sexta-feira, 26 de junho de 2009

TRISTEZA NÃO É SER TRISTE


No nascer não há tristeza,
Não é triste acreditar;
Tristeza é, não ter riqueza,
Porque é triste, sem lutar.

Como triste são meus olhos,
Quão triste é o viver;
Porque triste, são aos molhos,
Como triste - nada saber.

A tristeza, ainda existe,
A tristeza floresce;
A tristeza só persiste,
Com tristeza anoitece.

É triste, quem tem tristeza,
Com tristeza, tudo é triste;
Só é triste, com a tristeza,
Se a tristeza vive triste.

A tristeza, não faz falta,
Ser triste, não é sofrer;
A tristeza vai tão alta,
Só é triste quem quiser.

Sem a tristeza, quero amar,
Como é triste, ser governado;
De tristeza, levo a pensar...
Como é triste ser explorado!

Tanta tristeza, no triste,
Triste Povo, no sonhar;
A tristeza não pediste,
Porque o triste tem de acabar.

Somos tristes, nas ilusões,
Com tristeza no querer;
Tristes no esquecer paixões,
Temos tristeza de morrer.


Porto Covo, 17/06/2006
Inácio Lagarto

O APRENDIZ

.. ..................................................................................«Cerâmica
.......................................................................de Júlio Resende»
Peguei no barro e esculpi,
Como aluno de Olaria;
Com o Mestre, estilos vivi,
No partilhar aprendi -
A respeitar a fantasia.

Na peanha, pasta moldei,
Na velha roda a rolar;
Em recipiente, as mãos molhei,
N argila, os dedos apertei -
Deixando lambugem, ao puxar.

No cavalete torneando
Ou, a começar escultura;
Com o «teck» ia desbastando,
Espátula e gancho alisando,
No criar forma, rara e pura.

Eram peças decorativas,~
Executadas, com paixão;
De paisagens estimativas,
Com figuras criativas
... Bela chama na ilusão.

Iam ao forno cozer -
Ficavam: - Toscas ou enchacota,
Depois, pintadas com prazer,
Com esmalte de resplandecer -
Vidradas ... Tinham nova cota!


Lindos trabalhos - exemplares,
De pequenos escultores;
Usadas no ornamentar Lares,
Ternas, - conquistavam pares-
O orgulho d´admiradores.

Daquela hábil aprendizagem,
Deixou, na mente, saudade!
Deu luz,à esp´ rança, em viagem,
Porque saber, não é miragem!!!
É o semear na idade.

Ao palmilhar um caminho,
Em formação e na arte...
Estiliza até o espinho,
Dá vida, à folha e ao azinho,
respeita a regra do reparte.


Porto Covo, 29/07/2006
Inácio Lagarto

ADORMECIDOS


Somos escravos, desta vida,
Por ser bela, não é vivida,
Levamos o tempo a meditar...

Alguns prometem o que não dão,
Escolhem bem a ocasião,
Hábeis e mestres no falar!

Temos sede, no aprender,
Numa fonte de saber!...
Porque da rocha, nascem sonhos;

Os abutres, fazem giros,
No silêncio, aos suspiros,
De tão finos, são medonhos.

Nossa alma, anda enganada,
Tudo quer e não tem nada
... Dorme à sombra da mentira;

Só o Sol é criador,
Como o vento, sopra a dor,
Entre folhagem que se inspira.

Percorrido alto caminho,
Pesado e não sozinho...
Na noite que aparece!

Aqueles desejos, não partiram,
Novas esperanças floriram
E, a razão, já estremece.


Setúbal, 08/05/2007
Inácio Lagarto

REFEIÇÃO


O POEMA é iguaria
Que se põe a cozinhar;
Para o poeta é melodia,
Sempre pronto a glutinar.

É feito: - Com tinta a correr
E a mente a divagar!!...
A palavra fica a ferver,
Vai ao papel a corar.

É temperado, com pimenta,
Coentros, alho e sal;
Cebola, cortada na sebenta,
Vai ao lume especial.

O tema é refogado,
Em azeite, bom e fino;
Com tomate, ali esmagado,
Foi excluído , longo pepino.

Vegetal bem guardado,
P ´rá salada acompanhar;
Som no tacho, é ritmado,
Sem a colher, pode tostar.

Sempre mexido á mão,
Naquele fritar sentido;
Louro, perfuma, com razão,
Em diálogo... Vai ser servido.

Nunca é uma caldeirada,
Convertida em ilusões;
Nem a picante mariscada
ou, guloso prato de rojões.

É suculenta paixão -
Da Natureza a rimar;
Trata notícia, sem pressão,
Dá o pitéu a provar.

Bebe-se prosa, como vinho,
Soneto - champanhe ao brindar;
Serve-se quadra, de pão quentinho,
Quintilha - queijo p´ra tapar.

É tomado com emoção:-
Café, quadra popular;
Digestivo à refeição,
Whisky com gelo, ao declamar.

Porto Covo, 27/07/2006
Inácio Lagarto

O MEU QUADRO

....................................................................................«pintura
......................................................................de Júlio Resende»
Sonho com tinta e pincel,
Figuras que já esbocei;
Paleta, tela e pastel,
Aguarela sobre papel!!!
E com lápis que sombreei!

Tive prancheta presente,
Cavalete com a folha lisa;
Vi modelos reais à frente,
Usei carvão, em traço diferente,
Naquela forma quão precisa.

Fixei cores, quentes e frias,
Num tom claro ou escuro;
Espelhando noites e dias -
Tristezas e alegrias,
Mostrando... Passado e futuro!

Matizei com vária cor!!...
Daquela linda paisagem,
Da árvore, folha ou flor -
Tudo pintei por amor,
Dando sentido à imagem.

Admirei a Natureza
... Seja viva ou, mesmo morta;
Perdi-me naquela beleza,
Composta pela riqueza...
Dos trigais, vinha ou horta!

De olhos semicerrados
E, com mão hábil e certeira;
Muitos quadros foram lavrados
E, pela mente, desenhados!!...
Dos temas, à nossa beira.

Com crayon já naveguei,
Em barcos para pescar;
Na Terra... Casas criei?!
Do azul do Céu e Mar.

Forte e rica é a visão,
No cumprir doce destino;
é dar alma à inovação,
Pode alimentar paixão...
Porque Arte - É Bem Divino.

Porto Covo, 28/07/2006
Inácio Lagarto

quinta-feira, 25 de junho de 2009

CAMINHANTE


No florescer na idade
Procurei, história e Cidade
Comecei uma nova vida
Como o sonho nada pára
No Convento de Santa Clara
Na Escola tive guarida.
Hoje durmo no que sou
O que o Claustro fomentou
Sossega o tempo e a razão
Quanto foi o meu passado
Com destino ali traçado
Junto à Igreja de Santo Antão.


Sou caminhante
Desse Campo Verdejante
Tornei-me num estudante
No Alentejo, do Cantar
Povo de labor
Do Geraldo, o Sem Pavor
Dum Templo com Esplendor
Está em Évora sempre a brilhar.


Foi fundada por Romanos
Sede e alma de Alentejanos
De Resende terra natal
Com muralhas e monumentos
Traz à memória belos eventos
Alimenta o Cultural.
Praça Forte da Agricultura
De fé solene e pura
Com Planície e trigais
Sopram sonhos da aragem
Por entre densa folhagem
Em que o Sol aquece mais.



Setúbal, 11/05/2007
Inácio Lagarto

SEGREDO DE POETA


O poeta dorme e pensa...
Ele suspira por rimar!
Usa a mente, com sentença,
Leva horas a meditar.

Quanta vida nele existe!?
Quando o sonho, também ruiu!!...
Esteja alegre ou, mesmo triste,
Sua corrente não partiu.

De caneta afiada,
Ele esboça a Natureza;
A palavra é embelezada
E, tratada com subtileza.

Fala do tempo, já vivido
E, dum outro por viver;
Tudo cria, com sentido,
Mostra ao Mundo, o haver ou ser.

O passado não renega -
O horizonte ele fita;
Vive de magia e não sossega,
A harmonia, nele habita.

Há segredo na motivação
Que desperta o seu EU;
Misturado com a visão -
Da energia que conheceu.

Setúbal, 13/12/2007
Inácio Lagarto

TRISTES


Trai o sonho a verdade,
Até o pensamento treme.
Tudo chega! Com a idade!
Cansado, o corpo geme,
Trai o sonho a verdade.

Perdido no momento,
Sem saber o caminho!!...
Afugenta o lamento,
Abunda o tormento...
Porque não está sozinho!
Olha p´ró firmamento
E, ao longe... Vê espinho!


Tudo chega! com a idade!

Prazer. Sofrer. Verdade.


Setúbal, 05/07/2007
Inácio Lagarto

MÃE

MÃE
É tudo e nunca nada,
Esteja no Céu ou na Terra;
Sempre presente, como uma fada,
Dum amor que nela encerra.
Ela é força, da existência,
Como nó, crentes em Maria;
Dá carinho, com persistência,
É amparo ao nosso dia.
Uma beleza eterna...
Não se ignora nem esquece!
Aquela árvore que não peca,
Boca suave e terna;
Uma luz que permanece -
Doce fonte que não seca.
Ela é o sorrir,
A riqueza,
Deu-nos vida
E ambição;
Concedeu-nos a subida...
A certeza!
O sentir!...
Que pesa o coração.


Setúbal, 06/05/2007
Inácio Lagarto


domingo, 21 de junho de 2009

TEMPO É CONSELHEIRO


Catorze meses passados,
Sê feliz! No Paraíso!
Nós, vivemos embriagados,
Nesta Terra, sou preciso.

Para cuidar, nosso jardim,
Onde plantámos ... Saudade!
Uma rosa e um jasmim,
Vou regando esta verdade.

Está verde, este canteiro,
Venceste, descansa em paz!
Cá em baixo, ficou o cheiro,
A força que nos apraz.

Teu coração, vibra presente,
Foi cumprir, outra missão;
Deste fruto e semente,
Agora...Dá-nos tua mão.

Tua inocência, no meu caminho,
Teu corpo, fui clamando;
Hoje sigo, quase sozinho,
Só não perco, o teu comando.

Escrevo poemas, não me iludo,
Quero da vida aprender;
Na Internet, leio e estudo,
Tua imagem é meu vencer.

Setúbal, 2/o6/2009
Inácio Lagarto


segunda-feira, 15 de junho de 2009

VÓS SOIS O SAL


Setúbal, Cidade risonha,
De Poetas e Cantadores;
No Rio, a Baía sonha,
Muda a alma tristonha,
Para o jardim, dos amores.

Nos teus Bairros, há União,
De homens e faina do mar;
Tens a Serra, junto ao Outão,
Tantas praias, no coração,
Com paisagem de embriagar.

Vós sois, a água e o sal
Que tempera doce vida;
Nesta graça especial,
Bebendo da força divinal,
Vão marchando, na Avenida.

O passado,não te esqueceu,
Como nobre lutadora;
Fábrica de peixe, aqui venceu,
Teu futuro, não adormeceu,
És Rainha e Senhora.

Setúbal, 12/06/2009
Inácio Lagarto

sábado, 13 de junho de 2009

SENHORA DO AMPARO




Passo a passo, na caminhada,
Trepamos à Reboreda;
Nas Torres, há muito quase nada,
Vê-se Baía, vestida de seda.

Nossa Senhora do Amparo,
Está no alto, a vigiar;
Com seu manto, belo e raro,
Protege o campo e o mar.

De dia, a paisagem enleia,
A imensa vastidão;
À noite, acende-se a candeia,
Ilumina, o presépio do coração.

Cidade verde engalanada,

Dum passado, se ergueu;
Rio e Estuário, de mão dada,
O Pescador é filho teu.

Este baluarte da existência,
Sobrepõe-se à beleza;
Olha o xadrez da ciência,
Partilhando a Natureza.


Setúbal, 12/06/2009
Inácio Lagarto

VI -TE PARTIR


Cheio de mágoas fiquei,
Minha alma, ficou ferida;
Se no tempo eu sonhei,
Nos sonhos, tinha guarida.

Foram noites, sem dormir,
Acordado, pensando em ti;
Um dia, vi-te partir,
Nesta vida te perdi.

De corpo desesperado,
Com coração, sem abrigo;
Senti-e abandonado,
Só o Céu, foi meu amigo.

Sem descansar um momento,
Vivo em silêncio, sozinho;
Não me sais do pensamento,
Tu és força, no meu caminho.


Setúbal, 10/06/2009
Inácio Lagarto

sexta-feira, 12 de junho de 2009

NOITE VADIA


Na noite o fado é vadio,
É alegre e folião;
Quando bebe, sente vazio,
Forte dor no coração.

Canta até as alvorada,
Porque a guitarra gemeu;
Com poemas à sua amada,
Sobre amor que dela perdeu.

Rompe o Sol, nasce o dia,
Pede perdão, ao pecado;
Na ressaca, com ironia,
O seu corpo, está cansado.

No trinado, tem paixão,
Da vida é companheiro;
Chora na escuridão,
No Céu azul, é verdadeiro.

Setúbal, 11/o6/2009
Inácio Lagarto

OUÇO FADO


Alimento minha loucura,
Com barulho e confusão_
A vida, para mim é dura,
Quero afagar, a solidão.

Ouço fado e guitarrada,
As palmas, no aplaudir;
Tenho tudo, não tenho nada,
Vejo o tempo, sempre a fugir.

Com ritmo e melodia,
No cantar, a voz se ergue;
No silêncio, há nostalgia,
Só saudade, nos persegue.

Neste copo, vazio ou cheio,
Nesta sombra e sentir;
Nos ventos eu me enleio,
Ao pecado, vou resistir.


Setúbal, 11/06/2009
Inácio Lagarto

REVOLTA


Naquele grito de revolta,
Triste dor senti!
Vivi sem viver!...
Com uma lágrima, te perdi.
A esperança, ficou envolta,
Sem nada poder fazer;
Tua imagem fugiu...
Deixei de sonhar -
O espaço ruiu,
Fiquei suspenso no ar!
Acordei...
Dum pesadelo!
Disse adeus...
À existência!
Entre desvelo
E sonolência...
Porque O Deus!...
Assim julgou!
Tu formosura levou.
Uma coisa, agora peço,
Com desejo, tão antigo;
Nesta vida, não te esqueço
E, na outra, vou ter contigo.

Setúbal, 09/06/2009
Inácio Lagarto

O MUNDO É BELO


No alto do monte,
Subi à montanha!...
Da nuvem estranha,
Secou-se a fonte.

Olhei para o Mundo,
Desceu uma lágrima;
Acompanhava a mágoa,
Do longe... Ao fundo!

Vi homens em guerra,
Crianças, com fome;
O Povo não dorme,
Emprego encerra.

Alastra riqueza,
Cresce corrupção;
Em doce coração,
Floresce tristeza.

O Globo é belo!
De imensas paisagens;
Em nossa viagem,
Como é bom vê-lo.

Lenta é a hora,
Na Cidade perdida;
O campo e a lida,
Só humano ignora.

É tarde demais,
Exprimem vileza;
Matam a Natureza,
Forças desiguais.

Esperam por nós...
Rios e Oceanos!!
Não somos tiranos,
Nem estamos sós.

Setúbal, 07/06/2009
Inácio Lagarto

segunda-feira, 8 de junho de 2009

MAGALI



Tenho linda cachorrinha,
Uma bolinha de sabão;
Levo o tempo, lavando o chão,
Por causa desta porquinha.

Ela é branca, de manchas pretas,
Esta bezerra vaidosa;
De patinhas é graciosa,
Suas formas, são secretas.


É gordinha e presumida,
De cara angelical;
Quando ralho, por fazer mal,
Logo fica muito sentida,

Chora como uma menina;
Não quer ficar sozinha,
Nem presa, na cozinha.
Corre corre, esta ladina.

De seu nome «MAGALI»
Caniche/Shih - Tzu, sua raça;
Nova vida me abraça,
Com os sonhos que perdi.

Quero pensar, com alegria,
Porque o corpo fica cansado;
Mantendo o dia ocupado,,
Vou esquecendo a nostalgia.

Voltei a ser pequenina,
A sorrir alegremente;
Neste brincar permanente,
Outra luz se ilumina.


«Para Paula»


Setúbal, 06/06/2009
Inácio Lagarto

sábado, 6 de junho de 2009

SANTOS POPULARES


Chegado é o Verão,
Mês de férias, para gozar;
O calor, não surge em vão,
Aquece o fiel coração,
Nesta Quadra Popular.

Começam Festejos do Povo,
Do manjerico e balão;
Faz crescer, um tempo novo,
Por ser natural renovo,
Ao Junho, como tradição.

No partilhar a vivência,
Ressuscita a memória;
No bailar de conveniência,
Arrasta na consciência,
A força Sagrada, da História.

Naquela ternura e, afectos,
Floresce ingenuidade;
Dão passos raros, tão certos,
Sem limitar os aspectos,
Os SERES, dão asas à liberdade.

Vê-se mastro, altivo, no espaço,
Preso em arcos e flores;
Na paixão, estreitam o laço,
Entre musicais, ao compasso,
Na vida, palpitam os amores.


Santo António - Casamenteiro,
Transforma donzela, em rainha;
De Lisboa é Padroeiro,
Une casal, namoradeiro,
Quebra, na Fonte, a cantarinha.

São João, mais folião,
Leva o cordeiro a pastar;
Mostra à noite, bela feição,
Com cravo em devoção,
Quer a fogueira saltar.

São Pedro que nos conduz,
Tem as chaves, da verdade;
Acende a candeia da luz,
Afaga a dor - Nossa Cruz,
Eleva ao Céu, tanta vontade.


Setúbal, 05/06/2009
Inácio Lagarto



MUSICAR A VIDA


Neste rufar, em movimento,
É dar alma à fantasia;
Deliciar o momento,
Com atrevimento,
Tratar o dia, com magia!
Beber e comer,
Da Natureza,
Correr livre no espaço...
Caminhar, com subtileza!...
Da paisagem, recebe abraço!
O viver não tem idade,
Nem o tempo se lastima;
Saber usar, da liberdade,
Porque sofrer, também ensina.
O frio,
Não é vazio...
Com o Sol, a vida aquece!
A corrente que vem do rio,
Tanto alaga como, desaparece;
É preciso estar atento,
À Lei que nos rodeia,
A mente, é uma candeia,
Que ilumina o pensamento.

Setúbal, 04/06/2009
Inácio Lagarto

quarta-feira, 3 de junho de 2009

CORPO SENTIDO


Quem és tu,
Corpo sentido...
Procuras tanta razão?
Andas na vida perdido,
Vagueando na solidão?
Sou quem sou...
Nada mais!
Sufocado em meus ais,
Não sei para onde vou!
Caminho sem caminhar,
Sobre calçada da rua;
Quero viver e amar
E tudo que me pertence!...
Adoro o Sol e a Lua,
O cansaço, já me vence.
Olho! Além... O firmamento!
Uma estrela fugiu...
Outra, se iluminou!
Alegra-se o pensamento
... A que fugiu voltou,
Dando brilho ao meu alento.


Setúbal, 03/06/2009
Inácio Lagarto

AVENIDA DOM JOÃO SEGUNDO


Ampla porta, está aberta,
A Setúbal nobre Cidade,
Deixa futuro entrar,
Pelo Céu, é coberta.
O casario, mostra grandeza,
Lá ao fundo... Espreita o Mar!
Monumentos - sem idade -
São glória e riqueza,
Envoltos na Natureza,
Entre a Baía, a brilhar;
Os barcos, navegam no Rio,
O Sado que é do Mundo,
Como Arrábida, não há igual.
A Avenida, Dom João Segundo,
Paralela ao Hospital,
Caminha, para o Quebedo,
No que foi campo baldio;
Liberta de mágoa e medo,
Corre... Com espada erguida,
Desde a Praça de Portugal,
A sua dama desperta...
A mais bela Capital.


Setúbal, 02/06/2009
Inácio Lagarto

segunda-feira, 1 de junho de 2009

MUNDO EM QUEDA


Ó Saudosa União,
Dá força às cidades novas!
As velhas, perderam a razão,
Por falta de imaginação,
Foram embaladas, com trovas.

Estas, orgulhem o futuro,
Acendam chama da Paz,
Neste cansado Mundo duro;
Porque o existir! Ainda é puro!
Quer seguir, não é capaz.

A Família enraizada,
Vai perdendo o seu fulgor;
Sozinho, ninguém é nada,
Vive com alma abandonada,
Sem fraternidade e amor.

Nesta curta caminhada,
Sem partilha, nem dever;
Pode esperança ser renovada,
Pelos «Filhos da Madrugada»,
E novo sonho renascer.

Nasce o Sol, floresce o pão,
Nesta estrada da vida;
Basta erguer, a terna mão,
Sabê- la usar, com paixão,
Bela verdade, será sentida.

Nesta luz, sempre presente,
Espectadores do imaginário;
Somos levados, ferozmente,
Vamos deixando, de ser gente,
Na capela, mudam o vigário.

Setúbal, 31/05/2009
Inácio Lagarto

MEU ALENTEJO


Meu Alentejo querido,
Do campo que é lavrado;
No Outono é sacudido,
Em que o sono é mal dormido,
Pela força no arado.

O sonho da terra irradia,
Na procura do sustento;
A Primavera, alegra o dia,
Ouvem - se pássaros, em melodia,
Vêm alegrar o pensamento.

O sobreiro fica despido,
Naquele montado, sangrando;
Aquele tesouro escondido,
Ao corticeiro é vendido,
A árvore sofre, lutando.

Aquece calor do Verão,
Sobre louros trigais;
Ceifadas, searas são,
Vão à eira, tirar o grão,
A alma quebra-se em ais.

malteses e ganhões,
Tanto sangue misturado;
Camponeses e patrões,
Quando se cruzam, aos serões,
No seu cantar embalado.

O Sol a casa incendeia,
Realçando a fachada;
A Lua, é nobre candeia,
Na sombra negra, vagueia,
Até romper a alvorada.

Setúbal, 30/05/2009
Inácio Lagarto

SETUBAL TEM MAIS ENCANTO


Setúbal maravilhosa,
Cidade Além do Tejo;
Princesa, fresca e garbosa,
De alma pura, luminosa,
Como tu, outra não vejo.

És Terra de Cantadores,
De Poetas e da Cultura;
Do Elmano e seus amores,
Tens no Mar, os Pescadores,
Que ao Mundo mostram bravura.

Da Arrábida verdejante,
Nos deleita, o nosso olhar;
A bela Tróia brilhante,
Com sua força escaldante,
Vem tua Costa beijar.

Sado Azul é uma bênção,
Corre do Sul, para o Norte;
À Baía. estende a mão,
Tem a Foz, junto ao Outão,
Ao Oceano, chega mais forte.

Traz no ventre, voz dos Romanos,
Do Algarve, velhos cuidados;
À Murtosa, roubou planos,
Caminha com Alentejanos,
Os saberes, são partilhados.

O Homem translada arte,
No silêncio, guarda sorrir
Venha ele de qualquer parte,
Dura lágrima reparte...
Tem no solo, o seu porvir!

Setúbal, 29/05/2009
Inácio Lagarto

EXISTO !







Sou filho das ervas,
Do Sol e Luar;
Caminho nas trevas,
Sem dia aclarar.

Não penso no que faço,
Sou SER que existe;
Sofro neste espaço,
Em vendaval triste.

Nunca fui inútil,
Mui menos, resignado;
Jamais, arma fútil !...
Sou Elo trabalhado!

Fui semente e fruto,
Do campo verdejante;
Lavrado em bruto,
Na terra brilhante.

Correu o cuidado,
Como água no rio;
Já de olhar cansado,
Surgiu um vazio.

As angústias nos calam,
Nas palmas em ouro;
Só vivências nos falam,
Das folhas do louro.

Sonhei com idades,
Com outros clarões;
Vieram saudades,
Nuvens e trovões.

Luto - Quero viver!
Ao leme, rompo os véus;
Cumpro, duro dever,
P ´ra chegar aos Céus.

Setúbal, 27/05/2009
Inácio Lagarto