizer a emoção;
Vai florindo bela magia
- Faz brilhar o outro dia -
Quando se ouve em elevação.

Doce poema musical,
Banquete que nos abraça!
Partilha do saber genial
Servido à mesa por igual,
União de tanta Raça!

Colorido de inspiração
Dos avós, trazem o caminho
- Enredo e a acção -
Seguem calando a solidão,
Não querem o futuro sozinho.

Matizado o versejar
Com a tinta do coração;
Deixa a palavra circular
Usado ou não o rimar
A mente pinta com a mão.

Setúbal, 17/02/2010
Inácio Lagarto

VIDA ENAMORADA


Senti a vida com paixão
Sonhando com a Natureza
Que hoje guardo no coração
Na força que vem da certeza

I
Quando era pequenino
Extraia da terra o barro;
Cortava o mato e o chaparro
Sem escolha ao destino.
Talvez por não ser ladino
Já aprendia uma profissão...
Estendia argila no chão
E com as mãos fazia de tudo!
Na escola seguia o estudo
Senti a vida com paixão.
II
Entre riso magoado
Fui lutando pelo caminho;
Nunca sendo um coitadinho
Pela mãe fui bem amado.
Meu futuro foi mudado...
Para fugir à estreiteza!
Fui moldando a tristeza -
Nos cursos deixei o cismar!...
Na banda partilhei o tocar,
Sonhando com a Natureza.
III
Choradas as crenças sombrias
Em Évora abriu-se a janela;
Pintei o sonho de aguarela
E a palavra com magia,
Gritei... Por um novo dia!
Foi calada a escuridão
Com a grandeza da lição
Unindo o amar, que mora na mente
Com o namorar, alma de gente,
Que hoje guardo no coração.
IV
Setúbal, de poetas e cantores,
Estendeu-me o manto da verdade;
De bancário trago saudade -
Vêm do Rio velhos amores.
Como Bocage, escrevo minhas dores,
Mantenho a chama da luz acesa,
Entre amigos troco a firmeza
E na UNISETI voltei a estudar
Quero ver solidão acabar
Na força que vem da certeza.

Setúbal, 16/02/2010
Inácio Lagarto


DESPERTAR




Tive a chama de criança
Usava bibe aos quadrados;
Guardava saber e poupança
Como burro carregados.

Levava dentro da sacola
Os trabalhos feitos à mão;
O futuro preso em argola
Com a guita e o pião.

Brincava alegre no recreio
Numa vida partilhada;
Se surgia um vago enleio
Não faltava a reguada.

Foi crescendo a idade,
Passava as tardes nas danças;
Sentia o cheiro da liberdade
... Já reparava nas longas tranças!

Como bela era a leveza
Naquela donzela perfumada...
O dia tornou-se em certeza
Na escolha da namorada.

Olho o tempo pela vidraça
Vejo o caminho percorrido;
O passado depressa passa
Quando se nasce... Vem definido.

Setúbal, 14/02/2010
Inácio Lagarto


quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

POESIA


Guardo na gaveta dos versos
Uma vida repartida;
Naqueles sonhos dispersos
Em que os desejos são imersos,
Na consciência sentida.

Deixada a noite incerta
Em que o silêncio não dormia...
A mente fica aberta
Na busca da descoberta,
Surge a palavra Poesia!

Falo de mim o que sou
Da distância de minha gente;
O que a infância me contou
Sigo sem saber se vou...
Sou o pecador impenitente.

Sou um átomo da unidade
Desfrutando da passagem;
Quero cantar a verdade
Da esperança à liberdade,
Neste mundo em voragem.

Se sonhei... hoje desperto!
Olho o sol no meu caminho.
Aqueço o poema certo
Dou-lhe segredo que mora perto
E o peito não fica sozinho.

Setúbal, 11/02/2010
Inácio Lagarto

A GAVETA


Divagamos no pensar a claridade,
Na procura dos sentimentos e destinos;
Somos romeiros, uns sensíveis peregrinos,
Vamos lutando pela força da liberdade.

Encaixamos no peito a gaveta dos versos,
As ondas que quebram a alegria e o chorar...
Usamos de metáfora, como enigma ao sonhar,
No meio dos jardins e silêncios diversos!

Abrimo-la ao tempo, como Primavera em flor,
Olhando o azul do céu, repleto de estrelas;
Vê-se uma bem alta que dá luz ao amor

Rasga a sombra, com fé e fúria das paixões,
Ilumina nas esperanças a vida das donzelas
Que desce à terra para beijar os corações.

Setúbal, 10/02/2010
Inácio Lagarto

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

O LIVRO


O poema a palavra liberta
Deixa o sonho a pairar...
A saudade com o tempo aperta
À espera da hora certa
Quer ver amigo opinar!

Vem falar da alegria
E mexe fundo na ansiedade;
Usa a mente com magia -
Embala a vida em poesia
Madruga na luz da vontade.

Pinta a bela paisagem
Modela viver no coração;
Cria com afecto nova imagem,
Lavra o campo entre a aragem,
Amassa o trigo, tornando-o pão.

O Livro é um terno filho
Que o poeta ambiciona ter;
Lembra a maçaroca do milho
Debulhada, à mão ou no trilho,
Para alimento do saber.

Ele traz a força a brotar
Naquela alma em aventura;
É a aurora a raiar
No suave beijo que vem dar
À caminhada futura.

Setúbal, 07/02/2010
Inácio Lagarto