sexta-feira, 28 de novembro de 2008

BOATO?!


BOATO?!

( Nasce... )
Como grão de areia;
Toda a notícia
Semeia
E fica...
Bela caldeirada!
Cresce
Em ebulião,
Desde o hall
Ao fim da escada.
Torna-se
Em exaustão,
( Não resta... ) Pingo de moral!
Habitam o mesmo canil
À espreita da dentada -
Têm habilidade senil,
Desde o Verão... ao Outono;
Já perderam a Razão
Tiram ao Povo... O sono;
Não ouvem a voz do dono
Em vez de esperança
Há confusão.


Setúbal, 20/10/2002
Inácio Lagarto

AMBIÇÃO


A mente julga, o coração perdoa
Nesta estrada da vida... Percorrida!
A nobre meta não foi atingida
Porque a força de poder é «Leoa».

O SER... Por egoísmo e cobardia
E, sempre pendente ao firmamento
Não ouve a razão mas o lamento;
Esquece a verdade por ironia.

As palavras longínquas que ditei;
Seiva deleitosa, por mim criada
... Linda paisagem que um dia tracei.

O sonho faz parte da caminhada.
Se fui incompreendido? Não Sei!...
Porque árvore sem raíz... Não é nada!


Setúbal, 23/04/2003
Inácio Lagarto

SOLIDÃO


São horas de solidão, a pensar...
Há nevoeiro sombrio que vive em mim!
Não sei qual o princípio ou o fim
Mas, tenho um enigma a decifrar.

O sonho nasce como a verdade,
Fruto da força e belo viver;
A esp´rança é como o amanhecer,
Só pode acabar para além da idade.

A glória e fé vivem em segredo
Mas, será razão para tanto medo?
Ambas são luz que nos fazem sorrir.

Apenas sei que sou parte do Ser!
Porque luto e desejo aprender,
Vou encontrar o caminho a seguir.

Setúbal, 23/11/2002
Inácio Lagarto

V I D A


Nascer, Viver e Morrer
São três destinos vitais.

NASCER:
Será ter e sonhar
Será começar
É algo que floresce
Num campo de ilusões
É o princípio do sonho
Duma vida programada
Que tanto foi desejada.

VIVER:
É alimentar a esperança
A razão do Ser.
Será a continuação
Duma grande ambição
Que a vida nos reserva.
É a concretização dos sonhos,
Da esperança e desilusão.
É a passagem pela vida
Que a todos foi traçada
Mas nem todos a realizaram.

MORRER:
Será o fim ou o começo?
Será a esperança,
Será a libertação,
De tanta ambição
Que todos nós sonhamos.
É ter confiança
No que acreditamos.

Setúbal, 11/05/1995
Inácio Lagarto

RECORDAÇÕES DE CRIANÇA


Como foram belos
Os anos de criança
Jogando à bola
A saltitar,
A brincar.
Jogar ao berlinde,
À malha ou ìnteira,
Pela VIDA inteira
Só é recordar.
Jogar ao pião,
Puxado com um cordão.
Saltar ao eixo-rabaldeixo
Cantar e estudar.
De calções rasgados
Sapatos furados
Dar asas à imaginação;
Apenas quer Carinho,
Percorre o Caminho
Procura a Razão.

Setúbal, 28/10/1997
Inácio Lagarto

PÁRA OLHA ESCUTA


Recorda
Esquece
PÁRA
Repete
O que queres FALAR.


Esquece
Canta
Chora
Sorri
OLHA
O despertar.

Pensa
Sonha
ESCUTA
O coração
Para amar.

Setúbal, 30/10/1997
Inácio Lagarto

REVIVER


Viver e ser amado,
É gritar pela razão;
Ter um dia sonhado,
É amar ou ilusão?
Viver despido de tudo
Mas, alimentar o seu SER;
Sentir minuto e segundo,
Olhar p´lo nosso QUERER.
Nascer um dia do nada,
Em nada um dia ficamos;
Lutar por coisa sagrada
É sinal do que acreditamos.
Fazer a vida acordado
Pensar... Não é vergonha!
Defender... Não é pecado!
É ajudar quem muito sonha...
É ter esperança nas ambições,
De ver o Mundo correr;
Tantas e tantas são as emoções,
Para voltar... A RENASCER.

Setúbal, 30/01/2001
inácio Lagarto

NADA SEI


Eu só sei que nada sei
Tenho muito que aprender
Mesmo, pensando que sei
Depois de tanto saber

Só por isso eu não julguei
Mesmo tendo de julgar
Também sei que cumprirei
Nisso tenho de pensar

Neste longo pensamento
Palavras leva- as o vento
Nisto temos de pensar

Apenas só sei que sei
Que apenas deixarei
A imagem a recordar.

Setúbal, 23/06/1999
Inácio Lagarto

SEMENTE E VIDA


Sou semente
De um Ser
Por tanto te querer
Vivi e procriei.
Por tanto que amei
Sofri
E já não sei
Se mereço
Ser ou não Ser.
Tudo tem razão
Porque não?
Ser e não Ter
Ter e com razão.
Ouvir a Voz da Razão
Porque Ser é Ter
Ter é Ser...
Fruto do teu CORAÇÃO.


Setúbal, 26/10/1997
Inácio Lagarto

MÃE POR ANTECIPAÇÃO


Não são mães por acaso,
Aquelas que Deus nos deu;
Têm filhos, antes do prazo,
Lá por terem partido um vaso,
A bela planta , floresceu.

Ter no colo. lindo rebento,
Não é, abandonar os bons sonhos;
Foram levadas, ao som do vento,
Numa ambição de momento,
Naqueles desejos risonhos.

Um bebé é uma bênção
Não pode ser rejeitado
Esqueceram a contracepção,
Nasce fruto da união,
Vem à vida, para ser amado.

Fazem parte de todos nós,
Neste Mundo de competências;
Desde os pais aos avós,
Sem Governos, estamos sós,
Se omitirmos as vivências.

Sem ruído, a alma cala,
Se o emprego fosse tesouro?!
Só idade, não embala,
Todo o tempo, tem sua fala,
Como garante, do belo ouro.

Setúbal, 25/11/2008
Inácio Lagarto


terça-feira, 25 de novembro de 2008

TIVE MEDO




Acordado, sinto e medito,
Vivo e quero ver-te!
No ontem não acredito
E, hoje ainda pressinto...
O medo que ficou em mim!
Desejo a chama dos corpos!
Quero olhar o teu sorriso -
Esquecer teu sofrimento -
Nem que seja, por momento.
Não suporto a solidão,
Quero ouvir a tua voz -
Sentir teu coração -
Admirar tua beleza;
Esta realidade me apavora,
Neste viver de incerteza...
À espera daquela hora!
Pudesse eu, ver a verdade!...
Ou ler a existência!...
Outra, seria a vontade
E, mais bela nossa vivência!



Setúbal, 23/07/2008
Inácio Lagarto

MENTES PERVERSAS




Há vidas perversas,
Com falta de cultura;
Reagem sem pensar -
Julgam os inocentes!...
Fazem conversas,
Sem nenhuma lisura.
Queimam o ar -
Divagam as mentes;
Não sabem o que fazem,
Nem aquilo que dizem;
Porque dizei -lo?
É como roçar o cabelo -
Seu consciente é imperfeito;
Guardam em si, um segredo,
Tão forte como rochedo;
Falta-lhes jeito
Porque o amor: - É de crença e medo;
Sua alma é um torpedo.

Setúbal, 24/07/2008
Inácio Lagarto

UM AÇOITE


Dói - me a cabeça,
Um aperto no peito;
Ouvi uma sentença,
Dum triste efeito.

Em mim mortifica,
Sangra a doçura;
Água solidifica,
Deixou de ser pura.

Quer a mente quebrar,
Da força de artista;
Senti - me atropelar
E, feri minha vista.

Voltou o Inverno,
Trazendo a noite;
Desci ao inferno,
Levei um açoite.

Discurso perverso,
Repleto de enganos;
Só encontro em verso,
Frescura dos anos.

Vou sair da treva,
Porque sou sonhador;
A vida me eleva,
Sou um rimador.

As palavras loucas,
Ditas em terramoto;
São frágeis e poucas,
Para quem é devoto.

Só a marcha agita,
Acalma ao relento;
De gente bonita,
No seu movimento.

Setúbal, 31/07/2008
Inácio Lagarto

ATITUDE


Atitude comanda a vida,
Em acto comportamental;
Alegra e é dividida -
Com sorriso profissional.

Comunicar - comporta beleza,
Sobre aquilo que cativamos;
É um bálsamo, na fortaleza
Que pouco a pouco criamos.

Do nada muito se cria,
Se existir competência;
Quanta riqueza haveria,
No partilhar a vivência!?

No tempo, tudo se promove,
Quando os sonhos não são fúteis;
Até o rochedo se move,
Se os ventos forem... Férteis e úteis!

Naquela imensa areia
Que surge à beira dos caminhos;
Tudo seca e não premeia,
O que nasce, traz vícios daninhos!


Setúbal, 30/07/2008
Inácio Lagarto

PROCURO UM CAIS


Rio Sado,
Porque não te acalmas?
Eu na vida perdi o rumo!
Envolvi-me, no teu ondular,
Naquelas águas profundas -
Correndo além do Mar!...
Na Foz, deixei a alma;
Por entre espesso nevoeiro
Que mais, parecia fumo;
Trepou ao cimo do outeiro -
Ofuscou a Arrábida e o Outão,
De imagens densas e fecundas.
Ah!!!

Quem me dera encontrar!...
O meu EU! Minha razão!
Percorrer novos Mundos,
Sem suspiros, nem ais -
Esquecer a solidão
E, ancorar no mesmo CAIS.



Setúbal, 27/07/2008
Inácio Lagarto

PÁGINAS DA VIDA


A vida, ao ser folheada,
É como um rio a correr;
Bate nas pedras a gemer,
Só cala se for parada.

Ela descreve o sentimento,
O grito da sua alma;
A voz solene, com calma,
Num tom trinado, do momento.

Como a água, brilha do nada,
Abre caminhos, com sonhos -
Por vezes, alegres ou medonhos,


Corre contente para o mar;
Marulha se bem desejar,
Só cala se for parada.

A vida é abençoada
E, mais tarde partilhada,
Num tom trinado, do momento.

Setúbal, 27/07/2008
Inácio Lagarto

DESEJO DE VIVER


Tive um tempo, tive um dia,
Outro tempo p´ ra sonhar
Hoje, não existe magia...

Perdi parte do viver
Mas, não deixei de amar!
Só me interessa o saber.

Quebrei a fina pena,
Já não posso voar...
Por entre a noite serena.

Resta em mim o cansaço,
Daquela manhã a vazar...
Porque partiu meu laço!

Meu sentir está presente,
Vem a gota enxugar;
Evoca à luz ternamente

Pede o que o SER sente -
Quer a vida desejar;
Sua alma , anda ausente,

O meu corpo vive a lutar.

Setúbal, 26/07/2008
Inácio Lagarto

VIDAS FERIDAS


Três meses passados,
Vidas quebradas;
Sonhos sonhados,
Horas molhadas.
O tempo não muda,
Minutos se guardam -
A mente saúda,
A Virgem Maria!!...
Segredos bradam,
À bela valentia,
Nossa alma cala -
Uma Luz nos guia...
A Mãe fala!
Usa de compaixão
E, nós sentimos,

A voz da razão!
A dor nos desola,
Porque existimos;
Tua força consola
E, nós resistimos.

Setúbal, 20/07/2008
Inácio Lagarto

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

MENINO


Menino não chores
Não sejas criança
Tem esperança!

Menino não corre
Não pode saltar
Há-de brincar.

Menino não ri
Não sejas petiz
Tens de ser feliz.

Menino não sorri
Não podes olhar
Tens de trabalhar.

Menino não dança
Não podes saltar
Tens de Amar.


Setúbal, 31/10/1997
Inácio Lagarto

MELANCOLIA


Na rua, ressoam suspiros,
Do Alto, vem a tristeza;
Como um grito que enfurece
Porque? Perigos fazem giros...
Na sombra,
Na incerteza -
Trémula alma não adormece,
Vive louca de martírio!
Resta Fé ao existir...
No sentir,
No viver
E, no colher...
O branco lírio,
A esperança permanece!!!
Sobre a flor que já foi minha!
Naquela manhã, soprou o vento,
Levou a mais bela rainha
E, deixou-me o dia cinzento.


Setúbal, 17/07/2008
Inácio Lagarto

SINTO E PENSO!


Perdido
Neste espaço,
Na Avenida sonhando!...
Ferido
Em terno laço,
Sem saber o que faço...
Meo sentir... Fica pensando!
No vencer a nostalgia,
Solidão
Confusão,
O ser ignorado!...
Acordado,
O sono agita!
Na minha mente habita,
Aquela dor fria;
Ouço o que o vento diz-
Numa voz que a gente tem,
Sobre aquilo que não quis
E, Não vejo ali ninguém!


Setúbal, 16/072008
Inácio Lagarto

PASTORÍCIA


Corre o rio, vem apressado,
Por terrenos serpenteando;
Tudo nele é arremessado,
Alaga margens e o prado...
Só o Sol o vai quebrando!

Rasga madressilva, do silvado,
Marulha água ao correr;
Na verdura, pasta o gado,
Depois, o campo é lavrado,
Lança-se semente p´ra vencer.

Parte da terra, fica em baldio,
Quer repor o seu cansaço;
O pastor vive vazio -
Passa a noite e Inverno frio,
Com o rebanho naquele espaço.

Vagueia por vales e montes,
No meio do mato e rochedos;
Molha lábios, em toscas fontes,
Olha de frente os horizontes,
velho poço, guarda segredos.

Findo o dia, volta à choupana,
Segurança está no redil;
Dorme na esteira, telhado de cana,
Fiel cão, não o abandona,
Vigia por perto, o lobo vil.

Ao homem guia a razão,
Não lhe deram outro guia;
Acompanham-no a solidão
E, a riqueza da visão,
Só a força o alumia.

Viana do Alentejo, 14/07/2008
Inácio Lagarto

sábado, 22 de novembro de 2008

GASTRONOMIA ALENTEJANA



Gastronomia Alentejana,
Ela é muito admirada;
Cozinhada com força humana,
Todos os dias da semana,
Pelo Povo é recreada.

Sopa da Vila e do rural,
Não é preciso usar o talho;
É feita, com água e sal,
Coentro pisado, azeite especial-
A bela açorda de alho.

-O gaspacho, leva oregão,
Com pepino da manhã;
-Farinha e louro o cação;
-Migas com carne de pimentão;
-Sopa da panela, hortelã.

Com bom pão, vinagre e água,
Um pouco mais, levam afinal;
Aquecem o corpo, esquecem a mágoa,
Temperam a vida, como na frágua,
Servida à hora divinal.

Setúbal, 16/09/99
Inácio Lagarto











FONTES

Com muita água a correr;
Numa terra transtagana,
Com tanta força humana,
De sede não vão sofrer.

Existe uma antiga Fonte,
Em Nossa Senhora d´Aires,
Fica no sopé do monte -
Beleza no horizonte,
Imagem para recordares.

Depois, a Fonte da Cruz,
Três bicas, com muita graça;
Outra, também nos seduz,
Tão bonita e com luz -
É admirar a da Praça.

Típica a das Freiras;
Grandiosa a do Rossio;
Vizinhas e pioneiras -
As Cinco, são verdadeiras,
Num marulhar luzidio.

Setúbal, 17/04/2000
Inácio Lagarto

terça-feira, 18 de novembro de 2008

VERÃO DE S.MARTINHO


Nesta Sol de S. Martinho,
O Verão fica a pensar!...
Na água - pé e novo vinho,
na castanha a assar;
Novembro, cheira a Natal -
Paira no ar a harmonia,
Alguma ousadia,
Neste tempo, nada é igual;
Lembram a Paz
Fraternidade
Como amanhã ... Será o dia!
Recordam a saudade,
Naquele querer que nos apraz;
Da igualdade
Ou vazio;
Cujo Outono está a findar;
Dezembro, mês de frio,
Neste sonho do caminhar;
Nasce a força que a fé ergueu,
Vem a vida renovar...
Porque, a esperança não morreu!


Setúbal, 17/11/2008
Inácio Lagarto

domingo, 16 de novembro de 2008

COMO VENCER O INVERNO


Quando penso ainda choro,
Se choro, fico a pensar!...
Em redor, nada ignoro,
Ao perigo quero renunciar.

Caminho ou, vagueio perdido,
Espreito ao longe a solidão;
Se no tempo, fui ferido,
Só a vida , o sabe ou não.

Com o cair da folha, ao vento,
Ele sopra, vem renovar;
Tudo, parece triste, no momento,
Brota água, vem-nos lavar.

O inverno traz agonia,
Com pureza, branqueia a alma;
Ela é leve e muito fria,
Na terra, refresca e acalma.

Bendita seja a primavera!
Faz rebentar os valores;
É glória e não quimera,
Enche os campos de flores.

Felizes aqueles que podem e sonham,
Têm em si força no viver;
Em que as estrelas não se oponham,
Façam o medo desaparecer.


Setúbal, 16/11/2008
Inácio Lagarto


terça-feira, 11 de novembro de 2008

GOTA


É Inverno... Tanto frio!
O branco já nos seduz;
O gelo cobre o rio,
Neblina esconde a luz.

Lá fora já muito neva,
A paiswagem é de pasmar!!!
O sentimento conserva,
A diferença no olhar.

Fica opaca a vidraça,
Surge amarga ansiedade...
Escorre com sua graça,
Uma gota de verdade!

É esperança nevoenta,
Dum incógnito desejo;
Através da água lenta,
Faz pensar e apenas vejo.

Um caminho percorrido,
O desbravar... O viver!
Certo sonho não cumprido,
Acreditar no vencer.

Vem a noite, tudo acaba,
Com o sono e solidão;
Vem a chuva que desaba,
P´ra lavar doce paixão.


Setúbal, 19/12/2002
Inácio Lagarto

MARINHEIRO


Navego numa viagem
Neste barco a remar;
Procuro firme paragem,
Último porto a parar.

Sigo o Sol, olho a Lua,
Vejo estrelas a brilhar...
Recordo a velha rua
... o berço de embalar.

Sinto vento que soprou...
A boca que já beijei!!!
O mar que um dia rasgou
Neste ser que me tornei.

Sinto ondular constante,
Por entre fausta folhagem;
Sou um mero navegante,
Sem bilhete de passagem.

Sou grato ao pó que sou,
Cresci em ebulição;
A nuvem nunca apagou,
A chama duma razão.

Vou chegando no veleiro,
Trago solidão dos montes;
Do chilrear verdadeiro,
Das aves nos horizontes.

Setúbal, 20/12/2002
Inácio Lagarto

HOMEM DO MAR


Pescador de barca bela
Já navegaste à vela
Como foi doce o teu remar.
Hoje tens forte motor
Vais ao mar com tal fervor
Como é rico o teu sonhar.

Não tens receio da vida
A tua sina é cumprida
Seja noite ou mesmo dia.
Tens na lua a protecção
Na rede a ambição
Tua arte é melodia.

Bóia à tona a saudade
A campanha é liberdade
Ficas com nervos em feixe.
Passas para além da Ilha
A onda bate na quilha
O teu segredo é o peixe.

Olhos postos a orar
Lá longe no alto mar
A ternura te invade.
Velha fé já rememoras
À Santíssima imploras
Senhora da Soledade.

Porto Covo, 10/05/2003
Inácio Lagarto





CONTA CORRENTE


Sentado
a meditar...
Deitando contas à vida.
Cansado,
de quanto lutar!
Numa esperança perdida.
São os sonhos
de criança;
Ambição da mocidade,
os trinta anos risonhos
E na força que avança...
No caminhar da idade.
Houve crédito
p´ra oferecer,
muito débito por escriturar.
A diferença nalgum mérito
foi multiplicar p´ra outro Ter.
O Haver irá julgar...
Neste Balanço do SER;
do EU em dividir
e no somar neste Mundo,
resta, ainda, o querer,
o ver sem subtrair
neste SALDO fecundo.


Setúbal, 17/02/2002
Inácio Lagarto

VIVO NA TERRA


Sou passado
Estou presente
Sou futuro.
Fui criado
Sou gente
Sou amado
Mas, seguro.
Nasci nu...
Como tu!
Trabalhei
Também chorei!
Sou neto
Filho
E irmão.
Sou pai!
Bom amante.
Tenho esperança
Ambição...
Sou um SER
Com confiança
Sou a mão
Para vencer,
Porque não?
Defender:-
A verdade
A mentira
O sofrer...
Toda a ira
E opressão.

SONHO DE NATAL


Há um Natal a festejar,
Sempre que nasce
Uma criança;
Traz alegria ao lar,
É alvorada!
Duma nova esperança;
É o esquecer as agonias,
Quando, no jardim da vida, floresce
Tão bela flor.
Natais... São todos os dias,
Sempre que há Paz e Amor.
Porquê comemorar um só dia?
Em que faz reinar tanta harmonia...
Calam-se os canhões,
Não há fome, nem miséria,
Abrem-se os corações,
Todos são irmãos,
Dão suas mãos,
Ficam a sonhar...
Como o Mundo sabe perdoar!!!


Setúbal, 29/10/2000
Inácio Lagarto

QUERER É PODER


Vivo a vida mas, sou mudo;
Acredito e vejo bem;
Tenho sentimento agudo,
Por ver tanto, não me iludo
Tenho esperança em alguém.

Força, luta e ambição!...

Fui escravo e trabalhei;
Comi o pão do diabo,
Certo dia até sonhei...
Respeitando, sempre, a Lei
Esperei bem acordado.

Força, luta e ambição!...

Os tempos pouco mudaram,
Perdeu-se a UNIÃO;
Dos valores nada sobraram,
Nem todos os respeitaram
Pagamos a má lição.

Força, luta e ambição!...

Resta apenas o QUERER
Desta história final;
Amanhã podemos ter
Não só aquele PODER
Por que sonhou Portugal.

Força, luta e ambição!
É o grito da RAZÃO.


Setúbal, 18/06/2000
Inácio Lagarto

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

HIPOCRISIA


A vida é uma semente
Que a todos se patenteia
Todo o SER vive e sente
Um desejo que nos mente
Mas, só colhe quem semeia

Nela mistérios habitam
Guarda um grande saber
Só alguns ENTES a fitam
Quantos lutam e hesitam
E tão poucos querem ver.


Setúbal
Inácio Lagarto

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

REFORMADO


Tu que és Reformado!
Tem coragem no sofrer;
Não te sintas abandonado!
Tem vontade em viver.
Não ligues à solidão;
Vive a tua ilusão-
Não medites à noite, sem sono;
Deixa o caminho incerto,
Tua vida já tem dono
E, tens um destino certo.
Deixa a saudade -
Vive a tua liberdade,
Tua meta não foi falhada;
Tua vida, também não!
Seguiste tua estrada -
Amaste com o coração.
Lançaste boa semente,
Destino de muita gente!...
Tua vida foi uma mensagem!
És símbolo da razão.
Cumpriste naquela viagem...
Esperança , de nova geração!


Setúbal, 06/05/1999
Inácio Lagarto

MULHER ALENTEJANA


Ceifeira enamorada
Mulher linda sem igual
Em terra preparada
Em Aldeias de Portugal
Mondadeira Alentejana
Cortando ervas daninhas
Em terra Transtagana
Feliz e sorridente
Fruto de muito trabalho
Duma mesma caminhada
Torrada pelo Sol ardente
Mulher Simples e Apaixonada
Apanhadora de azeitona
Amassando o nosso pão
Ela trata dos filhos
Tudo com a mesma afeição
MULHER ALENTEJANA
Riqueza duma Nação.


Setúbal, 27/10/1997
Inácio Lagarto

TODOS OS SANTOS


Novembro está chegar,
É o Mês de Todos os Santos;
O Outono quase a findar;
não é igual a outros tantos.

Festeja-se o dia UM,
No Dois, recordam-se os Finados-
Ambos muito glorificados;
Como ONZE, não há nenhum: _
Há castanhas e água - pé,
Baco por todos é louvado,
S. Martinho festejado;
Falta por fim, o Santo André?...

Mês de fé e oração,
São belos campos semeados,
Na esperança do bom pão,
Os pedidos são formulados!

Vai o Natal iniciar...
Surgem, lindos sonhos, sem fim!
Perdoam o que foi ruim,
Para votarem a amar;
NOVEMBRO é saldo da vida,
Com calor a florescer;
Nova alegria a renascer,
Numa caminhada cumprida.


Setúbal, 16/10/2000
Inácio Lagarto

SENHORA DE AYRES (LENDA)


Na Era das religiões
Muitas foram as perseguições
Que a história nos vem contar !
E que passo a recordar: -

..........Imagem fora escondida
..........Pelo Povo era tão querida!

Estava um camponês a lavrar,
Para sua terra semear...
O arado encalhou
E, com surpresa, encontrou: -

..........O que viu foi de pasmar!!...
..........Ali... Começou a rezar.


Uma Ermida mandou erigir -
Para todos poderem ir...
Em romagem e devoção;
Lugar de Fé e Oração!

..........Pequena Imagem - Que se vê!...
..........Com MÃE e FILHO, em que o Mundo crê!

Será pelo nome da Serra
Ou, pelas ruínas da Terra ?
Que foi exposta, no Altar
E, por todos a Venerar !?


...........AYRES - No seu sofrer,se chamou
...........VIANA e, Alentejo a Consagrou.

Setúbal, 07/05/1999
Inácio Lagarto

LENDA S/VIANA DO ALENTEJO


Reza a lenda: -
Onde existe a Escola de S. João!...
Cavalgava um Rei Mouro,
Com seu Batalhão
E, sua Corte Real;
Não procuravam Tesouro!
O que desejavam afinal?
Seguiam sua filha -
Moura bela, de encantar,
Dias e noites sem parar.
Fugiu com seu amado,
Pela luz da tentação;
Queria ser livre e sonhar!
Alimentar o coração.
Surge um mensageiro -
Com voz calma e humana
E, que passou a citar: -
«Saiba Vossa Real Majestade!...

«Já hoje VI ... ANA».
-----
Alegre, com ar comovente,
A Princesa mandou buscar.
Com tamanha animação,
Ali mesmo, orden a e faz criar...
Uma linda Povoação!
Com seu NOME - para recordar -
VIANA no bom chamar!



Setúbal, 07/05/1999


Inácio Lagarto




TESOURO ESCONDIDO


Há muito tesouro escondido,
Em lindos campos e trigais;
Por vário Povo trazido,
Neste Alentejo mantido,
Com a coragem dos nossos pais.
.//.
VIANA - «Terra Benfazeja»,
De Évora traz paternidade;
Para defesa foi povoada,
Nos baixos solos é regada,
Vem dos Celtas, sua idade.
.//.
Naquele Castelo octogonal,
De cinco torres erguido;
Bela Fortaleza, de grito real,
Com traça rara e original,
Por D. Dinis foi construído.
.//.
Na velha muralha a cintilar,
Existe «Pórtico Manuelino»;
Igreja Matriz, no evocar
A Arte, do tempo sem par.
Abrindo caminhos ao Divino.
.//.
Cruzam com extensa escadaria,
Amplos espaços monumentais;
Houve « Cortes em Certo Dia »,
João II (Segundo) -Povo/Nobre - ouvia...
Entre entradas ancestrais!
.//.
A Norte - Espreita Horizonte,
Do Sul - Serra e olival;
Transportam água para a fonte,
Olham a herdade e o monte;
Largo S. Luís, Fronte Principal.
.//.
Vila , com Foral muito antigo,
Com alma e força humana;
No gládio e querer sentido,
Seu madrugar foi conseguido,
Do «Saber Alentejano».
.
Setúbal, 06/11/2008
Inácio Lagarto

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

IMPOSTURA


Ser ou não ser
Ou ter razão;
Faz libertar quanto se pensa!...
Porque em redor...
Naquela solidão imensa...
Só há maldade
Hipocrisia
Falta de paixão
E de verdade -
Vida vazia!
Queremos melhor!
Outra visão,
Com dignidade.
Ah! Sombra maldita!
Negra sem rumo!
Nem ela acredita,
No fogo sem fumo.
Há muito que fazer -
Futuro a tratar!
Vive mas, sem querer -
Não sabe lutar!


Setúbal, 23/07/2008
Inácio Lagarto

DIÁLOGO


A noite pergunta ao dia,
Como alegre é o VIVER;
Entre o Sol ou ventania,
Há estragos para vencer.



Rompe o tempo, nasce alvorada,
Com preguiça aparece;
Entre a névoa floresce,
Traz a força renovada.
Enfrenta a mão gretada,
Mostra à vida, querer e magia,
Boa coragem e valentia;
Põe o palco a trabalhar!!...
Nem a tarde o vai calar...
A noite pergunta ao dia.

Responde e revela a face,
Caminha... Não se insinua!
Defende, o tráfego da rua -
Sem intriga nem disfarce.
Espera que a noite voltasse -
Porque o dia foi de doer...
Não dorme para crescer,
Só a sombra o esconde!
Parte, sem saber para onde!...
Como alegre é o VIVER.

Vem a tarde, sopra a aragem,
O SER luta e cambaleia;
Sem luz da estrela ou candeia
Que brilha, no meio da folhagem,
Naquelas árvores e paisagem...
A mágoa foge quando esfria!
Nem sempre a alma fica vazia,
No campo, Cidade ou mar,
Nunca pára o sonhar -
Entre o Sol ou ventania.

Só a noite completa o dia,
Para análise ao que foi feito;
No trabalho ou no leito,
Improvisa o que faria.
Desespera em nostalgia -
Quanto perigo a temer!!...
Despreza o bom saber
E, Políticas Universais,
Em terramotos e temporais,
Há estragos por vencer.

Setúbal, 22/07/2008
Inácio Lagarto

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

ORAÇÃO


Contigo viemos rezar,
Sobre esta Campa Sagrada;
Aquela Paz encontrar,
Porque a MÃE te veio buscar,
Numa manhã,na alvorada.

Repousa tua alma, no Céu,
Teu corpo ficou na Terra,
Dentro deste mausoléu;
De cor de rosa, como um véu
E, quanto amor, nele encerra!

Num Oratório grandioso,
Estão AIRES e FÁTIMA, muito unidas;
Ao centro O SENHOR Majestoso,
Olham o RETRATO formoso,
A protegerem as dores sentidas.

Belo nome, de luz gravado,
Naquele mármore, lindo e quente;
Para que o espaço seja louvado,
Pelos ANJOS, está guardado,
Dando força à nossa mente.

Deixámos nosso CORAÇÃO,
Com palavras, puras e queridas;
São sinais, da emoção -
Lágrimas caídas da afeição,
Naquelas JARRAS floridas.

Um dia... Todos viajamos!
Aqui será , nosso habitar,
Neste Campo que veneramos;
Viana berço que honramos;
Tua saudade - Nosso caminhar.


Viana do Alentejo, 02/11/2008
Inácio Lagarto

FINADOS


Dia de Finados -
Fiel tradição,
De tempos, do hoje passados,
Daqueles que já partiram;
Por eles, chora o coração
E a vida, connosco, dividiram:
.....O caminhar na estrada;
.....Momentos sentidos;
.....Sonhos perdidos;
.....O pulsar da verdade.
O SER!...
Foi tudo ou nada!
Não basta o Ter e Saber
Ou, mesmo lutar!
No princípio, foi o nascer,
Como no fim o morrer,
Só assim, somos iguais.
Perdemos nas vivências,
No respeito e fraternidade,
Nesta frágil existência,
Resta o amanhã;
Porque numa manhã...
Vem renascer a SAUDADE!


Viana do Alentejo, 02/11/2008
Inácio Lagarto

SONO E VIVER


Foi lutar contra egoísmo,
De mentes frágeis e obscuras;
Vagueavam no meio de laxismo,
Agarrados ao pessimismo,
Prepotentes mas, sem bravura.

Houve um tempo, no acreditar,
Sem murmúrio ou queixume;
Muita vontade no conquistar,
Subir ao alto e programar,
Cheirar da vida o perfume.

De inocência e chama intensa,
A luz do Sol nos aquece;
Repleto de alma imensa,
No sofrer nunca se pensa,
Só juventude permanece.

Todos sonhamos com futuro,
Dentro de nós, habita a paz;
Nosso crescer fica maduro,
Surge trovão, vem o escuro,
Nem a força nos satisfaz.

Vem até nós o Outono,
Perdemos o sorriso terno;
Vivemos à beira, dum belo sono,
Temos abrigo e, sem abandono,
Neste existir, curto e interno.


Viana do Alentejo, o1/11/2008
Inácio Lagarto