sábado, 24 de julho de 2010

CAMINHADA DO VIVER


Usamos a chave da vida
Para abrir os corações
E iluminar o encantamento;
Naquela raiz sentida
Ao futuro deixa paixões.
Solene força do existir
Alimenta o verbo florir
Na partilha do amor;
Unido que foi o tempo
Entre o sonho e o calor
O querer encontrou guarida.

Na caminhada do viver
Queimam-se os espinhos
Com a chama da ambição;
Cavalgamos por horizontes
Entre planícies e montes
Vai-se estruturando a razão.
Na calada derrubam ninhos
Naquele tanto lutar
Casas perfeitas dos passarinhos;
Donde viram seus filhos voar
Buscam no sonho o renascer
Com a alma bem erguida.

Ao seguir nesta cruzada
Tem o Ser de acreditar;
Como tudo é muito ... ou nada
Neste Mundo por desbravar.


Setúbal, 24/07/2010
Inácio Lagarto



quinta-feira, 22 de julho de 2010

TEMPO SEM TEMPO


Há um tempo para nascer
Não há relógio no amar;
Algum tempo na partilha
Resta pouco ao viver
Quase nada para sonhar.
A luz da vida cintila
Ao segredo
E faz arder
Ela o caminho trilha
Dá mantilha
Na protecção ao medo
Reforça o lindo querer.

Tudo no tempo é traçado
Guia lutas e espaços
Quando na mente se confundem.
Tempo de ambição ou finito
Neste sentir nunca dito
Que no peito fica guardado
No unir, tão belos laços.
Há um tempo que não esquece
O calor que vem da alma
Nem o tempo arrefece
Quando silêncio surge molhado.

O que move o pensamento
É o tempo da razão;
Mesmo que seja cinzento
Traz a força do coração.


Setúbal, 21/07/2010
Inácio Lagarto

segunda-feira, 19 de julho de 2010

ISCO DE VILÃO


Trago meu peito revoltado
Desta vida de ocasião
Por cobiça de arrebatante
Como outros sou roubado
Como fruto de vilão.
Sou um mero caminhante
Que ouve o sonar do vento;
Traz segredo e lamento
Neste mundo de mentira
A quem com honra serviu.
Estão cortando o sonho à tira -
Pouco importa se feriu...
O amor que foi gerado!

Somos isco da ganância
E pelos poderes desprezados;
Somos a seiva humana
De bela força e fragrância
Nos saberes tão mal tratados
Com palavras livres e puras
Que esquecem brutais agruras
Na conquista de novas metas
Nesta partilha tirana
De verdades nada concretas
Trazidas, com o tempo, da infância.

Até os rebanhos despertos
No sofrimento e na dor
Esperam momentos certos
Para fugirem do pastor.


Setúbal, 19/07/2010
Inácio Lagarto

sábado, 17 de julho de 2010

GAVETA DOS SONHOS


Ao usar a mente e a caneta
Não apagamos o sofrimento
Neste caderno da existência
Com o coração torturado
No que guardamos na gaveta.
O bom e o mau momento,
Sem excluir ressentimento
À espera de clemência
Em que o sentir foi mergulhado,
No recordar o que fomos
E naquilo... em que vivemos!
Neste céu abençoado
Para que o sonho não se derreta.

O recordar nada ignora
Nem os segredos bem guardados
Numa alegria vivida
Como a riqueza na hora.
A alma à gaveta implora
Que mostre os sonhos sonhados
Em que o criar vive presente
Na caminhada ferida
Porque o Ser pensa e sente
Num alerta, como sineta.

Guardada que é a recordação
Em segredo na memória;
Paira no tempo a razão
Cada silêncio, tem sua história.

Setúbal, 17/07/2010
Inácio Lagarto

segunda-feira, 12 de julho de 2010

OLHO PELA VIDRAÇA


Vejo da minha janela
Praias lindas sem fim;
Brilham do Norte até ao Sul
Olho- as como sentinela
As do Alentejo, sorriem para mim.
Com areias finas e água azul
Fazem esquecer o Inverno
O Verão tornou-se terno
Vem abraçar a Natureza
Com alegria
Do ventre vem o abrigo
Só o belo se mostra assim
No espraiar... tanta certeza!

Caprichoso o tempo passa
Da montanha sopra o vento
Sem ligar ao arvoredo;
Traz com ele a aragem -
Vem acalmar a paisagem.
Com a corrente trespassa
Liberta o pensamento,
Mergulha na alma, sem medo,
Ao entrar pela vidraça.

Correm do mar palavras lavadas,
Pelas marés vivas da vida;
Por ondas são desdobradas
E na costa buscam guarida.


Setúbal, 12/07/2010
Inácio Lagarto

quarta-feira, 7 de julho de 2010

CALOR DE VERÃO


Com o sol abrasador
O calor está queimando
Não treme a bela flor
A terra fica secando.
A praia grita a clamar
E pela toalha à espera
A quente areia desespera
Manda os corpos para o mar.
Que suas mentes lavem
Os tormentos e espadas
Purifiquem a imagem
Entre ondas rendilhadas.

No campo ao sol o lagarto
Com cabeça no ar a sonhar
Do clima não está farto
Com belo olhar a fitar -
Sentinela a vigiar
De plano já pensado
Na razão paira relendo
Dorme a paz do seu agrado
Esquece o mundo que vai vendo.

Há um sol em cada Verão
Quer o Inverno esquecer;
Porque os sonhos já não são
As forças do nosso Ser.


Setúbal, 07/07/2010
Inácio Lagarto


domingo, 4 de julho de 2010

EM TEMPO DE TEMPESTADE


O mar está bravo
A terra anda a tremer
Procura-se um longo abraço
Minha mente, turva, não lavo
O sonho deixou de encher
Neste mundo cruel e lasso.
Doce voz soa gritando
Pede à vida novo gritar
Quer no saber inovar
Porque a alma vive chorando
Por ver o homem... só falar!

Em tempo de tempestade
As águas, do viver, se agitam
Resta a força e a coragem
Por caminhos já trilhados.
Olha-se , de frente, a verdade
No campo ou na cidade
As forças do mal se fitam
Criando uma nova margem
E as ondas serão quebradas.

Sempre na busca da razão
Seguimos o rumo das caravelas;
Voamos como o falcão
Por façanhas de Eras belas.

Setúbal, 04/07/2010
Inácio Lagarto