domingo, 6 de setembro de 2009

QUATRO DE SETEMBRO


Do muito que tanto lembro
Quarenta e três anos passados
Hoje, Quatro de Setembro
São páginas escritas, meus pecados.

À Família, trouxe uma vida,
Ao romper da alvorada;
Veio com força, na caminhada,
Naquela esperança sentida,
Com futuro, vinha movida,
Dia Onze que foi Dezembro.
Floria, com novo membro,
Cristal puro, no coração;
Despertou grande paixão,
Do muito que tanto lembro.

Tinha olhar que via o Mundo,
Noite e dia sem parar;
Naquele querer e lutar,
Nunca sendo um vagabundo!
De alma solta, no Céu profundo,
Como fogos incendiados,
Acalmou corpos delicados,
Quando o vento não sossega;
Na idade, a miragem cega,
Quarenta e três anos passados.

Descerrava a Primavera,
De quem sou e quem fui;
Como no tempo, tudo flui...
Vi surgir, uma triste era!
Fantasma oculto, como fera,
Só recordado, em Novembro,
Que no sentir desmembro -
Prazer e dor que abraço...
Exalto, o Sagrado laço!
Hoje, Quatro de Setembro.

Sob açoites, humanos tremem,
Eles trespassam o pensamento;
Candeias trémulas, no momento,
São golpes que, nos sonhos gemem
E, nos sonhares ferem,
Entre folhagens acordados,
Que nos guiam, os passos dados,
Nos ventos em fúria brava;
Sou aquele que alguém esperava!
São páginas escritas, meus pecados.

Setúbal, 04/09/2009
Inácio Lagarto

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