terça-feira, 31 de março de 2020

FILHOS DE MARINHEIROS



Dobram-se joelhos ao céu
pedindo a Cristo protecção
sofrendo como Ele a própria dor;
velam sonhos desfeitos,
nesta Páscoa sentida -
silenciada,
jamais esquecida!...
Em turbulenta caminhada
pela prisão do amor.
Aguarda-se de Deus um milagre
sobre a pandemia no mundo
deixando o pensar moribundo.
Relembramos os espinhos e a cruz,
no dia fez-se escuridão;
acendeu-se uma nova luz,
conquistando o homem e o perdão.

Havia sol e trovoada,
depois a Terra ficou serena
pelo sopro da nova aragem.
Ao tormento veio a madrugada,
a voz na vida tornou-se plena
entre rosmaninho na viagem.

Vamos superar este momento,
com esperança, inovação,
saber e criatividade.
Lançamos as velas ao vento
como as naus na partilha, paixão,
a bem da comunidade.

Neste longo jardim à beira mar
sabemos transpor os nevoeiros,
com Deus unidos no trabalhar!
Somos filhos de marinheiros.

Setúbal, 01/04/2020
Inácio José Marcelino Lagarto 

domingo, 29 de março de 2020

SENTIR E VIVER


Há no ar tempestade
vem a existência assombrar;
corre pelo mundo à vontade
sem a ninguém a poder parar.

Surge veloz na viagem,
desafiando a ciência;
sem perder a voragem
ataca a paciência.

Traz o frio sem vento,
o calor em turbilhão;
cofunde o pensamento
e o pulsar do coração.

Prende em casa a mágoa,
condiciona os beijos;
os olhos brotam água,
à vida pedem desejos.

Que terrível sensação
com mistério a pairar;
cria no sonho inquietação,
não o deixa descansar.

O jovem perde a escola,
o adulto o trabalho;
informática nova mola
com Pen em vez do malho.

Neste tão duro sentir
segue longo tormento;
tira ao povo o sorrir
fomentando o lamento.

O sol votará a brilhar
no céu azul como manto,
a pandemia a findar!
Entrega ao viver encanto.

Setúbal, 29/03/2020
Inácio José Marcelino Lagarto

sábado, 28 de março de 2020

ACREDITA NA BONDADE


Bonito dia que nos consola vendo o sol,
cujo vírus, sempre atento, ataca;
preso em casa, leio sobre futebol,
olho à distância o barco como farol,
tudo ignora e no cais atraca.

Aproveito tão terrível momento
admirando a paisagem de longe;
atrás da janela esqueço este vento,
faço ginástica no pavimento,
sigo as regras ditadas, como um monge.

Penso na vida e futuros desejos,
divago por tristeza e harmonia;
no carinho do abraço e beijos,
aprisionados… sem festejos,
actual crise condiciona a fantasia.

Mergulho no mar sonhado,
pinto um quadro, deste tempo real;
não falta castelo abandonado
entre arvoredo desnudado
que foi honra e glória de Portugal.

Não martirizando a mente 
dedico-me a escrever, ao estudo;
à caminhada jamais sou indiferente, 
controlo o perigo solenemente
a fim de vencer a batalha, ser sortudo. 

Sou homem de mãos calejadas,
partilho com a vila e a cidade;
do aprender em aulas trilhadas
e com querer trabalhadas!...
Acredita na esperança e bondade.

Setúbal, 28/03/2020
Inácio José Marcelino Lagarto



sexta-feira, 27 de março de 2020

MUNDO BELO

(Os Silêncios perturbam o sonhar)


Mundo, mundo, vasto e belo!
Sofrido,
perseguido;
teus filhos caminham assustados,
porque afinal!
Submissos às regras em geral,
sem culpas nem pecados;
ferem os sonhos sonhados,
esperam por uma solução,
a fim de calarem os corações.

Nós adoramos o Planeta Terra,
nele vive nossa vida,
ao vento a acenar
e ao sol a brilhar,
com esplendor.
Porquê? Tamanha ingratidão,
silêncio, dor sentida;
os olhos choram,
imploram,
falta-lhes a partilha do amor.

Solicitamos à mente mais zelo
sobre este anjo mau
que vagueia no espaço;
no dia claro, na noite escura,
sacia desejos e ambição,
não escolhe credo ou raça,
invade a rua e a praça
sem obedecer à Lei de Deus.
Enviado pela força  do diabo
vai humilhando a população.

Neste viver em árdua guerra,
com medo, errante,
como castigo, desobediência,
à riqueza em geral,
porque afinal,
deixa-nos meditar!...
Ninguém respeita a Natureza,
nem a corrente do caudal
que desce além da montanha
alimentando o rio e o mar.

Setúbal, 27/03/2020
Inácio José Marcelino Lagarto


quinta-feira, 26 de março de 2020

POVO LUSITANO


Esta triste e louca pandemia,
traidora
que de longe, surgiu, sem fim,
destruidora,
está atacando o mundo!
Com crueldade,
roubando a liberdade,
o sonho deste jardim
e assim, o coronavírus, maldito
anunciado… 
muda a partilha, a fraternidade,
a paixão,
o abraço, o aperto de mão,
limita a voz, a amizade.

Deixa a primavera a cismar,
ouvindo o vento
que sopra no nosso destino,
desfiando as pétalas das flores!
Visões, suspiros, evocações
sobre o momento.
No ar vêm-se pássaros voando,
alimentando ternos amores.

Entristece a luz do dia,
cria pesadelo,
atravessa longos horizontes 
escurecendo o mundo inteiro!
Governos e famílias ficam aos ais,
trabalhadores de zelo
cumprem com dignidade,
lutam contra feroz obreiro .

O sol voltará a brilhar,
em solenidade
a fim de agradecer, sem distinção,
o calor e o crer humano 
porque vai tudo ficar bem,
com a bondade
nas memórias de pasmar,
do povo lusitano.


Setúbal, 26/03/2020
Inácio José Marcelino Lagarto



segunda-feira, 23 de março de 2020

LÁGRIMAS SALGADAS



Lágrimas salgadas no tempo
pela calamidade mundial,
circunstancial!
Rouba a tranquilidade
causa opressão,
traz temporal, carinho 
à sociedade civil,
toca no coração;
cria ansiedade
e solidão!...
Tira a liberdade
à população internacional.

As palavras acordam os silêncios
da mente sentida,
torturada
assustada
que nos enleia;
transporta medos
entre mistérios e degredos
sobre a guerra biológica,
destruidora!
Fecha-nos em casa,
limita os espaços
humilhando o povo, 
como grades de uma prisão.

No olhar brilha o sonhar,
esperança
o acreditar
e a confiança
nesta quadra primaveril!
Florescem os cravos e as rosas,
também os amores;
a paisagem é bela
neste país como uma tela,
cujo homem pintou
com a mão do Criador
pelo sol e chuva vinda do céu.,

Setúbal, 30/03/2020
Inácio José Marcelino Lagarto

domingo, 22 de março de 2020

É PRECISO ACREDITAR


É preciso saber usar o tempo, sem medo,
esculpindo o mundo em segredo
a fim de fugirmos à solidão.
Somos gente, actores, cozinheiros,
porque não? Fiéis companheiros,
em ansiedade alimentando o coração.

A esperança torna-se peregrina,
credora de uma força divina
por causa de tanta maldade.
Nesta terna primavera em flor
cujo campo solicita quente amor
e lá iremos brindar à Liberdade.

É urgente silenciar o gemido
em que vive o nosso irmão ferido,
a necessitar de auxílio!
Escutar os nobres conselhos,
de enfermeiros médicos, saberes velhos, 
o povo lutador sofre de exílio!

Os governantes tomam medidas,
nem sempre bem entendidas
sobre uma crise, triste e real.
As sombras as vozes calam,
sem ideais os perigos dominam
a estrela internacional.

Acredita, olha e segue em frente, 
pelo abril da vida florescente
que trouxe ao país a harmonia.
Iluminado soube vencer,
recuperando o renascer!
Tornou a noite em luz do dia.


Setúbal, 22/03/2020
Inácio José Marcelino Lagarto





sábado, 21 de março de 2020

VITÓRIA FINAL


A calçada da rua chora,
gente em casa implora
que acabe este vendaval.
Fecham o café e o bar,
pouco carro a circular,
resta apenas o terrível mal!

Família na sua bela graça
espreita de trás da vidraça,
olha o sol sem o apanhar.
Tem medo da verdade,
traz no sonho saudade,
passa o tempo a meditar.

Este calmo rio azul
partilha com o norte e o sul,
toda a sua beleza.
Grita bem alto ao vento
porque surge o tormento,
castigo da Natureza.

A vida, nesta esperança vã,
quer acordar a manhã
entre desejos e abraços!
Sentir a brisa no rosto,
acariciá-la com gosto
e dormir sem cansaços.

Na viagem de solidão,

cujo vírus fere o coração, 
faz sofrer o carinho.
Será eliminado
e o povo libertado,
vitória final no caminho!

Setúbal, 21/03/2020

Inácio José Marcelino Lagarto

quinta-feira, 19 de março de 2020

PRIMAVERA DAS FLORES



Chegou a calma primavera
nestes tempos enublados,
em que brilham as flores.
Mudou a estação da atmosfera,
ouvem-se sons magoados,
esperam milagres às nossas dores.

A Páscoa recorda a Ressurreição
em que fala do sofrimento,
de Cristo na cruz erguida.
O povo, crente na vida e união,
aguarda sagrado momento,
encontra a luz na força perdida!

Os segredos da luta assombram
o cheiro a alecrim, rosmaninho,
a borrego e ao bolo sobre a mesa!
Em belo convívio celebram
a amizade, hoje, sem beijinho
selam tão dócil e grande riqueza.

Libertados deste nosso pranto,
com esperança e sem lamento,
voltaremos a mergulhar no mar!
Espalhando alegria e encanto,
com riso e contentamento
enxugando a lágrima do olhar.

Sonhamos com a tranquilidade,
da toalha, na praia estendida, 
recebendo o sol quente de graça.
Gente clama por saudade, 
porque a mente anda confundida,
visões! Cujo coração despedaça.

Setúbal, 20/03/2020
Inácio José Marcelino Lagarto

terça-feira, 17 de março de 2020

TENHAM FÉ, ESPERANÇA


Olhem a vida com confiança,
tenham fé, esperança,
vamos em conjunto ficar bem.
O covid -19 é dura batalha,
louca guerra a quem trabalha
e a vitória depressa vem!

Não escolhe a idade,
rouba a bela liberdade
criando, no povo, a confusão.
São decretadas medidas
a fim de curarem as feridas
que pairam nesta ocasião.

O aperto de mão fica à espera

cujo vírus, não trepe, como a hera,
alterando a força bendita.
Tome conta da alma cristã,
do homem crente do amanhã
por causa da pandemia maldita.

Como a ave o sonho esvoaça,

a rosa saúda a quem passa,
o amor é de toda a gente.
Neste momento de carência
voltamos à inocência,
ao renovar a nossa mente!

Quarentena obrigatória,
desatada da memória
na escala internacional.
Surge um novo cenário,
no qual, acabe triste fadário
sobre isolamento social!


Setúbal, 17/03/2020
Inácio José Marcelino Lagarto



domingo, 15 de março de 2020

C O V I D - 1 9


Coronovírus comanda o mundo,
o caus torna-se profundo,
já não há partilha, aperto de mão.
O povo caminha assustado,
a todo o tempo avaliado,
só espera o evoluir da situação.

Estão hospitais, médicos em alerta
a fim de intervirem na hora certa
e, silenciarem terrível doença.
Os governos, tomam medidas
com garantias fortes e sentidas,
protegendo a vida, nossa pertença.

Fecham escolas, serviços e mercados,
são praias e os lazeres interditados
assim como, as necessidades de momento.
O convívio social fica alterado,
novo pensamento aconselhado,
a pandemia ronda o movimento.

Fala com o próximo, à distância, com amor,

ele é teu irmão, amigo, por favor,
nascido e criado em bela comunhão.
Este sacrifício é necessário,
surgido além do imaginário,
o tema, acelera o bater do coração.

No conforto da casa medito, escrevo,

vejo imagens no olhar entre relevo,
penso na crise igual a uma guerra.
Os sonhos iluminados lamentam,
lembranças antigas enfrentam,
aguardam que a Paz regresse à Terra!

Setúbal, 15/03/2020

Inácio José Marcelino Lagarto

sábado, 7 de março de 2020

VIANA DO ALENTEJO




Viana do Alentejo, terra fértil sagrada,
com Castelo na encosta, a brilhar,
na tela, como glória, na vida lavrada.

Tem Igreja Matriz ali erguida, 
um pórtico manuelino a convidar,
a visitarem a arquitectura sentida.

De sol quente e sombras nos montados,
falam de segredos, do viver e do cantar,
do trabalho entre  sons magoados.

A planície ilumina as cores
com Nossa Senhora de Aires no altar,
acalentando sonhos e esplendores.

Brotam águas das nascentes,
contra a cobiça que surge no ar,
trazendo esperança às sementes.

Desfilam imagens do passado,
na luz e no amor a despertar,
elevam o crer na força do arado.

Não esquecem os rios e os salgueiros,
jamais o vento forte no soprar, 
nem a luta dos irmãos, companheiros.

Setúbal, 07/03/2020
Inácio José Marcelino Lagarto





domingo, 1 de março de 2020

ENTRE O SADO E O ALENTEJO


Entre o rio sado e o Alentejo
existe um sonho a desbravar;
neste caminhar me revejo
e tenho a serra a iluminar.

Viajo pela noite e pelo dia
com a vida companheira;
abraço a jornada na poesia, 
sinto-a como chama guerreira.

Viana foi meu nascimento,
em Évora a força divina;
Setúbal oferece-me alento...
numa crença cristalina.

Porto Covo, lugar de lazer
e a todas entrego o coração;
Com elas partilho o viver...
minha fé, minha eterna paixão.

O olhar perde-se na vastidão
pelos campos, praias e areais;
difunde-se rente ao chão,
cujos raios solares brilham mais.

Mergulho na saudade,
esboço um quadro original
em que não falta a amizade
e o saber do povo de Portugal.


Setúbal, 01/03/2020
Inácio José Marcelino Lagarto