domingo, 30 de dezembro de 2012

FAMINTAS ALCATEIAS

Rompe Abril florido
cala inverno da dor;
novo cantar foi ouvido,
belo sonho renascido
e do grito brotou...flor.

Que importa gelo e feras
vestidos de amor, clarão!
Vão trepando como eras,
omitem as primaveras
dando luz à escuridão.

Povo não dorme nem esquece
vê a vida com seu olhar!
A velha história conhece,
sente mágoa, tanta prece
...sem lágrima p´ra chorar.

Moribundos por verdes netos,
presos à ilusão do mundo;
Seres fortes de aspectos
que silenciam afectos, 
crentes pelo azul profundo.

Famintas alcateias
vivem em noites sombrias;
descem às cidades, aldeias,
ficam com as bolsas cheias
sem temer ventanias.

Setúbal, 30/12/2012
Inácio Lagarto


REGRESSA AO TEU CAMINHO

Uma candeia acesa
pode ser um bom farol
que faz sorriso brilhar.
Lembra alma portuguesa,
iluminada pelo sol
que enaltece o lutar.

Tens nos campos verdejantes
a riqueza do teu pão.
As manhãs são radiantes
e do mar vem o pesqueiro,
as terras quentes estão...
são o belo mealheiro
que dá fruto à razão!

Regressa ao teu caminho
deixa futuro ao mundo quedo,
escolhe bem o destino!
O sonho não está sozinho...
de viver não tenhas medo.
Guardas nas mãos, tanto segredo,
que trazes desde menino.

Na serra há o granito,
no campo o arvoredo
e na água brilha a aurora;
teu olhar é infinito!
O amor começa cedo
não precisas de ir embora.

Setúbal, 30/12/2012
Inácio Lagarto

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

NOITE FRIA ABENÇOADA

Perturba a saudade
no bolo rei falta a fava;
traz coelho à claridade
que no escuro se acoitava.

É Natal sem alegria
continuem a votar!
Ouçam toque da melodia,
afinem bem o cantar.

Neste País de mentira
que não honra o dever...
espartilha tudo à tira,
sonho do entardecer.

Foi trocado o bacalhau
por coelho, em lume brando;
servem tortas de vara pau
que o tempo foi criando.

Noite fria abençoada,
o Mago Gaspar sorriu;
a Estrela foi apagada
e o burro também fugiu.

É Natal! É Natal!
O Presidente já dorme.
Nesta Quadra Divinal
o Povo não mata a fome.


Setúbal, 17/12/2012
Inácio Lagarto

domingo, 9 de dezembro de 2012

PIANO DA VIDA

Esta piano da vida
tem as teclas desafinadas;
falta-lhe sinfonia
...perdeu alma e sentir!
Metade da pauta sacudida,
as letras, estão trocadas,
por mau tempo e ventania.

Setenta e cinco melodias
estão somadas na estante
do sonho a florir.
São sementes da poesia,
de jovem caminhante
que deixa lágrima cair
ao sorriso da fantasia.

O piano está tocando,
tem rosa e cravo a iluminar...
uma chama a aquecer!
A claridade espreitando
faz a mente brilhar,
deixando ao tempo...o vencer.

Não são ruídos do vento
nem marés do navegar
que calam este piano!
Só muda de cor, de momento,
continua suave, no sonar...
brilhando ao Novo Ano.

Setúbal, 11/12/2012
Inácio Lagarto