quinta-feira, 30 de abril de 2020

DIA DO TRABALHADOR

(Foto Dórdio Gomes)

Um de Maio, Dia do Trabalhador,
brilham na paisagem cravos e rosas;
Saem à rua enfermeiros, doutores
e quem vende os seus suores,
aos donos das riquezas famosas!

Gritam mineiros na dureza
quando à terra vêm a luz;
lutam no subsolo com firmeza,
ao extraírem tanta beleza
cujo patrão tão mal conduz!

Desde o campo à oficina,
de força unida, cumprem o dever,
curvados à triste sina
aguardam a bênção divina
que lhes traga algum prazer!

Nesta caminhada, na pandemia,
encontra-se o povo confinado;
espreita o sol, claridade do dia,
vai calando a harmonia -
silenciando  o sonho sonhado!

Cantam à janela ternas cantigas
em desejo extraordinário;
levam ao peito flores amigas,
recordações de batalhas antigas
que completam esplêndido cenário!

Elevam bandeiras ao vento,
ao longe uma ave esvoaça;
conquistas no pensamento
nas vozes tremidas em lamento
por quem, no tempo, a vida abraça!


Setúbal, 01 de Maio de 2020
Inácio José Marcelino Lagarto 



quarta-feira, 29 de abril de 2020

ESPERANÇA


As belas praias do Oceano
estão com o sol à nossa espera,
logo que abale o vírus tirano
e termine esta primavera!

Temos saudades da aventura,
de ver o campo a verdejar!...
Deixar para trás a clausura,
poder o sonho partilhar.

Visitarmos a Cultura, o jardim,
irmos aos cafés, aos restaurantes;
calarmos a tristeza por fim
e assim, sermos bons caminhantes.

Vamos  acordar a planta sentida
que precisa de ser bem regada;
sem a chuva fica pendida
e não floresce na alvorada.

Choram as pedras das calçadas
por afectos e companhia!
Pelas conversas animadas
que surgem em plena sinfonia.

Brilham estrelas além dos montes,
convidam  ao viver entre gerações; 
atravessamos novos horizontes
a fim de acalentarmos os corações.

Depois de saciada a nossa mente
regressamos ao terno ninho;
sem esperança não há presente
nem casal com passarinho!

Setúbal, 29/04/2020
Inácio José Marcelino Lagarto


sábado, 25 de abril de 2020

AMO A POESIA


Quero amar a Poesia,
desejo com ela viver;
sonhar para além da tempestade,
meditar noite e dia
e acreditar no vencer!
Partilhar da igualdade,
soprar o vento, beijar o sol;
ouvir a voz e o grito
como o eco da serra
que soa ao longe no horizonte-
olhar o farol 
que ilumina o infinito!...
caminhar sobre a terra.

Quero nadar junto à sereia
cuja onda no mar conduz
que surge a rolar pelas areias,
nosso coração incendeia
com seu raio de luz
aquecendo o sangue nas veias!

Desfilar entre a paisagem,
escutar o oprimido
da triste mágoa do passado;
reparar no pobre, na imagem,
do irmão na rua perdido
que vegeta abandonado!

Sigo desfolhando as rosas,
folhas, pétalas de papel;
caiem lágrimas vergonhosas
dos olhos da cor de mel.

Setúbal, 25/04/2020
Inácio José Marcelino Lagarto

Nota: Pequeno verso introdução no envio do Poema 
           e publicado na antologia da UNISETI
           « DIAS ENTREABERTOS»

 25 de Abril de 2020 - Inácio Lagarto


Abril, festejou glorioso momento
em que perfumou a viagem;
libertou o pensamento, 
mudou no tempo a folhagem!


quarta-feira, 22 de abril de 2020

DOIS MIL E VINTE


Dois mil e vinte, ano renovador!
Trouxe no ventre tamanha dor,
está perfumando o sonho de quimera
em vez da esperança na primavera!
Neste tempo florescem conselhos,
de governos, médicos, sábios velhos
a fim de vencermos vírus furibundo,
dotado de força terrível no mundo!

Ficam povos, em casa, exilados,

 telejornais deixam-lhes recados!...
Orientam os pensamentos
e todos os seus movimentos;
comandam de longe a liberdade,
nossa vivência e saudade
entre a glória, luta  tirana 
revivemos uma página lusitana!

No silêncio sentido em clausura

escolhemos a vida futura
e como tudo irá ser diferente!!!
Na partilha, amizade e mente,
porque acima do capital, da pobreza 
existe o Belo da Natureza,
a fraternidade e criação -
a palavra, ouvir o Coração!

Aguardamos um milagre novo, 
o qual encante o olhar do povo
neste Abril da Madrugada,
cuja vitória foi desejada!
Traga ao Globo crer e salvação,
assombrado por perigo, reflexão  
que sopre para longe este mau vento
e termine o satânico tormento!

Setúbal, 2020/04/22

Inácio José Marcelino Lagarto

domingo, 19 de abril de 2020

FORMIGA TRABALHADORA


O rei da selva jamais será o leão
nem tão pouco a águia real;
o tigre veloz e ardiloso,
o elefante ou o hábil dragão, 
lançando fogo artificial!...
Porque afinal,
o trono é da formiga em exaltação!
Como o Povo bela obreira,
companheira
que labora ao frio e ao calor,
numa longa caminhada
para a vitória final.

O leão e o tigre na força radiosa,
opulentos com valentia
lutam em florido jardim,
sem fim,
perdem a batalha de séculos assim!...
Sob a abóbada da luz ditosa!

A águia esbelta e voadora
olha do alto o inimigo,
não perdendo a distância;
usa de esplendor para consigo,
com arte planeja pela sombra
e não aguenta a elegância sonhadora!

A fantástica formiga trabalhadora,
dia após noite ao luar
como a cigarra, não vai em cantigas,
patilha com engenho o dever!
Em formigueiro, unidas e amigas
cumprindo em comunidade o sofrer,
numa canseira sem lamento,
tornam a vida, árdua, em conquistadora!

Lembram o Povo, em ternas virtudes,
ao vencer a pandemia impura;
confinados às boas atitudes
a fim de erguermos a bandeira futura!

Setúbal, 2020/04/19
Inácio José Marcelino Lagarto




quarta-feira, 15 de abril de 2020

CORUJA NOCTURNA

Como a coruja nocturna
visita a luz sobre a coluna,
na Igreja, Convento abençoado,
sem crentes fica encerrado.
Aquela hábil ave de rapina
bebe o azeite da lamparina
que ilumina o Sacrário,
deixando escuro o Santuário!

Apaga a chama da reflexão,
jamais retira a fé ao cristão
nem a força do trabalhador
que reinventa seu terno amor!

Faz renascer um novo dia,
no Templo, procuram energia
abrindo a porta à consolação,
que aquece o corpo, o coração.

Lembram Países, ao longe
cujo povo vive como monge;
olham os campos não cultivados,
herança  dos antepassados.
Trocaram árvores frondosas
por casas, roupas vaporosas
que não fazem frente à pandemia
salva por médicos, gente com magia!

Nesta caminhada humana
sofremos dura crise, tirana
de carácter universal,
ferindo a Família Social!

Acreditamos na vitória, na união,
brevemente cantaremos nossa canção
à estrela no céu erguida,
agradecendo a batalha vencida.

Setúbal,2020/04/16
Inácio José Marcelino Lagarto

segunda-feira, 13 de abril de 2020

CANTA ABRIL


Canta Abril de Novo,
enaltece o povo,
faz o mundo sorrir!
Vê a primavera florir.
Existe saudade
da bela liberdade
que no tempo brilhou;
com o vírus voou
nas asas do vento
ferindo o momento!

Data fértil famosa,
aguarda pela rosa
que floresce no botão;
traz no ventre  a emoção
da força sonhada.
Bênção da alvorada 
da Nossa Mãe Maria;
Com Ela a alegria
que ilumina a paixão
e aquece o coração!

Maio mês de ternura,
pede ao céu ventura,
paz, amor, carinho,
luz clara no caminho
que oferece viver!
Sem ver o irmão sofrer
nesta hora cansado,
sem culpa nem pecado;
guiando o destino 
do bom ou ladino!

Ninguém é imortal
porque na vida afinal!...

Somos filhos de Deus,
dizemos ao amigo adeus.

Iguais na vontade
e eleitos na bondade!

Setúbal, 2020/04/13
Inácio José Marcelino Lagarto







domingo, 12 de abril de 2020

R E F L E X Ã O

(Reflexão sobre Coronavírus -19)

Este inimigo invisível
não passa de ladrão terrível
porque ataca o caminhante
e a quem mora distante.
Fecha o Café iluminado,
cria fila no Supermercado;
ninguém vai ao futebol
nem à praia, apanhar sol.
Cultura está escondida
entre a palavra sentida,
amizade aguarda sinal
do Senhor Celestial!

Neste mistério em reflexão
falta carinho e aperto de mão;
Surge trabalho à distância
em primavera de fragrância.
Voltou a telescola,
tira a aula da sacola,
troca o convívio por televisão,
partilha o tempo em turbilhão.
Torna o mundo ruinoso
sujeito a um vírus manhoso;
Sopra ao longe a dureza,
traz no seio a pobreza!

Somos embalados por ideais,
todos nascemos iguais
em cenário especial;
atravessamos triste temporal
jamais perdendo a energia,
trocámos campo por tecnologia
na busca do conhecimento,
a fim de elevar o momento.
Mudámos toda a paisagem
pelo cimento na viagem,
esquecemos um dia a dor,
hoje, nem olhamos a bela flor!

Setúbal, 2020/04/11
Inácio José Marcelino Lagarto





sexta-feira, 10 de abril de 2020

PELO SONHO NA VIDA

  (HOMENAGEM AO PROFESSOR E POETA
                    SEBASTIÃO DA GAMA)



Sebastião da Gama
como tu  jamais esquecemos a Arrábida,
a Serrra, o rosmaninho, o alecrim;
precisamos de Deus, da Sua piedade,
a fim de cuidar do povo por fim
e assim! Abraçarmos a liberdade,
a bondade -
a partilha
que acendem a chama,
nossa força, nossa vontade.

Queremos beijar a estrela
que na noite e no dia te guia;
remar no barco à vela,
caminhar pelo sonho na vida,
beber na razão dos poemas,
sentidos -
lavrados
que tua mente criou,
nesta viagem florida!

De lamentos amordaçados

vamos aprendendo a lição,
seguir os tempos chorados,
clamando por esperança o coração.

Com olhares fixos e ternura

escutamos tamanho rumor;
aguardamos do céu ventura
nesta primavera em flor.


Setúbal, 10/04/2020
Inácio José Marcelino Lagarto

SEMANA SAGRADA


Oh! Páscoa da Semana Sagrada,
da nossa exaltação!
Festejas a vida, a caminhada
quando Jesus Cristo nos dá a mão.
Na Terra carregou a cruz,
pelo homem foi crucificado;
do astro apagou-se  a luz
e no túmulo foi sepultado.
O Filho de Deus ressuscitou,
acendeu-se uma nova esperança,
o olhar crente iluminou!...
Renovando no mundo a confiança.

Os que ao longo dos séculos falam!
São emissários
dos tempos, as palavras jamais calam,
os ideais, imagens, relicários.

Obras esculpida, com arte e bondade,
oferecem esplendor,
paz, sentir, fraternidade
ao Templo, à casa ou no labor!

Tornam-se estátuas belas e soberanas
que brilham como estrelas no céu;
figuras do bem, humanas
de quem em piedade viveu.
Comungam da partilha cristã,
da solidariedade;
vestidas de alma sã,
sem cansaço pela igualdade.
Consagram à vida o presente,
acalentam na dor e no sofrer
acreditando na força da mente,
na glória divina em vencer!


Setúbal, 09/04/2020
Inácio José Marcelino Lagarto 


terça-feira, 7 de abril de 2020

ESTRELA DO NORTE




Soam cânticos longínquos aos ouvidos
entram pelas janelas
entre músicas, palavras belas
alegram vilas e cidades;
trazem conforto, estimulam sentidos
e pensamentos trémulos
que estão aprisionados,
em casa pedindo piedade!...
Por crime que não é seu,
assola o Universo
com um olhar profundo,
elevam as mãos ao Deus do mundo.

Corre, corre esperança
segue a nuvem com emoção
a qual desliza no céu sagrado,
vai pedindo protecção
a fim de terminar a tempestade.
Traz contigo a luz brilhante 
que elimine o vírus viril,
porque persegue o caminhante!

Neste mistério transcendente
está causando tanto terror;
rouba a saúde e bondade,
fraternidade,
amor e liberdade,
presentemente!
Limita o corpo e a mente.
Mergulha no sofrer, meditação,
dor que desola
cujo viver consola
a alma e o coração.

Acreditemos no desejo forte!
É preciso saber esperar...
jamais a estrela do norte
nos deixará de iluminar.


Setúbal, 07/04/2020
Inácio José Marcelino Lagarto

domingo, 5 de abril de 2020

PRIMAVERA


                    




             P  R  I  M  A  V  E  R  A

Bem sei que és composta de flores,
os campos cobertos de verdura;
não esqueças a vida, os amores,
acaba com esta crise sem ternura.

Deixa sorrir a terna aurora
em toda a sua fina pureza;
o filho sonhado te adora,
amante querido da Natureza.

Por ti a vivência suspira,
engloba carinho e prazer;
o fresco, belo perfume inspira,
contigo unidos, iremos vencer!

O mundo segue açoitado
caminha no tempo em pesadelo;
o povo de corpo desanimado
perde a luta diária, o bom zelo.

Com ele sofre a caminhada,
mente, saúde, bens da sorte;
dia de trabalho e de noitada,
torna-se fraco jamais forte!

Quer recuperar beijos e abraços,
aquecer a palavra sentida;
voltar a estreitar afáveis laços
entre cante, poesia, frase erguida.


Setúbal, 05/04/2020
Inácio José Marcelino Lagarto


sexta-feira, 3 de abril de 2020

LIVRE COMO A CEGONHA




Quero ser livre como a cegonha,
voar, voando em liberdade
sem lei escrita que tal imponha, 
mirando de longe a maldade.

Lá do alto olha a terra e o luar,
percorrendo distâncias sem fim;
no ninho tem filhos para alimentar,
enfrentando o temporal assim.

Agasalha-se da nuvem escura ou clara,
depois do medo vem a alegria
porque faz desenvolver a seara,
o despertar do novo dia.

Este Abril, de paz, força e querer
jamais será, no homem, esquecido;
a partilha da conquista a renascer
entre um vírus rebelde perdido.

Quero viver, agarrar o destino,
saciar-me na paisagem e nas fontes;
não estar vigiado como clandestino,
voltar a cheirar o alecrim dos montes.

Passear a mente, sentir a aragem,
na água salgada poder mergulhar.
Hoje não passa de uma miragem,
seremos mais fortes a festejar!

Setúbal, 04/04/2020
Inácio José Marcelino Lagarto