O vento sopra forte ou brando,
Leva o pensamento a todo o lugar;
Orienta o barco no comando,
Reduz a luz da lua, do sol a brilhar.
Guia os panos das caravelas
Para no rio ou mar navegar;
Espalha o pólen das flores belas
A fim da Natureza voltar a criar.
O vento calmo é sábio e velho,
Causa no mundo grandes emoções;
Segue em frente, não ouve conselhos,
Abana arvoredos e antigas paixões.
Abre portões, portas e janelas,
Aumenta a onda no seu espraiar;
Atrevido com mulheres e donzelas,
Deixa o povoado inteiro a chorar.
O vento torna-se peregrino,
Rompe fronteiras de lés a lés;
Muda a rota e o destino
E renova no tempo as marés.
Viaja por entre vales e montes
Varrendo planícies e areais;
Percorre longos horizontes
Em tornados e vendavais!
Vem acordar as madrugadas
Para a vida poder continuar;
À tarde, as ventanias são caladas,
Misturam-se com o povo a cantar.
Setúbal, 15/06/2022
Inácio José Marcelino Lagarto
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