quarta-feira, 25 de março de 2009

ESPERA POR MIM


Onde estás,
Minha consciência?
Viveste, junto a meu lado;
Fiquei só - Perdi valência,
Estou pagando, o meu pecado.
Senti golpe, tu partiste,
Mora no tempo a saudade!
Apesar deste sofrer -
Coroa de espinho e vontade,
Dum poder por compreender!...

Aquela manhã adormeceu
E, uma mágoa guardou;
A tarde... Manto de luz estendeu...
Um belo Anjo te levou!
O «Éden» ficou cinzento;
O sonho parou, por momento
... Um Cristal derramou;
A vida tornou-se vazia
Porque eu! Qualquer dia!...
Para aí vou! Envolto num véu!
Tu com alegria,
Espera por mim, lá no Céu.


Setúbal, 20/03/2009
Inácio Lagarto

PRIMAVERA


Primavera
Das flores,
Com seus campos a verdejar;
Cuja vida não é quimera,
Em que florescem doces amores.
Quadro de belas miragens,
Em que brilham as paisagens
E nelas, vê-se ave a esvoaçar;
O Sol aquece e perdoa,
De lindos jardins amenos,
Nesta Terra fértil e boa;
Onde, os Seres, sofrem menos;
Correm os rios a suplicar,
Como que a soletrar...
Palavras com emoção!
Abrem alas ao caminho -
Árvores floridas estão,
Em que o olhar não está sozinho
... Com o bater do coração.


Setúbal, 21/03/2009
Inácio Lagarto

sexta-feira, 20 de março de 2009

VENDEDORES DE PROMESSAS


Na escuridão, entre mentiras,
Vagueiam narizes pontiagudos;
Não são calmos, sentem iras!...
Vendem promessas, em largas tiras,
Julgam-se seres muito sortudos.

Gritam... Gritam!...Não dizem nada,
Propagam novas ilusões;
De dura mente apagada,
Até a NET é mal tratada,
Como a «Língua de Camões».

«PESSOA» - pensa humilhado,
Hoje a vida vive tão nua;
Esquecem os erros, dum passado,
Deixam futuro amordaçado,
Quanta esperança, deitada à rua?!

São idosos violentados,
Juventude sem profissão;
Vários Decretos revogados,
Os nossos direitos usurpados,
Caminha o País, sem razão.

Só existência permanece,
Em alerta! Paira sonhando!...
Forte querer não esmorece,
Porque...A aranha quando tece -
Presa à teia, vai ficando.


Setúbal, 156/03/2009
Inácio Lagarto

segunda-feira, 9 de março de 2009

BARALHOS DE CARTAS


Somos baralhos de cartas,
Tão unidas para jogar;
De mentes , nem sempre fartas,
No perder ou no ganhar.

Sai do «naipe» nova jogada.
Com ela, o erro ou, o sonho
Lembra longa caminhada,
Como o medo, não é risonho.

Traz esforço, desejado,
O momento é divertido;
Surge de truque misturado,
Deixa a alma sem sentido.

Nele, buscamos o prazer,
Vemos a vida florir;
Lutamos, por nada ter,
Cai uma lágrima a luzir.

Algemados por companhia,
Naquela mesa a girar;
Nasce no tempo a nostalgia,
Ficamos suspensos no ar.

De boca e dente a ranger,
O corpo fica a flutuar...
Partimos!... Sem nunca o saber
Ou, somos bálsamo, a vegetar.


Setúbal, 06/03/2009
Inácio Lagarto

quarta-feira, 4 de março de 2009

DURA VIAGEM


Aquele lugar de eleição
Ficou longe
Estando perto
Corre, como um rio de saudade,
Sem saber onde vai chegar
Mas, a força
Ou divindade -
Como alerta de fiel monge,
Mandou sinal certo.
Fiquei pasmado
Derrotado
Ferido
Sentido e !...
Como uma débil corça,
Regressei à partida -
Desta vida
E à razão,
Sem objectivo alcançar!!!
Vim preparar a lição
Para mais tarde lá voltar
E, então!...
Acalentar a emoção.

Setúbal, 24/02/2009
Inácio Lagarto

terça-feira, 3 de março de 2009

QUERER É TER


Um SER perfeito,
É pura ilusão;
Só tem efeito,
Na compaixão.

Pode ser vaidoso
Ou, inteligente;
Quer ser ditoso,
Acima da mente.

Há hipocrisia,
Nas sociedades;
Medo e mania,
Cegam as verdades.

De força febril,
Como um rochedo;
É alma senil
Que guarda segredo.

De gume agudo,
Viagem ignora;
Com silêncio mudo -
Cobiça devora.

Nada é ninguém,
Nem superior;
Há outro alguém,
Com tanto valor.

Ele pensa e sonha,
Com igual destino;
Sem mágoa tristonha,
Foi livre menino.

Em deserto imenso,
Distância reduz;
No tempo suspenso,
Futuro é luz.

Setúbal, 01/03/2009
Inácio Lagarto



NOITES MANSAS


Nas noites mansas,
Em passos lentos;
Choram as crianças,
Todos os lamentos.

Linhos matinais,
Dão aconchego;
Suspiros dos pais,
Calam o sossego.

Vida é esperança,
Sonho e ilusão;
Nasce confiança,
Nada é em vão.

Surge liberdade,
A força no peito;
Enfrentam verdade,
Comungam do feito.

Mistérios falam,
Meditam no SER;
Os dias abalam -
A luta do querer.

Aparece o tédio,
Perde-se o canto;
Falta o remédio,
A tamanho encanto.

Fecham-se janelas
E portas também;
Olham-se as estrelas,
Que lembram alguém!

De almas errantes,
Sentem a aragem;
São caminhantes!...
Buscando passagem.


Setúbal, 26/02/2009
Inácio Lagarto