sexta-feira, 22 de março de 2019

CANTADOR DO RIO



Setúbal traçou-lhe o destino
a calafetar barcos junto ao Sado.
O Rio deu-lhe o berço em menino,
cresceu como Poeta divino…
nesta Cidade foi louvado.

Homem cantador versátil
numa voz sentida e pura!
Sonhador de técnica hábil.
De luta pela vida e mão fácil
dava alma à palavra segura.

Sentia o valor do querer!
Génio saciando-se nas fontes.
Falava com a manhã ao romper,
via o mundo com fome, a sofrer…
na faina desbravava horizontes.

Semeador de liberdades
de quem na vida ouve e existe!
Foi espalhando belas verdades,
regando as igualdades…
porque nasceste e não partiste.

Divagando no pensamento
com olhos postos na razão.
Vigiava na doca o movimento ,
bebia na tasca… templo no momento,
dizendo versos com o coração.

Ao Rio Azul agradeceste
a força real dotada de paixão.
A mágoa jamais esqueceste,
na sociedade pobre padeceste …
na dura caminhada sem haver pão.

Setúbal, 16/07/2018
Inácio José Marcelino Lagarto

(Faz parte da 2ª Antologia da Casa da Poesia de Setúbal- Calafate)


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