segunda-feira, 31 de agosto de 2009

REFLECTIR


Nunca fui de avarias,
Sempre gostei do lutar;
Vivi sonhos e fantasias,
Naquele querer, quis acordar.

Pouco a pouco, fui formando...
Personagens e minha mente!
Com o tempo alcançando,
O que outrora estava ausente.

Com qualidades e defeitos,
Confiante no sentir;
Não fiz parte, dos eleitos,
Soube com razão, resistir.

Cheirei perfume das aragens,
O som dos ventos magoados;
Fixei olhar nas paisagens,
Senti corpos revoltados.

Transportei as tentações,
Modifiquei velho destino;
Parti amarras, segui paixões,
Como um dócil peregrino.

Mestre Sábio não imito,
Quebro a alma em estilhaços;
Medito, na luz do infinito,
Aguardo de Cima, longos abraços.

Nesta vida, sou caminheiro,
Em que a tarde já se esfuma;
O Sol que irradia por inteiro,
Com a noite, fica em bruma.


No reflectir verdadeiro,
Sem Ele, a força não é nenhuma.

Setúbal, 29/08/2009
Inácio Lagarto

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

CRESCENÇA


Brilha o cristal das fontes,
Caminha Agosto, para o fim;
Trago comigo os horizontes,
Deixei para trás, outros montes,
Porto Covo é meu jardim.

Neste sonho entretecido,
Sombra confusa do passado,
Que no tempo ficou perdido!
Aquele sono sentido...
Geme no peito, bem guardado!

Em Viana mora afago,
Respira em lágrimas o rosto;
Setúbal e Baía, são meu lago,
Nele se banha, um cântico vago,
Quando chega o sol - posto.

Vou seguindo, saltitando,
Divido a vida, pelo mar;
Novas terras, estou pisando,
Lindas praias, contemplando,
A mesma estrela a cintilar.

Procuro burgo onde nasci,
Lá vivem memórias e escolhos;
A rua e árvore que subi,
Os amores que ali perdi...
Visões que alimentam meus olhos.

A solidão dos montados,
A noite quente Alentejana;
Os Invernos, tristes e molhados,
Com Primavera abençoados,
Em planície Transtagana.


Setúbal, 27/08/2009
Inácio Lagarto

sábado, 22 de agosto de 2009

SOLTAR DE AMARRAS


Navegando
Neste Sado,
Estou sentindo...
Que parti ventos e garras!

Neste Sado,
Fico pensando!...
No cantar das cigarras.

Fico pensando!...
Navegando
Neste Sado;
Sou um louco, ao resistir...
A estas águas profundas;
A uma Arrábida, sem par,
Da Serra que abraça o Mar
E, a espreitar...
A Tróia, a guardar segredo-
Orgulho no seu olhar,
Pela Baía, a banhar-se sem medo,
São forças, do existir!
Dum presente e passado -
Neste Rio ondulado;
Imunes, às lágrimas/desgarras,
Haja frio ou calor;
Tanta beleza em redor,
Soltam-se gritos de mágoas
Como, libertar fráguas ...
Quero soltar minhas amarras!


Setúbal, 20/08/2009
Inácio Lagarto

AREIAS DE PORTO COVO


Praia Grande, dita sentença,
Nesta partilha de areias,
A corrente é imensa,
Da humanidade, sua pertença,
Com a Terra, vivem a meias.

O Mar bate no rochedo,
Repleto de maravilha,
Naquele marulhar, sem medo,
Transporta maré, em segredo,
O Sol, sobre a água brilha.

Nos dias quentes, ao braseiro,
Os corpos na água, são molhados;
Naquele convivio caseiro,
Secam as mágoas, por inteiro,
Daqueles viveres sonhados.

De almas e mentes despidos,
Desfrutam da Natureza;
Com troncos de arte esculpidos,
Libertam os velhos sentidos -
Perfumam altar da beleza.

Neste cortejo e cenário,
Em que a espuma desabrocha,
Expande olhar extraordinário,
O SER dá vida, ao imaginário,
Cercado pela força da rocha.


Porto Covo, 18/08/2009
Inácio Lagarto

PRAIA DE BANHO


Como é linda a Natureza,
Com ternas praias entrelaçadas;
Os penhascos são a fortaleza,
Dando alma e certeza...
Às brancas areias lavadas!

Praia do Banho e do Espingardeiro,
Unidas, às muitas que florescem...
Deste mar, se fica cativeiro;
Sem se ser um marinheiro,
Os sonhos e amor, não adormecem!

Navega-se ao largo das ilusões,
Quando a onda vem picada;
Sob toldos, as multidões,
Aquecem na toalha as paixões...
Brincam nas poças, a criançada!

Estes recantos, guardam segredos,
Passagens secretas escondidas;
As grutas, oferecem medos,
Estreitos labirintos, ficam quedos,
Garantem forças, às nossas vidas.

Lençol de água fenomenal,
Perde-se além no horizonte;
Porto Covo, no Litoral,
Nesta Costa é imortal...
Olha com firmeza, para o monte!

Porto Covo, 17/08/2009
Inácio Lagarto

terça-feira, 18 de agosto de 2009

LUGAR PARADISÍACO


Ó musa do meu sonho!...
Terra da minha paixão!
De prainhas encantadas,
Cujo sono aqui reponho.
És pesada meditação,
Sobre areias molhadas
Que banham, o rochedo medonho,
Para segurar a razão;
Daquelas ondas sopradas,
Surge Oceano revoltado...
Bate nas escarpas, em segredo!
A Porto Covo, a noite desce,
Traz sombra do montado
Mas, o tempo, não fica quedo,
Porque alegria floresce...
Junto à Igreja da Soledade,
A vigiar o mar!
Cingi-lhe abraço estreito,
Num vaivém, sem idade;
Haja Sol ou Luar,
Belas imagens, ficam no peito,
Paraíso sem par -
Com cordão de Povo eleito.

Porto Covo, 12/08/2009
Inácio Lagarto

domingo, 16 de agosto de 2009

MARESIA


Maresia nebulosa,
Ela vem do longo mar;
Por ser densa e vaporosa,
Tolda a luz solar.
Neste lugar, de quatro estações,
Clima raro, da atmosfera,
Faz pulsar os corações;
A vida aqui, não é quimera!
Terra de paisagens e magia
Que envolve, de seda, o dia
E, nele guarda segredos;
Rompe com calor, o Sol raiado,
Quer manter a fantasia -
Melodia...
Daquele sonho guardado!
Já de romanos se ergueu,
Nesta Costa, com salgado
E, com riqueza cresceu,
Por entre duros rochedos;
Alma de Povo, floresceu...
Olham presente - respeitam passado!


Porto Covo, 13/08/2009
Inácio Lagarto

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

MEU TESOURO


Minha filha,
Meu tesouro,
É a força, deste viver;
Pessegueiro, com sua Ilha,
De passado romano e mouro,
Soube no tempo vencer.
Esta casa, junto ao mar,
Nasceu, de esperança sagrada,
Símbolo do muito lutar,
De amizade conquistada.
Com sua cachorrinha -
Magali, socializante;
Nesta vida, uma estrelinha,
É partilha caminhante;
Traz à mente, nossa rainha,
Neste jardim, neste canteiro;
Em que a saudade não se esquece;
Sou da sombra cativeiro...
Bela imagem floresce,
Porque amor...É verdadeiro!

Porto Covo, 07/08/2009
Inácio Lagarto


LITORAL


Litoral misterioso,
Sorrindo à noite, ao luar;
Em miragens, esplendores,
Delira sonho vagabundo,
Entre convívio ditoso
Que nos põe a meditar!...
Esquecem as dores,
Aqueles SERES, de todo o Mundo.
Porto Covo,
Com bela Ilha,
São do Povo!
O Verão é de partilha
E de arraial;
Nas praias, rolam areias,
Lavadas, por lágrimas de sal;
O fogo - corre nas veias,
Nestas paragens sonhadas;
Os pescadores e sereias
Dividem,o mar a meias -
Acordam as madrugadas.


Porto Covo, 07/08/2009
Inácio Lagarto

Ó ALENTEJO


Ó Alentejo querido,
Sem ti, não tinha vivido!
O vento não sossega,
Este sono moribundo...
Perde sentido!
A miragem cega,
Neste mar profundo;
Carrega lágrimas de barro
...Beijos de sopro!
Esbarra em montes e paixão
Que faz florir a vida.
Sou filho do chaparro,
Irmão, como outro,
Cumprindo missão!...
Entre poeira erguida,
Envolta em bondade
Saudade
Vontade
Nesta Costa lívida,
De granito,
Em que a onda, enrouquecida,
Clama em grito -
Por liberdade.


Porto Covo, 06/08/2009
Inácio Lagarto

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

CASA NA PRAIA


Meses passados,
Momentos sofridos;
Tempos errados,
Sonos perdidos.

Sigo caminho,
Procuro viver;
Durmo sozinho,
Visão sem ver.

Vou meditando,
Fiquei cativo;
Mente chorando,
Não sei se vivo.

Cumpro dever,
Daquele pedido!...
Uso sem saber,
No que faz sentido.

Bela imagem embala,
Meu coração;
Minha alma cala,
Dor e paixão.

Brilha a sorrir,
Uma luz acesa;
Faz reflectir,
Tanta beleza.

Junto à praia,
Nada é em vão;
O mar desmaia,
Pede perdão.

Nesta casinha,
Tua riqueza;
Era a rainha,
Na Natureza.

Canto de vontade,
De sonho e culto;
Linda verdade,
Segredo oculto.

A sombra gela,
Deixou borrada;
Eu sou a tela
Que foi pintada.

Porto Covo, 04/08/2009
Inácio Lagarto

SOU PEREGRINO


Traçou o vento destino
A noite trouxe cansaço
Tornei-me num peregrino
Perdi na vida um laço

Em plena tarde de Agosto,
Numa solidão remota;
Estou planeando, nova rota,
Vejo cair o sol - posto.
Neste mar que tanto gosto,
Tenho a mente, em desatino,
Outro Abril, foi bem ladino,
Destruiu um belo sonho;
Quando caminhava risonho,
Traçou o vento destino.

Desfez-se a Primavera,
Naquela triste madrugada;
Por espada trespassada,
Hoje a esperança é quimera.
Eu deixei de ser quem era,
Sempre à espera dum abraço;
No tempo, reduzi espaço,
Fiquei pensando, sem sorrir,
Fiz balanço ao existir,
A noite trouxe cansaço.

Naufraguei em turbilhão,
Esta paisagem perfuma;
Porto Covo, no meio da bruma,
De Sines, é seu pendão;
Marquês de Pombal, estende a mão,
A este coração cristalino...
O Céu Azul, é divino,
Rendo-me à força sagrada!
De belas praias alongada,
Tornei-me num peregrino.

Perturbam ares de saudade,
Encarna Deus na Natureza;
Meu encanto, perdeu certeza,
Rasguei o quadro da verdade.
Naquele grito de liberdade,
Não compreendo o que faço;
Quero aprender, a acertar o passo,
Faço poemas, encurto distância,
No jardim, de ideal fragrância,
Perdi na vida um laço.

Porto Covo, 05/08/2009
Inácio Lagarto





sábado, 1 de agosto de 2009

JUNTO À PRAIA




Vem alegria que já foi triste,
Com vida virada do avesso;
Pensa no cais, donde partiste,
Aquela emoção, ainda existe!
Porque o sonho, fluiu travesso.

Somos levados pela maré,
Descemos escarpas, em segredo;
Olhamos o Sol, com tanta fé!...
O que foi belo, hoje não é,
Fugimos da terra, cheios de medo!

Neste lutar permanente,
Do que foi muito, resta nada;
Só saudade é força presente,
Nossa alma, anda ausente,
Vive em nós, imagem sagrada.

Naufragamos, sem destino,
Por mares e Costa sem fim;
Fitamos... Horizonte divino!
Vigia estrela, nosso tino,
Este silêncio, floresce assim.

Remeto à escrita, o que sinto,
Revejo o tempo e, a razão;
Neste espaço, eu não minto...
Mágoa e dor eu não finto!
Nem a chama do coração.

Abraço a ciência, com verdade,
A praia, tão perto, no espraiar;
Na onda da tempestade,
Desço ao campo, deixo a cidade,
Venho cheirar -vento a soprar.


Porto Covo, 01/08/2009
Inácio Lagarto

Paraíso Azul







Ó paraíso azul,
De belas praias, em Porto Covo!
Canteiro ameno, do meu sonho,
Neste recanto do Sul.
Sozinho, regresso de novo,
Dos destroços, me recomponho,
Do tempo que foi soluçar...
Por causa da ventania
Trazida, doutro mar!
Criou melancolia.
Forças perdidas, renascem
... Fracassos porque passei;
Se vidas, passadas, voltassem?!
Só amor não esquecerei!
Minha alma, vagueia no monte,
Nesta Costa Litoral!!
Olho a luz, do horizonte...
Só uma, ao longe, é especial!


Porto Covo, 28/07/2009
Inácio Lagarto