segunda-feira, 27 de agosto de 2012

CABELOS BRANCOS


Com cabelos cor de prata,
estão transpondo barreiras;
ao consagrar o viver
no ideal que os exalta.
Aguerridos às fileiras
vão doando o conhecer,
à faina e juventude;
trazem força e virtude
...coração a arder,
na chama que dele salta.

Ser velho é bravo soldado,
aquele que o tempo guarda,
como sinal do porvir.
Mostra caminho andado
em viagem inacabada,
com amor e sentir.

É n
eve, vapor de sonhos,
nuvem clara da unidade
...desejo da alma ardente!
Silêncios e afagos risonhos
que agitam a saudade,
num olhar firme e presente.


Setúbal, 27/08/2012
Inácio Lagarto

domingo, 26 de agosto de 2012

ALMA DE OUTONO


Alma de outono traz razão
transmite nobres segredos;
faz ouvir novo perdão
na vontade...sem enredos!

Com árvores desnudadas,
campos cobertos de folhagem;
as paisagens envergonhadas
pelo trepidar da aragem.

O sol espreita...de sentinela
as aves, no chilrear!
seguem rota por viela,
vão em bando patrulhar.

Passam leves, deixam pena
que cai sobre uma planta;
esvoaçam com vida amena,
seu cantar tanto encanta.

A terra é embalada
com as águas da cascata;
de aroma é perfumada
do belo que dali dilata.

A Natureza nunca dorme
...oculta o soluçar!
Dá abrigo e mata a fome
vai renovando o Criar.

Setúbal, 25/08/2012
Inácio Lagarto

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

NÃO SE APAGUE A MEMÓRIA


Não sendo um hábil profeta
sonho com a paz futura;
estamos galgando nova meta
queremos fugir...à escravatura!
Recordo tempos passados
do homem de alforje ao ombro,
pisando calçada da rua
com o rosto de assombro.
A vida não era só sua,
era do clã a sofrer;
da esmola vinha um trocado,
de peixe e carne, algum bocado,
para a fome esquecer.

Iam à praça amontoados
à espera do leilão;
na escolha abençoados
como gado do patrão.
Sobravam os resignados
no grupo, nesse dia;
alguns eram levados
por terem força e magia.

Não se apague a memória
nem se faça escuridão;
das imagens tenebrosas
que o ontem escreva história
por um naco de pão,
em angustias lacrimosas!

Setúbal, 20/08/2012
Inácio Lagarto

domingo, 19 de agosto de 2012

FALA A MEMÓRIA


Trago geração presente
que desnudo no espaço;
daquela vivência que sente
força que penso quanto faço.
No que a sombra levou
e no outono folha secou.

A memória fala comigo,
vem o sonho libertar;
desfolha querer antigo
sem o orgulho quebrar.
No amanhecer inacabado
...neste silêncio acoitado.

A seara do bom viver
embala a fantasia
que germina o escrever.

Floresce em joio ou grão,
fica guardado em poesia
no celeiro...do coração!


Setúbal, 19/08/2012
Inácio Lagarto

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

NOITE CALMA


Noite calma,
calma...
que rompe a madrugada!

A madrugada desperta,
sorri a claridade;
o sol jorra
pela janela do quarto...
entra a liberdade.

Lá fora...corre veloz
o carro na cidade
gente apressada...
persiste o sonho,
nesta vida agitada.

Em silêncio o vento
brilha luz nova;
escondem-se estrelas
num louco movimento
e o Ser ...é posto à prova!

Chegada a noite
o silêncio regressa;
neste dilema
nasce Poema
...está-se bem!

Setúbal,13/08/2012
Inácio Lagarto

sábado, 11 de agosto de 2012

REGRESSO À ESCOLA


Férias terminam, segredos voam
UNISETI espera...abre fileiras!
Os sonhos afinam, saberes entoam,
a força libera as fainas inteiras.

Iremos voltar...com bela razão.
A Escola é um hino, alegra a mente;
mãos a enlaçar, num novo irmão
...toca o sino, alerta o presente.

Nasce sentimento, coração igual,
desejo verde...ciência a crescer;
renova momento com chama ideal!

A vida começa, não tem idade;
o aluno tem sede, sacia o beber,
viagem não cessa...solta a vontade! 


Setúbal, 10/08/2012
Inácio Lagarto

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

MÁGICO OLEIRO



Recordo o trabalho de dura canseira
do mágico Oleiro, na roda a moldar;
de olhar reforçado, preso à fogueira,
à espera do sonho que o viesse afagar.

Peças de barro, tosco ou vidrento,
com tradição da alma popular...
criadas por mão firmes e de talento,
na arte simples e no decorar!

Imagens da memória retocadas
...com motivos nobres e bem rurais
em bilhas, de água, imaculadas.

A emoção no tempo é sentida,
sem esquecer os saberes ancestrais,
porque a saudade é manto...Da Vida!


Setúbal, 09/08/2012
Inácio Lagarto


domingo, 5 de agosto de 2012

SOL DA VIDA


Seguimos caminhos, buscamos guarida...
lições e sonhos, brotam no criar!
A rosa e os espinhos dão sentido à vida
...saberes risonhos, não secam o ar.

A força desperta, suave imaginar
na alma a crescer...sente o sorrir!
Verdade liberta, o jovem pensar
não deixa tremer, jardim a florir.

O sol vai alto, brilha a primavera
...rufa o musical que se quer tanto.
Chegado ao planalto, só resta quimera!

De fresca manhã, rubi a arder.
Amar é igual, fantasia sem manto,
rico talismã... nas mãos do Vencer.

Setúbal, 05/08/2012
Inácio Lagarto

VERDES CAMPOS



Oh verdes campos do Alentejo,
terras duras que arados enlaçam!
Na planície doura o desejo
p´las searas...que no tempo passam.

Perfilam montados em procissão,
alegram rotas de gado e pastores;
do alto da serra vem protecção,
com luz das estrelas de multicores.

Povo extasiado na paisagem 
que sabe silêncio e grito escutar...
fiel e crente na sua viagem!

Fala com a vida, ao som do vento,
memoriza sonho, com belo cantar;
dando força e alma...ao pensamento!

Setúbal, 05/08/2012
Inácio Lagarto

SOMOS RENOVAÇÃO



Nós somos o fruto, a condição
dando a vida, caminho, ao homem novo;
para que brilhe luz na renovação
e, no amanhã cresça...Um Povo!


O que se pede, ao tempo, neste dia,
entre o sol ardente e temporal...
é que a claridade traga magia!
Haja fé e que o bem derrube o mal.


Tu és memória das águas correndo.
Nós, o muro que protege e chora;
Segura arvoredo...medos vencendo!


Somos palhaços, gente engraçada,
haste da vontade que ri na hora,
transportamos raiz e semente...passada!




Setúbal, 05/08/2012
Inácio Lagarto

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

BAILES POPULARES


Vagueiam recordações do passado
em mastros nas ruas em sinfonia;
entre corpos... amor era tocado
rodopiando, em larga folia.

Do alto, sonhos, estendiam braços
com flores e bandeiras, palpitantes;
as luzes iluminavam espaços
abrindo a noite... aos caminhantes!

Havia poesia na vida a bailar,
ao som da harmónica vibrando...
no sentir da razão, a flamejar!

Ficava a magia, frente a frente,
as estrelas e o riso beijando...
liberdade era igual a outra gente!


Setúbal, 02/08/2012
Inácio Lagarto