domingo, 29 de agosto de 2010

CAMINHANDO


O caminho não se faz sozinho
Faz-se na vida fazendo;
Nele encontrarás carinho
Quando estiver anoitecendo.
Entras na curva da estrada
Terra batida sem calçada...
Segues o tempo devagarinho!
Vais colhendo uma flor
Adornas a doce mente
Deste sol abrasador;
Faz vibrar o que ela sente
Quando o cheiro... vem de mansinho!

Ele espalha encantamento
Nem sempre, com igual chama,
Na esperança adiada;
A força ao corpo clama
Aquela corrente embalada.
Neste percurso incerto
Pode surgir um espinho;
Nosso guia está por perto,
Ouve a fúria do vento,
Alerta o pensamento...
Que são pegadas do caminho!

Numa viagem emocionada
Da existência resumida;
O fim não é a chegada
O começo é ... A VIDA.


Setúbal, 29/08/2010
Inácio Lagarto

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

ASAS BATENDO


Viajam amores vindos do passado
Com asas batendo, de saudade;
Deixam no voar, um pingo molhado,
Perdido no tempo, com o peso da idade.


Nunca se engana quem está vendo
Aquela linda flor que foi desposada;
Hoje, só um do viver está colhendo
A pétala, que deixou de ser regada.


Os feitiços, amores sensuais
No céu esvoaçam, em nuvens sonhando...
Nem sempre com espaços iguais...


Na seca terra caiu a semente,
Cresce a palavra e gesto espalhando...
Da raiz brota... a fiel gente!


Setúbal, 25/08/2010
Inácio Lagarto

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

SEMENTE NO TEMPO


Sou a semente que um dia sonhou...
Cresceu no tempo, em sobressalto;
Ao longo da vida, aprendeu e lutou,
Caminha vagamente, sobre asfalto!


Adoro os pensares que as noites não calam,
Mergulho na corrente embalada;
As águas mexidas comigo falam,
Desperto como a força da alvorada.


Viajo na floresta e rego versos
Plantados na infância, com magia,
Hoje colhidos... divagam dispersos...


São arrumos trazidos da primavera
Que cantam a alegre sinfonia
E trepam à sombra... como a hera!


Setúbal, 25/08/2010
Inácio Lagarto

terça-feira, 24 de agosto de 2010

SONHOS DE JUVENTUDE


Unidos num querer melhor
São os sonhos da juventude;
Neste mundo vendido ao pior
Que não combate vicissitude.

De mentalidade sã
Lutam no tempo, contra ventania;
Crescem para a vida, como talismã,
Paira futuro entre nostalgia.

Refrescam-se em águas do rio
E em terra lavrada semeiam.
No saber buscam poderio
E no amor se enleiam!

De braços abertos aos desejos
Somam verdade e ambição;
Para além dos doces beijos
Cobram ao sono a profissão.

Nestes caminhos trilhados
Vão esculpindo o poder;
De sentimentos rasgados
Que tornam verde o vencer.

O olhar frágil logo passa
Nesta noite de luz escura;
Porque a idade tem sua graça
E quanto bela... sua frescura!


Setúbal, 23/08/2010
Inácio Lagarto

sábado, 21 de agosto de 2010

MÃES NÃO MORREM


Nossas mães nunca morrem
São presenças aos desafios -
Dão alegria à atitude;
Um dia vemo - las partir...
No tempo ficam viajando
Só saudade não pereceu!
Transportam corrente, como rios,
Não olham à latitude
Seus afagos não fogem;
São únicas e universais
Que se regeneram tão iguais...
Elas vivem não morrem!

Somos filhos e pais, por magia,
A sua luz está presente
Nós ficamos a amá-las;
Em belo querer maternal
Com beijos, sem enganos.
Surgem delas por valentia
Nos acompanham eternamente
Seus segredos não se somem;
Na vida tudo é longo ou curto
Naquele abraçar astuto
Em serena caminhada... se movem!

MÃES - brilham no céu como estrelas
Projectam na terra o clarear;
Em noite de luar é vê-las
De força e desejo no piscar.

Setúbal, 20/08/2010
Inácio Lagarto

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

TIQUE - TAQUE


A vida nos presenteia
Com pensar
Fantasia
No tempo semeia;
Faz crescer o lutar
Com coragem, na luz do dia.
Segredo presente
Com a noite falou;
Arrasta solidão
Feriu a paixão
O sonho quebrou...
No silêncio enleia!

Como água nos rios
Que das fontes chega à boca
Ela brilha como cristal;
Equilibra os desafios
Para saciar sede louca.
Líquido puro e leal
Faz o corpo vibrar
Corre livre nas veias;
Deixa a alma a sussurrar -
O sentir embalar...
Substância púrpura que vagueia!

Coração frágil e vazio
Sua missão é de surpresa;
Em tempo quente ou frio
No tique -taque mostra firmeza.

Setúbal, 18/08/2010
Inácio Lagarto

sábado, 14 de agosto de 2010

CÁ SE FAZEM...


Numa vida pardacenta
Promessas por cá se fazem
Em paraíso colorido;
Resta a sombra cinzenta
Que veio borrar a imagem
Do belo que poderia ter sido.
Ao fugir o encantamento
Os corações não afagam;
As crises cá se pagam
No reviver novo momento
Tornando a estrela sonolenta.

Palavras afogam-se na corrente
Sem alegria...
Ficam suspensas!
Na ânsia quente
Fogem à luz do dia -
Procuram as noites imensas.
O silêncio perde-se na paixão
À infância pede a mão
Com o corpo arrebatado;
A esperança alimenta
No sonho inspirado
Em viagem turbulenta.

Aferido que é o viver
Entre tempos e espaços;
Sobram o querer e o ter
No unir tão lindos laços.

Setúbal, 13/08/2010
Inácio Lagarto

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

PASTOR DA VIDA


Sou pastor tenho rebanho
Quero cumprir tão bela sina...
Neste tempo de maldade!
O sopro de vento apanho
Em que mora a liberdade
Nesta escala da vida.
Na dor ou alegria sentida
Há que medir os espaços,
No meio do pastorear;
Neste repartir de abraços
Cansado do caminhar
Estou perdido... em campo estranho.

Busco coragem ao vaguear
Nas nuvens da aflição;
Naquelas pastagens a verdejar
Que alimentam o coração.
A força vive quente
À chuva não sou indiferente
Em que do sonho acordo;
Luto por desigual tamanho
Só o cajado guardo
Que do sentir arrebanho.

Neste novo alvorecer
Vai crescendo a razão;
Trago no peito o florescer
Seguro as pétalas na mão.


Setúbal, 11/08/2010

Inácio Lagarto

domingo, 8 de agosto de 2010

SILÊNCIO RUIDOSO


Na noite o silêncio fala
A mente pensa
Divaga o sonhar;
Tristeza cala
Mergulha na indiferença
Solene no perturbar.
São visões ao querer
Partilha do viver
Que surgem em segredo;
A saudade embala
Viaja sem medo
E vem temperá-la.

Endeusa o sonho
Perde-se na inquietação
Naquela estrela luzindo;
Feitiço risonho
Retracta a razão
Na liberdade florindo.
Em peito iguala
A alma aquece
O despertar arrefece
Fere a vida como bala.

Ruidoso que foi o dormir
Traz ao dia a lucidez;
Na essência do existir
Só a poesia não desfez.

Setúbal, 08/08/2010
Inácio Lagarto

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

BERÇO DO PESCADOR


Neste berço do pescador
O Mar ao Rio dá a mão
Oferecem à vida o sustento;
Unem na rede o amor
Coberto pela Arrábida de eleição
Ficou na muralha o lamento.
Setúbal veste de tule
Banha-se no Sado Azul
Tem em Bocage - O Poeta Maior,
Engrandece esta Cidade;
Foi homem de liberdade
No viver... um sonhador!

A noite vende encanto
Neste paraíso divinal
Com tanta luz a brilhar;
No céu livre, com seu manto,
Protege o madrugar.
Sopra da Serra até à costa
Às praias oferece calor;
Traz a chama libertada
À marginal desfraldada
Neste jardim em flor.

O perfume das paisagens
Das ondas brancas de espuma;
Desperta no Povo as aragens
Das mágoas que o tempo... sempre esfuma.

Setúbal, 05/08/2010
Inácio Lagarto

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

AGUARELA DA VIDA


Na aguarela da vida
Pintam-se espaços
Na face... beijinhos
Mais abaixo... abraços;
Na cintura do viver
Estreitam-se laços
No querer e no vencer.
Naquela dor sentida
Ficamos no tempo sozinhos;
Reforçados como passarinhos
Após o fruto nascer
O sonho é doce guarida.

Crescida que é a semente
Nas entranhas da mulher
Vai florindo nova mente;
O cupido esteve presente
Esperando o Dia Maior.
Rompe alegria partilhada
Tudo é muito... quase nada
Neste novo alvorecer;
É a força da partida
Longo caminho a percorrer
Numa esperança repartida.

Pintada que é a existência
Nesta corrida de carrossel
Fica para o amanhã a essência
Neste quadro de papel.

Setúbal, 04/08/2010
Inácio Lagarto

terça-feira, 3 de agosto de 2010

ALENTEJO SOLARENTO




A urbe de Viana floresceu
Entre campos e trabalhos;
Vive num sonho que não vendeu
Da olaria que ali cresceu
Resta em Alcáçovas a arte dos chocalhos.
Naquela planície verdejante
De tanta água a jorrar...
Alegrou o belo cantar
Deu de beber ao caminheiro,
Matou a fome ao visitante!
Tratou da alma ao forasteiro
Na Senhora D' Aires a orar.

Ao Sol do Alentejo
Entre calçadas e ruelas
Houve tempo de nostalgia
E grandeza no hortejo.
No viver abriram-se janelas
Com o querer e valentia
Soube enfrentar vendavais
Aquele Povo, com poesia.
Ceifou os densos trigais
Com coragem e ensejo
O passado não esqueceu.

Tem castelo com esplendor
Terra rica em união
Este concelho do amor
Abre a Évora o coração.

Setúbal, 03/08/2010
inácio Lagarto

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

SONHO TRAÍDO


Quando o sonho se move
O pobre foge
Não vive;
Para trás deixa o existir
Porque a mágoa não pediu.
Segue em frente, não desiste,
Com a esperança que o feriu;
Não renega o coração
Daquela intensa negrura
De abstracta doçura
Estão ferindo a razão
Num sorrir que comove.

A pobreza segue perdida
Vai crescendo sem destino
Na procura de guarida;
Naquele sono ladino
Acorda, a dor sentida
Na luta da força e paixão
Que ao saber pede protecção.
A mente divaga a pensar
Que na vida não há metade;
Na lágrima em liberdade
Há caminhos... quando chove!!!

O vento ao sonho roubou
A verdade ao pensamento;
Só a riqueza deixou
Para explorar o sofrimento.

Setúbal, 27/07/2010
Inácio Lagarto