segunda-feira, 28 de setembro de 2009

ACORDA O AMANHECER


Bocage que lá no alto,
Em cima do pedestal!
Sobre chão, feito em laje,
Acorda o amanhecer,
Olha o mar e o planalto,
Vem rimar, no que está mal.
Tu, homem de grande saber,
Levas o tempo a escutar!...
Porque não ousas dizer...
O que sente o Povo do Mar?!
A Cidade já mudou,
A traineira, não navega...
O progresso aqui chegou!
Teus irmãos, não vão pescar,
Esta vida, vive cega...
Porque a fábrica, também fechou!
Uma lágrima derramou,
O teu Sado sente frio
...Corre-corre dalém Sul,
A Arrábida ampara o RIO
E o Céu está mais Azul.


Setúbal, 28/09/2009
Inácio Lagarto

DU BOCAGE


Manuel Maria, na intimidade,
Setúbal para o Mundo, o viu nascer;
Só grande Poeta vence na idade,
Vem DU BOCAGE, tanto saber.

Homem magro em desalinho,
De feitio temperamental;
Com mente fértil, lavrou caminho,
Na vida, não esqueceu Portugal.

Viveu a noite silenciosa!
Na Índia, sofreu desilusão;
Misteriosa força no rimar...

Amou, por entre mágoa penosa,
" ELMANO " - Lusitano de paixão
... Alma com arte no improvisar!


Setúbal, 27/09/2009
Inácio Lagarto

sábado, 19 de setembro de 2009

PRAÇA NOSSA SENHORA DO AMPARO





Nesta imensidão de imagens,
Há um Quadro, bem pintado;
Lavrado, por Anjos, em viagens
E, neste espaço, foi deixado.

Foi difícil o escolher,
Entre traços tão iguais;
Havia um, sempre a crescer,
Era belo, brilhava mais.

Percorri, toda a Cidade,
Procurei calmo lugar;
Sentei-me, na saudade...
Fiquei a olhar para o Mar!

Lá no cimo, em vasto monte,
Logo o Azul me prendeu;
Brotou água, na minha fonte
E, o Rio se estendeu.

O Mar com Céu, se fundia,
Mergulhavam as estrelas;
Vi em baixo, linda Baía,
Com Arrábida a protegê-las.


Seja noite ou seja dia,
Este Quadro tem magia.


Setúbal, 18/o9/2009
Inácio Lagarto

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

MAR ALENTEJANO



Ó Mar Alentejano!
Que banhas o Litoral!...
Belo Solo Lusitano!
Transportas, nas ondas, o sal;
Temperas a vida, do humano,
Com uma força divinal.
Crescem, nas margens, paisagens
Que em conjunto, com tua água...
Espalham ao vento, as areias,
Aquecidas no tempo, sem mágoa!
Perfumam campos, com aragens
E, de azul...
Lindas Aldeias!
Tuas praias, são abrigo,
Entre falésias e rochedos
... Paraísos de segredos;
O luar, navega contigo,
Tens estrelas iluminando...
Protegem, o pescador do medo,
Que no Mar... Vai remando!


Setúbal, 12/09/2009
Inácio Lagarto

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

GRITAR


Gritar? Ninguém escuta!
Não ouvem a voz da razão.
Que importa? A vida fria -
Por vezes dura ou astuta;
Por fim...
Traz com ela a SOLIDÃO !
Naquele cálice, ergueu,
A esperança, como condão;
Aquela estrela, eu conhecia!!!
Era um Anjo do Céu!
Desnudei minha mente
...Minha alma, ficou ao vento,
Sem deixar de ser gente.
Fui tratado brutalmente,
Não me curvei ao sofrimento,
Eu caí, para ser nascente;
Como incógnito é o futuro,
Neste tempo, já cansado;
Este sono, está maduro,
Vai florindo, quase acordado.

Setúbal, 08/09/2009
Inácio Lagarto

O DESTINO


O destino bate à porta,
Sem licença, quer entrar;
O que traz, pouco importa,
São saudades, em hora morta,
Faz sorrir, nosso olhar.

Ficamos confusos e perturbados,
Com miragens e esplendores;
No recordar tempos passados,
Naquele sono acordados,
Reflectem campos de flores.

Pulam crianças, sobre a razão,
Pássaros, no espaço, voando;
Naquela doce exaltação,
Com o Mundo, na palma da mão,
Nossa almas, vão sonhando.

Naqueles suspiros que guardais,
Em que seguiam os poetas;
Nas histórias dos mortais,
Nem as paixões são iguais,
Tornam as vidas incompletas.

Todos falam em liberdade,
Como o vento em desalinho;
Não repartem a vontade,
Trancam à chave, a verdade,
Não deixam entrar, o caminho.

Setúbal, 03/09/2009
Inácio Lagarto

domingo, 6 de setembro de 2009

QUATRO DE SETEMBRO


Do muito que tanto lembro
Quarenta e três anos passados
Hoje, Quatro de Setembro
São páginas escritas, meus pecados.

À Família, trouxe uma vida,
Ao romper da alvorada;
Veio com força, na caminhada,
Naquela esperança sentida,
Com futuro, vinha movida,
Dia Onze que foi Dezembro.
Floria, com novo membro,
Cristal puro, no coração;
Despertou grande paixão,
Do muito que tanto lembro.

Tinha olhar que via o Mundo,
Noite e dia sem parar;
Naquele querer e lutar,
Nunca sendo um vagabundo!
De alma solta, no Céu profundo,
Como fogos incendiados,
Acalmou corpos delicados,
Quando o vento não sossega;
Na idade, a miragem cega,
Quarenta e três anos passados.

Descerrava a Primavera,
De quem sou e quem fui;
Como no tempo, tudo flui...
Vi surgir, uma triste era!
Fantasma oculto, como fera,
Só recordado, em Novembro,
Que no sentir desmembro -
Prazer e dor que abraço...
Exalto, o Sagrado laço!
Hoje, Quatro de Setembro.

Sob açoites, humanos tremem,
Eles trespassam o pensamento;
Candeias trémulas, no momento,
São golpes que, nos sonhos gemem
E, nos sonhares ferem,
Entre folhagens acordados,
Que nos guiam, os passos dados,
Nos ventos em fúria brava;
Sou aquele que alguém esperava!
São páginas escritas, meus pecados.

Setúbal, 04/09/2009
Inácio Lagarto