segunda-feira, 29 de março de 2010

DENTRO DE NÓS MORA A RAZÃO


Dentro de nós mora a razão
Ser sensível ao momento;
Dar força ao tempo e à ficção
Brindar a vida com pensamento.

Dentro de nós mora a razão
Usar de palavra encantada;
Acordar a voz da solidão
Com imagem bela e sonhada.

Dentro de nós mora a razão
Que respeita a saudade
Ela é glória, fé ao coração
Vai acalmar a tempestade.

Dentro de nós mora a razão
Sentir, criar com magia;
Dentro de nós, vive a paixão...
Poesia, poesia, poesia.

Setúbal, 29/03/2010
Inácio Lagarto

INFÂNCIA



Viajei pelo passado
Para perder a inocência;
Como piegas inveterado
Fiz balançar a consciência.

Em toda a parte vi um amigo
Rompendo nas ruas as brincar;
Saltando, por cima do perigo
Sem telhado
Na luz tardia ao luar.

Vi calçada do dia quente
Naquele sonho que se esvai;
O cigarro inconsequente
Na infância que já lá vai.

Onde pus o meu viver,
O meu canto e o rezar;
Aquela fonte que deu o beber
Acalma a sede, ao meu gritar.

Setúbal, 28/03/2010
Inácio Lagarto

sexta-feira, 26 de março de 2010

VIVAS À LIBERDADE


No estimular o sentimento
Há que premiar a vontade;
Sem escolher o momento
Quer venha enrolado com o vento
Damos vivas à liberdade.

Naquele estímulo ao pensar
Temos de ser transversais;
Com a força do criar
E na cirurgia, ao lutar
Vamos sacudir os demais.

Aquelas mentes apodrecidas
Que só vivem da corrupção...
Modelam raízes vendidas
Sobre curar das velhas feridas
Mudam conquistas em desunião!

Somos herdeiros de Camões,
De Bocage incompreendido;
Demos ao Mundo grandes lições
Hoje suportamos as paixões
Quando o Povo é perseguido.

Neste paraíso em desconfiança
Que em redor mora a beleza,
Tiram-nos o sonhar da criança...
Nesta rica terra de bonança
Grita bem alto, a Natureza!


Setúbal, 21/03/2010
Inácio Lagarto

BARCO ANCORADO


Silêncio na noite... Nas vidas sentidas
Recordo passado, por vezes mesquinho,
Ansiedade por desejo e vinho
Lutas travadas, por forças perdidas.


Eis quando, se liberta o sonho da aragem
E no monte, o amor se esconde;
Caminha no tempo e não sei para onde,
Talvez a beijar... Linda paisagem!


Os pássaros! Searas de louros trigais!
Em que as dores, sentimentos são iguais;
No campo, as flores, teimam em crescer...


Meu viver é como barco ancorado
Que mergulha, num cais abandonado
À espera, do suave adormecer!


Setúbal, 26/03/2010
Inácio Lagarto


DOCE AVEZINHA


Escuta, escuta: minha flor,
Ficou algo por dizer;
Era importante, a tua dor, tirou coragem
Ao desabafar.
Tu... Sua traquina!
Surpreendeste pelo segredo
Que no retracto guardaste;
Foi lindo... Sofrido
Porque partiste...
Tive medo!
Sonho removido
Fiquei infeliz - não resignado
Ao vento soprado
Destino sentido.
Quero-te contar, com uma chuvinha,
Aquela nossa aventura,
No meio doutro vendaval!...
Não foi loucura
Amei a Rainha,
De bela formosura
Com sorriso, de ternura;
Foste e és a Avezinha
Num esvoaçar tão especial.

Setúbal, 22/03/2010
Inácio Lagarto


sexta-feira, 19 de março de 2010

O HOMEM


Percorre os mesmos caminhos,
Luta...
Horas e dias, sem cessar,
Sonha...
Aqui e ali vê espinhos,
Vigia...
Sua meta vai alcançar!

Nos tempos de menino,
Brinca...
Como adulto vai trabalhar,
Participa...
Ele que foi pequenino,
Cresce...
Já velho, resta projectar!

Tem no viver sinal d´afirmação,
Acredita...
Para delegar um Mundo maior,
Cria...
Enfrenta dura razão,
Pensa...
Omite o que há de pior!


Segue a estrada da verdade,
Palmilha
mas, sorri...
É um ELO DA HUMANIDADE.


Setúbal, 07/07/2003
Inácio Lagarto

PAI


PAI é fruto e semente,
Experiência já vivida!!!
Esperança à nossa mente...
Uma estrada percorrida!

O futuro está consigo,
Sua vida já nos dói!
Nosso amigo,
Tão antigo,
Nosso herói!

É uma árvore frondosa,
Duma raiz frutuosa,
Numa terra tão fecunda!
Sua paz... como é gostosa!...
Usa força... terna e profunda!
Rasga campos de glória,
Para honra ao bom dever...
Trabalha em parceria
...Na conquista sempre presente;
Sua meta é vencer!
Deixa aos filhos o dia
E, o amanhã como frente.

Muito importa seu sentir,
Mesmo com sol a brilhar!
Presença ao nosso sorrir...
Dá-nos luz e o sonhar!
Lembra corrente da fonte
Que de fronte...
Alegra
Velho monte...

Sempre à espreita ... do horizonte!


Setúbal, 19/03/2005
Inácio Lagarto

SER PAI


PAI
Palavra simples
Que engloba tanta nobreza
Um dia vemo - lo partir
Sentimos imensa pobreza
É o grande companheiro
Que muito nos faz sorrir
Esse velho conselheiro
É perda que tanto dói.
Ele é símbolo,
Ele é vida;
Será sempre o nosso herói
Ele é uma herança
Para outros que hão-de vir
Pai... é pão
Recordação
O nosso fiel amigo
É também uma paixão
Um dia deu-nos abrigo
Guardamo - lo no coração.

Setúbal, 11/03/2000
Inácio Lagarto

terça-feira, 16 de março de 2010

JARDIM FILOSÓFICO


Não me sinto fora de água
Quando falo com o sentir;
Soltam-se centelhas da frágua
Que guardam alguma mágoa,
Fazem minha mente florir.

Ao escrever mora um sonho
Tenho pressa em comunicar...
Nem sempre, com o bom ou tristonho,
Há no meio um mais risonho
Quer pensamento compulsar!

Vejo crescer um novo império
Com o criar, também se lavra;
Desperta no peito um mistério
Quando se foca problema sério
Ao exercitar da palavra...

O Ser que é explorado
E o inteligente sem profissão;
O cultural vive ignorado,
Neste social tão estrelado
O vadio, na rua, estende a mão.

Neste jardim de filosofia
Sem explicação para tanta gente...
Só se olha a estrela do dia
À espera da solidão vazia
Neste paraíso inteligente!

Setúbal, 14/03/2010
Inácio Lagarto

quinta-feira, 11 de março de 2010

TEMPO




Quem é ELE?
É O TEMPO!

Aquele que não tem tempo
Para viver
Sonhar
Ouvir queixumes
Esquece o amigo!!!

O outro...

Comanda a chuva
O sol
O vento;
Faz o rio correr
A semente brotar
Espalha perfumes
Alimenta o potro.

Ambos... São românticos
Sensuais
Tão iguais!
Emanam cânticos
Tudo transformam
Como o trigo
A uva
O girassol
E, o pensamento.
Eles dividem a beleza
São fontes da Natureza.

segunda-feira, 8 de março de 2010

SER MULHER


MULHER, soltou as amarras,
O mar e a terra perfumou;
Libertou-se das tristes garras
Usou de poemas e guitarras
... Lugar no tempo conquistou.

Ela é mãe, bela obreira,
Foi outrora dama perseguida;
Na fábrica e campo companheira,
Na família doce conselheira
Transportou a força sentida.

Segura ao desejo, lutou...
Como esposa e fiel amante!
Quando a madrugada despontou -
A vida do sonho acordou,
Tornou-se em valor e gigante.

Daquela harmonia e momento
Nossa alma receia sombra leve
Que o pensar enaltece pensamento;
Dá-se a mão ao encantamento
Para que o direito não seja breve.

Ela é filha e irmã
Divide riqueza e amargura;
Jovem, idosa... um talismã
Foi antes e será amanhã
Com o Homem, nasce a luz pura.

Setúbal, 08/03/2010
Inácio Lagarto

sexta-feira, 5 de março de 2010

MULHER FORÇA DE VIVER


Vi partir minha flor
Deixou este belo jardim;
Cavalgava no Amor
No curso correu, ó que dor
E terna lágrima caiu assim!...

Mulher... força de viver,
Planta, sorriso e alegria;
Partilha da luz do saber
E faz o fruto crescer...
Alimenta o querer no dia!

Com igual voz é sentida,
Sem ela nada é nada;
Com o homem embala a vida
Ambos transportam a cruz erguida
Para os filhos... é uma fada.

Seus beijos são mel de boca
Com abraços acalenta a mágoa;
Seu corpo, abrigo que toca,
No olhar a esperança foca
Se sofre, são remos sem água.

É filha, mãe e poesia
Com graça caminha na viagem;
Suporte ao perigo e ventania
Faz parte da existência e magia
Conduz futuro com mensagem.

Setúbal, 05/03/2010
Inácio Lagarto

segunda-feira, 1 de março de 2010

CRUZAR DE GEOGRAFIA


No cruzar da geografia
E realidade dos comuns,
Todos procuram a igualdade;
Rolam suas fantasias
Para o Mundo e não de alguns...
Se o querer for de vontade!

Nesta imensa riqueza
Há que compartilhar espaços;
Todos somos filhos de pais,
Respeitamos a Natureza,
Unidos por velhos laços
No viver, em terras desiguais.

Somos canteiros brotando flores,
Abraçamos céus, mares, o destino
Que as estrelas vão iluminando;
Surgem lágrimas, caídas das dores,
O Planeta segue sem tino
E com o sonho vamos lutando.

Soterradas as mentes dormem
Entre o ódio, desesperança;
Guardam no peito a glória -
Raízes sangrentas do homem
Que geram no tempo vingança
Porque futuro, esquece memória.

Setúbal, 28/02/2010
Inácio Lagarto