segunda-feira, 25 de março de 2019

ABRIL CHEGA DE MANSINHO



A primavera chegou!
Toda a vida floresce
por entre pingos de chuva.
O inverno volante partiu,
o belo sonhar melhorou 
enquanto o dia amanhece;
traz a esperança da uva
cuja terra virgem pariu.

Abril chega de mansinho

com rebentos nos arvoredos;
palmilhamos o caminho,
seguimos em frente sem medos.

Muda o tempo, a estação,

desperta a flora honrosa;
beija os meses prolongados
à espera dos verdes trigais!
Das praias, do quente verão,
da vindima gloriosa ... 
pelos vinhos abençoados
em festejos e arraiais.

Vibram nos prados verdejantes

doce melodia florescente;
riquezas de  forças caminhantes…
luz e doçura honestamente.

Do nascer ao sossego da noite

existe o sol e a palidez  da lua
perante olhar suave e errante!
No céu azul de cambraia.
Sensação de amor, luta e açoite,
na extensa nuvem que flutua,
naquela viagem palpitante
mergulha na sombra... e desmaia.

Setúbal, 25/03/2019

Inácio José Marcelino Lagarto

sexta-feira, 22 de março de 2019

POESIA É VIDA


Há muita ventura pescada
pela rede do Pescador;
com Saber e Arte alcançada
na mente livre do pensador.

Vive na faina lutando
sempre julgando a desgraça;
vai suas feridas curando,
a Família na fé abraça.

Ele adora a pureza do rio
logo banhado por perfumes;
naquela água não sente o frio…
regressa à terra dos queixumes.

Junto à costa calafetando 
firme nos pés, alonga a visão;
cá de longe fica derramando
lágrimas… pela Foz do Outão.

O mar espreita e implora
à Arrábida verdejante!...
Que acenda a luz da aurora
e deixe passar o navegante.

Leva nobreza na traineira
ao romper da maresia;
vence a onda veloz traiçoeira
ao mudar da maré que nos guia.

Parte o sol já é tardinha,
chega a noite pede guarida;
surge um copo, uma sardinha!
A Poesia alimenta a Vida.



Setúbal, 16/07/2018
Inácio José Marcelino Lagarto


(Faz parte da 2ª Antologia da Casa da Poesia de Setúbal - Calafate)

HOMEM DE TALENTO


De mãos suadas trabalhando
calafetando embarcações,
beijava o Sado com encanto!
António Maria Eusébio, lutando…
sentindo com amor as emoções
nas redes de pescar, longo manto.

Os barcos chegavam cheios de pureza
ou, carregados de resignação,
entre o sol  quente nas viagens.
Traziam peixe fresco com firmeza,
remando contra relâmpago e trovão
que iluminavam as paisagens.

Entre tormentos, criações desiguais,
as tristezas da vida não o consomem!
Não usava o tempo para descansar.
Sendo livre cantava como os pardais
grande Mestre e belo Homem 
na partilha da arte com o versejar.

Na sua hora saudosa
pensava no náufrago aflito,
relembra antepassados.
A terna vida amorosa
divagando sobre o que foi dito
e nos verdes laranjais plantados.

Dedicava os temas à pobreza
acreditando num novo vencer!
Pedia às estelas que acendam a luz.
A terna traineira traga riqueza
com clarão ao amanhecer…
para que termine tamanha cruz.


Setúbal, 16/07/2018
Inácio José Marcelino Lagarto


(Faz parte da 2ª Antologia da Casa da Poesia de Setúbal -  Calafate)



CANTADOR DO RIO



Setúbal traçou-lhe o destino
a calafetar barcos junto ao Sado.
O Rio deu-lhe o berço em menino,
cresceu como Poeta divino…
nesta Cidade foi louvado.

Homem cantador versátil
numa voz sentida e pura!
Sonhador de técnica hábil.
De luta pela vida e mão fácil
dava alma à palavra segura.

Sentia o valor do querer!
Génio saciando-se nas fontes.
Falava com a manhã ao romper,
via o mundo com fome, a sofrer…
na faina desbravava horizontes.

Semeador de liberdades
de quem na vida ouve e existe!
Foi espalhando belas verdades,
regando as igualdades…
porque nasceste e não partiste.

Divagando no pensamento
com olhos postos na razão.
Vigiava na doca o movimento ,
bebia na tasca… templo no momento,
dizendo versos com o coração.

Ao Rio Azul agradeceste
a força real dotada de paixão.
A mágoa jamais esqueceste,
na sociedade pobre padeceste …
na dura caminhada sem haver pão.

Setúbal, 16/07/2018
Inácio José Marcelino Lagarto

(Faz parte da 2ª Antologia da Casa da Poesia de Setúbal- Calafate)


segunda-feira, 18 de março de 2019

AMOR DE MÃE





                                                                  AMOR DE MÃE

Amor de Mãe é eterno…  o colo… o sorriso…
o partilhar a três jamais será esquecido!
Esteja ela na Terra, no Céu, viver no Paraíso.
O afecto, a esperança, no aniversário é sentido.

Em prece tens Nossa Senhora D´Aires em protecção
e a Virgem Maria - Fátima, ambas em graças e glórias!
Com eminente luz enxugam nosso pranto, nosso coração,
Unidas em formosura realçam nossas memórias.

Por entre belas muralhas, árvore frondosa ilumina a vida!
Mostra ao sonho, a semente, naquela força florida,
agarrada   ao solo e ao mundo na sua real firmeza.

Parabéns! Mulher, Filha, Mãe, doce companheira!
Tua luta não foi em vão, como boa conselheira.
Cantamos à humanidade! Tua fé e grandeza.


Mil beijos de Inácio José e filha Paulinha
Setúbal, 17 de março de 2019
Inácio Lagarto






terça-feira, 12 de março de 2019

AO ROMPER DA PRIMAVERA



Em março, muda a hora, florescem árvores e paixões,
despede-se do inverno, ao romper da primavera!
Festeja-se o dia da mulher, do pai entre emoções,
renasce a esperança encantada de sonho e quimera.


Os campos e os jardins iniciam o verdejar,
ventos amenos convidam ao passeio junto à praia.
A luz quente, do sol, permanece no tempo a brilhar
e a lua silenciosa mergulha na terra e desmaia.


As nuvens chuvosas perfumam as mentes penitentes
a fim das barragens e solos beijarem as enchentes
porque a vida implora protecção ao Universo!


Que a
s madrugadas tragam um Abril de Liberdade,
transparente e repleto de paz e bondade
num poema escrito e cantado pelo Povo em verso.




Setúbal, 13/03/2019
Inácio José Marcelino Lagarto

domingo, 10 de março de 2019

PAI! UM TEMPLO DE CALOR



Pai é uma luz erguida.
Pai! Um templo de calor,
num caminhada sentida
transporta com ele o fervor!

O futuro  na identidade
e na família o crescer.
De aflição e vontade,
semente de labor e vencer. 

Partilha na construção do lar,
raiz envolta de seiva;
fomenta o terno embalar
naquele ninho como dádiva.

Vai escrevendo as memórias
numa crença divinal;
relê o livro das glórias,
da vivência fraternal.

Pai é abrigo sereno
do ser gente, o ter nome.
Companheiro de pequeno!
Do sonho a não ter fome.

Pai! É riqueza tê-lo,
faz-nos alcançar o espaço.
Vamos compreendê-lo
e acariciar o terno laço.

Ele ilumina a nossa mente,
com sua candeia vigia!
Numa visão permanente,
usando asas de magia.

Em viagem triunfal,
pai e filho em união!
como desejo especial
planeiam linda geração.


Setúbal, 19/03/2019
Inácio José Marcelino Lagarto

Nota:

Homens simples os hajam
com sentimento e sentir.
Outros bem vestidos trajam
peles de lobos ao sorrir.

Inácio Lagarto

quinta-feira, 7 de março de 2019

RENOVA O SENTIR



Nesta caminhada na vida, devagar…
numa viagem de lama e pedregosa
ouvindo o som dos sinos revoltados.
Sinto o pensamento murmurar,
envolvido numa pasta peganhosa
seguindo a vontade dos tratados.

Envolto em mistérios impuros,
escuto e olho usando de magia
com a fé que a mente anseia.
Torna a romagem difícil em segura,
fixa a imagem, na luz do dia,
cujo sonho em paralelo vagueia.

Numa realidade transcendente
a ambição cresce, sobre o abismo,
pensando na pérola da ciência.
A memória vagueia solenemente,
engenha a forma com exibicionismo
e o corpo oferece anuência.

Termina a quadra do carnaval
em que brilham fantasias alegres!
Este tempo de  reclamar faz falta.
Regressada à vivência tudo é igual,
surge a páscoa dos milagres
e no calendário … a graça salta.

Em março, as mãos reclamam por amor,
espreitam a terra, a praia e o mar!
Entregam-se à adoração do existir.
Fonte da primavera e da bela flor,
nossa doce companheira secular
e na humanidade renova o sentir.


Setúbal, 07/03/2019
Inácio José Marcelino Lagarto


Nota:

Povo valente e idealista
convertem o tempo com atitude;
venceram a vida pela conquista!
Memórias do ontem doadas à juventude.

Inácio Lagarto