sábado, 21 de novembro de 2009

PASSARINHO DO ARVOREDO


Passarinho do arvoredo,
À Cidade vens pernoitar;
Foges à tarde em segredo,
Porque o homem te quer matar.

És alegre e brincalhão,
Teu campo não é semeado;
O que antes era grão
Hoje, está todo asfaltado.

A água do rio, já não corre,
Voas às fontes para beber;
A casa do monte morre
E tu sozinho não queres viver.

O teu chilrear tem graça,
Vais perdendo a liberdade;
Teu ninho de palha e argamassa,
Traz a nós a saudade.

No tempo a geração decai,
Como secaram as laranjeiras;
Parte o filho primeiro que o pai,
Como o figo das figueiras.

Setúbal, 19/11/2009
Inácio Lagarto

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