sábado, 21 de novembro de 2009

PASSARINHO DO ARVOREDO


Passarinho do arvoredo,
À Cidade vens pernoitar;
Foges à tarde em segredo,
Porque o homem te quer matar.

És alegre e brincalhão,
Teu campo não é semeado;
O que antes era grão
Hoje, está todo asfaltado.

A água do rio, já não corre,
Voas às fontes para beber;
A casa do monte morre
E tu sozinho não queres viver.

O teu chilrear tem graça,
Vais perdendo a liberdade;
Teu ninho de palha e argamassa,
Traz a nós a saudade.

No tempo a geração decai,
Como secaram as laranjeiras;
Parte o filho primeiro que o pai,
Como o figo das figueiras.

Setúbal, 19/11/2009
Inácio Lagarto

terça-feira, 17 de novembro de 2009

ANJOS NO CÉU


Tenho três Anjos no Céu,
Estão no alto a vigiar;
Dos seus mantos, estendem o véu,
Pintados com ondas do mar,
Feitos de retalhos que Deus lhes deu.

São dum branco transparente,
Foram lançados ao vento;
Trazem, Sinal da Cruz, assente,
Numa bandeira eloquente,
Vêm dar força ao meu lamento.

São as mais lindas flores,
Daquele Jardim Celestial;
Compõem ramo, de várias cores
Que esquecem as suas dores...
No aquecer o dia real!

Cá na Terra da incerteza,
Em que somos peregrinos;
Olhamos de frente a Natureza,
Não reparamos na beleza,
De um dia sermos pequeninos.


Setúbal, 16/11/2009
Inácio Lagarto

S.O.S. BEBÉ




No quadro brilha bebé,
Naquele sorrir de alegria,
Como semente a florir,
De olhos azuis do mar;
Rosado na face, o menino,
Que nos deixa a pensar...
Fosse o sonho belo destino!
O Social descreve com fé,
Com arte e com magia;
Alerta para o sentir -
Pergunta ao Mundo,
Profundo...
No seu silêncio, a clamar!!!
Porque há tanta POBREZA?
Só o Homem não quer ver ...
Escravatura
Humilhação
Como é grande a certeza!
Sonolenta a loucura
Ambição
Ou, talvez por avareza
Ele, não queira combater,
O bater dum coração.


Setúbal, 16/11/2009
Inácio Lagarto


LONGA ESTRADA


Guia-me VIANA o pensamento,
DO ALENTEJO trago o vento,
Um dia... INÁCIO me chamaram!
Como JOSÉ me baptizaram,
MARCELINO para união,
Por LAGARTO busco a razão.

Nascido em seio desejado,
Como Alentejano fui moldado,
Na amizade, de afago bendito;
Aos Céus olho, sinto e acredito,
Sobre vida quis aprender,
O que o tempo sopra a crescer.

Sou filho, pai dos amores,
Casado em campo de flores;
No barro, a força se ergueu,
Sacudido, o sonho não morreu,
No meio duma tempestade
Mas, vivo à sombra da vontade.

Caminho, em longa estrada,
Perdi princesa encantada
E... Quantas riquezas mais!!!
Sou humano como iguais,
Na alegria e na tristeza...
SOU AMANTE DA NATUREZA!

Setúbal, 14/11/2009
Inácio Lagarto






































Inácio Lagarto

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

BRUXEDO


Hoje treze, Sexta - Feira,
É dia, de macabro bruxedo
... Conjura da Feitiçaria,
À maneira;
Da liberdade ao amor!
Eles e Elas, muitos ou poucas,
Caminham juntos, no divagar,
Escondidos em arvoredo.
Acordam cedo ...
Transportam, longas vassouras,
Com fantasia -
Idolatria,
Sortilizam, com tanto clamor,
A poção negra da magia;
Vivem sem medo,
De ideias loucas
... Morenas ou louras,
Pairam a esvoaçar!
Meditam, no sobrenatural,
Amorfas, sem luz,
Pensam no mal,
Contra a Sagrada Cruz.

Setúbal, 13/11/2009
Inácio Lagarto

PAÍS FUSTIGADO


Vive o País fustigado,
O mar está revoltado,
Será que têm razão?
O Povo escuta a contenda,
Ao falarem de tanta senda...
Rola o perigo em corrupção!

Acordam sonhos vagabundos,
De mistérios, avançam Mundos,
Fecham portas às velhas celas;
Vagueiam nas ruas donzelas,
Carpiam novos segredos,
No desporto moram medos,
Todos ao tempo, acendem velas.

Renasce na alma, triste aurora,
O Social é música sonora...
Só é pena, não ser ouvida!
O Poder não é seguro,
De verde quer ser maduro,
Neste recanto, falta guarida.

Setúbal, 13/11/2009
Inácio Lagarto

terça-feira, 10 de novembro de 2009

TRILOGIA DA VIDA


Nesta trilogia da vida,
Brilham pais, mulher e filhos;
Sem ela não havia sentido,
Sobre a terra traça trilhos.

Os amigos não se esquecem,
Os maus e os verdadeiros;
Uns, as amizades florescem,

Os outros, são cães rezingueiros.

Caminhamos, por entre atalhos,
Sofremos ao menor receio;
Somos rasgados, em retalhos,
Quando nos colocam o freio.

Construímos lindos castelos,
De argamassa e ilusões;
Em que o Sol de raios amarelos,
Queimam bem forte as paixões.

Parada é a cavalgada,
Soam vozes de crianças;
A saudade renova a alvorada,
A noite cala as forças mansas.


Setúbal, 10/11/2009
Inácio Lagarto

CAMPOS DO ALENTEJO


O Sol abrasa terra lavrada,
Estende-se em cascata a semente;
Lembra água ondeada,
Numa força inteligente.

Neste espaço colorido,
Em que os verdes trigais...
Rompem, no barro, com sentido,
Usando fórmulas legais!

Seca a fibra suculenta,
Da palha, é escolhido o grão;
Na eira, fica limpo e assenta,
Vai à mesa, cozido em pão.

Trazem rebanhos às pastagens,
Por instintos previdentes;
No solo, ficam miragens,
Das limpezas diligentes.
~
Surgem carreiros de formigas,
Por entre desertos caminhos;
Carregam fruto das espigas,
Para seus celeiros vizinhos.

Nestes campos do Alentejo,
Tudo é criado em união;
Tanta planura em cortejo,
MÃE que aquece o coração.

Setúbal, 08/11/2009
Inácio Lagarto

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

DIVA IMORTAL


AMÁLIA de graça e ironia,
Na noite, em festa desgarrada;
Criou poemas, de magia,
Pela Sua Voz é consagrada.

Mulher de alma a falar,
De explosivo talento;
Embalava no cantar,
Com lágrimas no pensamento.

Belos Fados, contam a vida,
Atiram setas ao coração;
A saudade é repartida,
Com flores que nascem do chão.

Ela no palco chorava,
As ilusões perdidas;
Ali... Sorria e sonhava,
Brindava, com ondas garridas!

O Povo, a glória enaltece,
Nesta DIVA IMORTAL;
Perdura no tempo, como prece,
Para o Mundo é especial.

Setúbal, 05/11/2009
Inácio Lagarto

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

SINTO QUE VOU A DESCER


Sinto que vou a descer,
Na distância que caminha,
Sobre tempos sem horizontes;
Este vento não sossega,
Sopra do alto dos montes;
Traz os sonhos vagabundos.
Sou uma alma, trepando Mundos,
Nestes Invernos cismadores,
Em que a vida nos faz crer...
Que a sombra não está sozinha,
É real e às vezes cega!
Ela embriaga os amores,
Naqueles ais tão profundos.
O querer também corrói,
Ao ouvir a voz ausente;
Abre-se a porta entreaberta,
o futuro, vislumbra e destrói,
Enlouquece o que é gente;
Deixa entrar a sorte incerta,
Porque o corpo, ainda SENTE.

Setúbal, o3/11/2009
Inácio Lagarto

OLHOS NOS OLHOS


Novembro, chegou a chorar,
Dobram sinos para memória;
Luz de sombra é verdade,
Lembram imagens peregrinas.
Surgem Anjos a esvoaçar,
Com trombetas de glória;
Olhos nos olhos de saudade,
No meio de nuvens matinas,
Trazem à Terra um abraço,
No quebrar o abandono;
Para que o sonho,
Sempre risonho ...
Não deixe apagar o lume.
Naquele apertar de laço,
Vêm acordar, o eterno sono;
Fazem sentir tão belo perfume,
Daquela Sagrada - flor,
Em que não está sozinha;
Tem a força do amor,
Da inocência que já foi minha.


Viana do Alentejo, 01/11/2009
Inácio Lagarto

VIANA DAS ROMARIAS


Viana das Romarias,
Em que o Sol aquece a terra;
As noites, prolongam os dias,
Alimentam as magias,
Com o vento, que sopra da Serra.

Quem Alcáçovas visita,
Jamais no tempo a esquece!
No artesão acredita
E, na doçaria medita...
A alma do Povo floresce!

Aguiar abre caminhada,
Évora, acende-lhes a luz;
A Planície é abençoada,
Pela Mãe, bela e Sagrada
... Santuário que à Fé conduz.

Vozes alegres Alentejanas,
Fazem ouvir, tanta razão;
São as sementes humanas
... Gritos de Forças Trantaganas,
Contra quem lhes tira o pão.

Gentes de vidas sonhadas,
Cantam ao Xarrama e salgueiros;
Sobre paisagens encantadas,
Do passado, de mouras e fadas,
Dos campos de azinheiros.


Viana do Alentejo, 31/10/2009
Inácio Lagarto