quarta-feira, 30 de setembro de 2020

RAIZES



Raízes são forças presas à terra
Envoltas em luz no pensamento;
Rejuvenescem a qualquer momento,
Não secam quando o sonho encerra.

Crescem na saudade, na harmonia,
Guardam no tempo o filme na memória;
Todas as mudanças, na luta e glória,
Atravessam o sol quente e a ventania.

Caminham verdejando a folhagem 
Com seu tronco galgando a esperança;
Oferecem frescos frutos como bonança,
Em curta, média ou longa viagem!

Entregam testemunho com citado fim,
Cuja semente seja fértil, saborosa;
Conduzem com crer, etapa gloriosa,
Fortificando este belo jardim!

Germinam olhares pelos horizontes,
Agasalham Cervos das primaveras;
Não os tratam como simples quimeras,
Bebem na corrente das fraternas fontes.

Partilham com o mundo a sombra, o viver,
Não esquecem a conquista e o ideal
Que circulam como seiva divinal,
Razão forte e determinante do querer!

A alma de um povo está presente na voz
Na inovação, no saber, fazer e cantar
Sob o céu celeste a iluminar,
Modelando a riqueza de nossos avós!


Setúbal, 01/10/2020
Inácio José Marcelino Lagarto

sábado, 26 de setembro de 2020

OUTONO



Cai a chuva abençoada
Vem belos campos alegrar;
Traz a Paz para anunciar
Nossa futura caminhada!

Rega a paisagem sequiosa,
Sedenta de tantos desejos;
A esperança enche de beijos,
Torna a vida saborosa.

Neste lindo outono a brilhar,
Com o sol que aquece a terra
Verdeja a floresta na serra,
Tempera a corrente do mar.

Na força do seu real poder 
Uma lágrima se derrama;
Afaga o rosto na chama
Deixando a bondade crescer.

Árvores, com troncos molhados,
Estendem as folhas no chão!
Como tapetes em ovação
Em palácios encantados.

Balança a terna saudade
Sobre verão que foi embora;
O sonho aguarda a hora
Pela partilha, liberdade.

São Martinho mora perto
Na sua fausta grandeza!...
Castanha e vinho na mesa
Como triunfo, prémio certo.

Neste raiar de candura
Festejamos o  que a alma sente!
Somos povo, somos gente,
Acreditamos... na Ventura!


Setúbal, 26/09/2020

Inácio José Marcelino Lagarto

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

SETEMBRO PARTE CANSADO


Setembro parte ansioso e cansado,
Rega os seus canteiros de flores
Entregando ao outono a incerteza.
O povo caminha de olhar molhado,
Pensa nas feridas deixadas nas dores
Que assombram de perto a pobreza!

Desde março, o ano, carrega agonia,
Confinando na vida a liberdade
Neste mundo que tanto apavora.
Embala este tempo de fantasia.
Torna em vendaval a saudade
E à Paz na Terra! Tudo implora!

O sonho que era forte e vencedor,
De conhecimento, crença humana,
Na partilha de direitos, igualdade.
Tapa  o rosto de silêncio e terror
Contra misteriosa força tirana,
Amordaçando a fraternidade!

Vamos aguardar pelo Santo Natal
Com irmãos de corações amados,
Cumprindo ordens sobre o destino.
Ilumine a Ciência para curar o mal,
Os Seres, perdem empregos conquistados,
Solicitamos ajuda  a Deus Divino!

Neste mistério, dura realidade,
De abismo na nossa existência
Apagam-se as estrelas do universo.
Criam um futuro novo de vontade,
Roubam à mente a pura inocência 
Por causa de um vírus raro e travesso!

Setúbal, 25/09/2020
Inácio José Marcelino Lagarto



  

quinta-feira, 17 de setembro de 2020

FEIRA DE NOSSA SENHORA DE AIRES

Privados que estamos da Feira,
A Igreja não ficará deserta
Sem cortejo extraordinário.
As mentes perfumam a canseira
Na saudade com a fé em alerta!... 
Jamais esquecem devoto cenário,

O povo, de olhar fixo em Setembro,
Com sonhos que neste tempo crepitam,
Falam com a Virgem em pensamento.
Como fiel caminhante, filho membro,
Peregrinos junto da Mãe meditam!
Para que a pandemia siga com o vento. 

As árvores parecem lindos andores,
Numa visão clara que nos irmana
Como geração  de humanidade.
As esperanças caminham entre flores,
Em paisagem verde alentejana
Desafiando a fraternidade!

O outono desejado surge, por fim!
Vem de energia revestido
À espera da paz no horizonte.
Ilumina o espaço como calmo jardim,
Nossa Senhora De Aires, lugar sentido,
Bebem, na corrente, da bondosa fonte!

Na solene planície transtagana,
No seu amor e querer  profundo
Visitam aquele altar rezando.
Que proteja a vivência humana
Sob a abóbada do céu no mundo
E no poder de Deus acreditando!


Setúbal, 17/09/2020
Inácio José Marcelino Lagarto

segunda-feira, 14 de setembro de 2020

DIA DA CIDADE


Bocage, filho de Setúbal de sonho e encanto,
É festejado entre glória como Dia da Cidade!
A Arrábida estende ao Sado o verde manto
E na calma Baía mergulha a saudade.

Do alto do pedestal ilumina os horizontes,
O povo jamais esquece tão belo aniversário!
Do Poeta escorrem poemas como água das fontes
Aventuras sentidas florescem no imaginário.

Brilham imagens versáteis sobre um mundo real
Do Homem amado, criticado por dotes e ditos
Que levaram ao Oriente o nome de Portugal!

De vida sentimental e de amor disperso,
Nas horas mais desgraçadas espalhou escritos-
Manuel Maria, navegando, abraçou o Universo!



Setúbal, 15/09/2020
Inácio José Marcelino Lagarto

terça-feira, 8 de setembro de 2020

PONTE DE LIMA



Com olhar em Ponte de Lima,
Ali encontrámos viver e graça
Rasgando o sonhar crescente.
Naquela visão lindíssima,
Pendão fértil erguido com raça
Numa viagem registada na mente!

O dia estava calmo e soalheiro,
Atravessámos a Ponte Medieval;
Ao passar pelo centro histórico
Brindámos ao amor verdadeiro.
Entre companhia tão divinal
Fomos ao padrão românico/gótico!

Em união, visitámos a Igreja Matriz,
Parando no Largo de Camões
E saboreámos a gastronomia.
Recordo no tempo o sentimento feliz,
Em grupo aqueceram corações
Entrelaçando de fé a harmonia.

A voz do peito, à distância, sente,  fala 
Mostrando renascer terno e belo! 
Memórias gloriosas do passado.
Hoje o silêncio jamais se cala,
Vou com orgulho defendê-lo
Neste Poema por mim lavrado.  

Desperto a saudade no momento
Trazida do Minho com eloquência, 
 Acompanhada de brilhante luz.
Vêm iluminar  o pensamento
As paisagens de ilustre vivência
Cujo mundo com grandeza seduz!


Setúbal, 08/09/2020
Inácio José Marcelino Lagarto

domingo, 6 de setembro de 2020

NAS ASAS DA SAUDADE



Voando nas asas da saudade
Abraço no céu azul o luar, 
Beijo a estrela brilhante
No jardim da bondade!...
Vejo um anjo a saltar, a brincar
sobre a relva verdejante.

Usava canudos no cabelo,
Bata branca para a escola
No terno sonho sonhado.
Seguia por caminho belo
Com sábios livros na sacola
E no rosto, sorriso encantado.

Figura esbelta, de pele clara,
Corria na rua alegremente
Para no amanhã ser Mulher.
Vestia de esperança rara,
Lançou ao tempo a semente
E boa colheita oferecer!

Da janela para a natureza
Planeava lindas ambições
A fim de erguer um lar amado!
Com segurança e certeza
Partilhou na vida as emoções
Na varanda ao sol junto ao Sado.

Somaram-se alvoradas
Alimentando com fé a Cultura
Enquanto o vento não soprava.
Modelaram-se fainas criadas,
Acendeu-se  a luz da ternura
Cuja vivência aconchegava!

Setúbal, 04/09/2020
Inácio José Marcelino Lagarto