quinta-feira, 29 de abril de 2010

SEMENTE DA SERRA


Segredou à Arrábida, sentado, na folhagem
Cheirou o mar e o perfume da terra
Na suavidade que a vida ali encerra
Com dor divagou, bebendo paisagem.

Homem sábio e de enorme coração
A Setúbal e a Azeitão... Acendeu a chama;
Poeta e Pedagogo, Sebastião da Gama,
Mestre no Amor deu bela lição!

A Serra - Mãe foi sua Musa e encanto,
O verde, da rara mata, serviu de manto
Naquele paraíso, fiel companheiro...

Na Foz do Sado sentiu a magia
Olhando a Natureza, pintou Poesia
E as nuvens levaram... Jovem conselheiro!



Setúbal, 28/04/2010
Inácio Lagarto

segunda-feira, 26 de abril de 2010

MENTE CRIADORA


Os sonhos nunca vividos
São pensamentos perdidos;
Abrem janelas ao vazio
Em comportamento social.
Tentam esquecer a bagagem
Crescem gelados, como frio
Numa estrutura brutal...
Ficam secos na aragem!

A palavra vem ao papel
Como abelha faz o mel...
Repartem a cera com iluminar.
O Livro, recorda a rica colmeia
Que recebe o pólen das flores,
Naquele ritmo ao musicar
Partilhado como grão de areia -
Aquece esperança aos amores.

Há mudança de atitude
Na tendência e na latitude,
No florear a razão.
A mente é hábil criadora
Em que o tema a inspirou
Muda na vida a solidão;
Torna-se em força lutadora
Quando a alma, no corpo tocou.

Pode trazer um embaraço
Ou um belo apertar de laço
Naquele olhar de futuro;
É o afinar da visão
Ao querer acordar o saber
Daquele silêncio seguro...
No estender ao outro a mão
Deixando no tempo o viver.

Setúbal, 25/04/2010
Inácio Lagarto

sexta-feira, 23 de abril de 2010

VIVA A LIBERDADE


Caminhava a Primavera
Abril não foi quimera
Cantando à liberdade.
Dos canhões saíram cravos
Como poema inacabado
Florindo a igualdade;
Puseram fim a velhos travos
Era um sorrir... quase finado.

Ao romper da madrugada
Nasceu força desejada
E o Povo saiu à rua...
Na procura de trigo e pães
De mistério semeado
A Revolução tornou-se sua!
Com soldados e capitães
Tornou-se em campo plantado.

Despertou a Democracia
Perfumada de magia
Num cantar Alentejano;
«Grândola Vila Morena»
Entre senha e contra-senha
Neste espaço Lusitano;
A voz do Povo ordena
Ao sinal de forte penha.

Do longo sono acordou
E de esperança... o véu rasgou
Trouxe ao Mundo nova vontade.
Susteve as mãos crispadas
Ao censório pôs final;
Renasceu doutra verdade
Com tantas metas traçadas
Neste canto que é Portugal.


Setúbal, 23/04/2010
Inácio Lagarto

quinta-feira, 22 de abril de 2010

É MUITO TEMPO


Somam dois anos de saudade
Corre o tempo amargurado
Vai aumentando o terror.
Neste cais da humanidade
Em que um dia fui ancorado,
Junto ao jardim em flor.

Ó meu Anjo protector
Belo clarão purificado
...Pirilampo quedo sem chama?
Fugiste de mim com furor
E porque me tens abandonado...
Quando meu corpo por ti clama!

Meu caminho ficou chuvoso
Trouxe silêncio à viagem
E o céu tornou-se escuro.
Rola presente duvidoso
No vazio, resta a imagem
Fiquei escravo do futuro.

Luto na luz contra nevoeiro
Sou anfitrião da própria ausência,
Dentro da frágil fortaleza.
De coração débil e verdadeiro
Procuro abrigo na existência
Para honrar tua beleza.


Setúbal, 20/04/2010
Inácio Lagarto

terça-feira, 6 de abril de 2010

CIDADE POÉTICA


Nesta Cidade o Vate nasceu
Bocage de métrico fulgor
E pelo Sado se apaixonou.
Na Índia lutou e viveu
Homem de crença e fervor
Aqui Elmano se iluminou.

Rio , Mar e Serra de paixão
De quanta paisagem e beleza!...
Que Sebastião da Gama sentiu
Com a alma e o coração,
Sentado entre a Natureza -
Tão belo saber repartiu.

Cantam Setúbal, a Sul do Tejo,
Seus poetas e cantadores
Em que brilha a água azul.
Como é linda e outra não vejo
Em que os barcos parecem andores,
Na corrente vinda do Sul.

Oh Arrábida! És soberana
Lá do alto dos teus montes!
Proteges os golfinhos e pescado
Nesta costa lusitana;
Rasgas nuvens e horizontes
Teu segredo, vem do passado.


Setúbal, 03/04/2010
Inácio Lagarto

ALBARQUEL

Sou figurante neste espaço
Em que a Arrábida banha-se ao fundo,
No silêncio o Outão fica a espreitar...
À alma de Tróia dão um abraço
Seguem de perto, Oceano profundo
Em que o Sado vai descansar!

Albarquel de praia amena
É fiel irmã da Figueirinha;
Do alto, S. Filipe, vigia atento
A linda Baía de água serena
Fazem de Setúbal - Cidade Rainha
Em que a Serra segura o vento.

Aqui velhos povos aportaram
E grandes valores floriram
Na pesca e no forte baluarte;
N salineiro que exportaram
Com força firme que repartiram
Nesta terra reside engenho e arte.

Mudaram-se tempos, filosofia
Sopra no ar nova aragem
Trazem com eles uma certeza.
Na cultura partilham magia
Brilha futuro sobre a viagem
E no Rio Azul a beleza.


Setúbal,01/04/2010
Inácio Lagarto