segunda-feira, 27 de junho de 2022

A OLARIA

 




Extraído o barro da terra
Com picareta ou enxadão
Escolhendo a qualidade.
Quanta experiência encerra
Derregá-lo entre paixão,
Temperá-lo com crer e bondade.

Pisar o barro com os pés
É preciso ter engenho e saber
Até ficar pronto a trabalhar.
Derrubar aquele monte de lés a lés
Sobre o chão sempre a estender
Vai à roda do oleiro para moldar.

Na bancada, retirada a impureza,
Com as mãos e dedos em harmonia
Fomentando textura para criar.
Constroem-se pinos com firmeza
A fim do artista elaborar a fantasia
E as lindas peças poder mostrar.

Com água e mente conjugadas
O mestre desenvolve a criação,
Depois voltam ao torno para adornar,
Levam asas, motivos alegres, são pintadas,
Com fraterno amor do coração!
Secas vão ao forno para cozer e vidrar.

Suas mãos hábeis são divinas,
No mundo um fiel operário,
Um inovador livre à conquista!
Na luta pela vida nas oficinas
Tudo o que o cerca sai do imaginário
Como um belo troféu à vista.


Setúbal, 27/06/2022
Inácio José Marcelino Lagarto


sexta-feira, 17 de junho de 2022

O ALENTEJO DAS CULTURAS




                                                     (Imagem da Google - Dórdio Gomes)

 
Alentejo enraizado em diversas Culturas
Reflecte na arte e no campo o trabalhar;
Tem nos povos, confiança, fontes seguras!
Fala dos segredos da partilha no cantar.


O emigrante ao partir, pensa em regressar!
Leva no coração a saudade e o sonho
De um dia, a linda paisagem poder beijar,
Valorizado no seu comportamento risonho.


Amante da língua original alentejana,
Jamais esquece aquela força humana
Nem dos ricos arvoredos, searas, olivais.


Afirma com gosto a bela identidade,
Expande conhecimento, crer e bondade
Trazidos do viver, com os avós e pais.


Setúbal, 17/06/2022
Inácio José Marcelino Lagarto

quarta-feira, 15 de junho de 2022

O VENTO



O vento sopra forte ou brando, 
Leva o pensamento a  todo o lugar;
Orienta o barco no comando,
Reduz a luz da lua, do sol a brilhar.

Guia os panos das caravelas 
Para no rio ou mar navegar;
Espalha o pólen das flores belas
A fim da Natureza voltar a criar.

O vento calmo é sábio e velho,
Causa no mundo grandes emoções;
Segue em frente, não ouve conselhos,
Abana arvoredos e antigas paixões.

Abre portões, portas e janelas,
Aumenta a onda no seu espraiar;
Atrevido com mulheres e donzelas,
Deixa o povoado inteiro a chorar.

O vento torna-se peregrino,
Rompe fronteiras de lés a lés;
Muda a rota e o destino
E renova no tempo as marés.

Viaja por entre vales e montes
Varrendo planícies e areais;
Percorre longos horizontes
Em tornados e vendavais!

Vem acordar as madrugadas
Para a vida poder continuar;
À tarde, as ventanias são caladas,
Misturam-se com o povo a cantar.


Setúbal, 15/06/2022
Inácio José Marcelino Lagarto