sábado, 27 de fevereiro de 2021

PARTILHA FRATERNAL

 





Quando nasci era dezembro, 
Mês frio, tempo de Natal;
Deu ao mudo, novo membro,
Na partilha fraternal.

A luz acendeu e brilhou
Entre faina e carinho;
A esperança acordou,
Na ternura abriu caminho!

O Sonho, com o rir veio
Para fugir à utopia;
Conquistou zelo no meio
Que no peito amor trazia.

No Alentejo a galope
Calcorreou  na bondade;
Brincando, bebendo xarope
Para sentir a liberdade.

Seguiu a arte pujante,
O acreditar na lusa raça;
Olhando o semelhante,
A estrela que nos enlaça.

Na virtude da emoção
Beijei a luta reflectida;
Aqueci o viver, o coração
Numa chama sentida.

Brindo ao Saber, ao Existe,
À amizade e carreira:
A alma no vencer persiste
Pela labuta cimeira!

O objectivo recompensa
O trabalho matinal;
Alegra a mente que pensa
Neste planeta especial.

Setúbal, 28/02/2021
Inácio José Macelino Lagarto

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

ALENTEJO SONHADO

 


Alentejo  do campo sonhado,
De um novo amanhecer;
Pelo tempo é conquistado
Com o trabalho e vencer.

Do Largo de São Luís
Olha-se a encosta da Serra;
O Castelo de Dom Dinis
Pelo belo que encerra.

De Viana a par de Alvito,
Irmãs de nacimento;
Povos vizinhos de grito,
No crer e pensamento.

Vila Nova da Baronia 
Abraça na viagem o Torrão;
Santa Águeda por alegria,
Companheiras com condão.

Abre caminhos por Aguiar,
A Évora Cidade de Diana;
Uma força no enlaçar
Com a tão linda Viana.

Alcáçovas de solo lavrado,
Com chocalho e doçaria;
Beija o Xarrama, o prado,
A paisagem noite e dia.

Tem Senhora D´Aires Divina
E o Templo de tanta beleza;
Fé e bênção peregrina,
O conforto da Natureza.

Une o Outeiro e a Oriola,
O Alqueva por desbravar;
Levam o Cante na sacola,
Amizade a  iluminar!

Setúbal, 23/02/2021
Inácio José Marcelino Lagarto

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

MATAR A SEDE NA MONDA





Está chegando a primavera,
Traz as horas saudosas; 
Recorda o mondar noutra esfera
Sobre passagens gostosas.

O aguadeiro/a com assombro
Para matar a sede ardente;
Carregava água fresca ao ombro,
Ao quadril por campo quente.

Pisavam a seara verdejante 
 As belas mondadeiras;
Naquele caminhar ondulante
Desfilavam pelas requeiras. 

Cortavam a erva daninha
Ou a esbelta e linda flor;
Cuja semente crescesse sozinha,
Beijasse na raiz o calor.

Curvadas ao sentir, a mente agita,
Cantando uma alegre cantiga;
Um verso, uma palavra bonita, 
Assim foi, a vida antiga. 

Voavam as borboletas
Pelas pétalas com lamento; 
Despediam-se das plantas,
Brilhando no espaço ao relento. 

O tradicional casal obreiro,
Com a bilha, o cocho na mão;
Na voz e grito de guerreiro
Cumpria com dever, dura missão!


Setúbal, 22/02/2021
Inácio Josá Marcelino Lagarto                    

sábado, 20 de fevereiro de 2021

O SINO EM VIANA DO ALENTEJO



Toca o sino do Castelo 
Vem anunciar o horário
Esteja calor, frio ou gelo
Bate o badalo do Templário!

I
Replicam os sinos da Igreja
Para actos de fé e missão,
Convidam o povo à união;
A partilhar quem o enseja
E ao longe cria inveja.
O relógio, acorda  o sonho belo,
Com o barulho do martelo;
Alerta a mente e o ideal
E quem labuta, na vida, afinal,
Toca o sino do Castelo.

II
Entoa para além do povoado,
Controla o tempo e o cansaço
Guiando o viver para o enlaço;
Naquele som tão elevado
Desperta o sono encantado.
Alimenta o crer imaginário
Em saber do hábil operário;
Não olha à pobreza, à riqueza,
Ajudando a Natureza
Vem anunciar o horário.

III
Na Torre existe um catavento
Informando, se há temporal
Surgido da abóbada celestial;
Prevê o sol, chuva ou vento,
Com ciência em movimento.
Manda usar bota ou chinelo
Com conforto, carinho e zelo;
Neste mundo de quimeras
Em que trepam frescas heras,
Esteja calor, frio ou gelo.

IV
Nesta Era do Computador,
Caminhamos direito à luz
Cuja tecnologia nos conduz;
Suspira o Globo por Amor
A fim que termine tanta dor.
Não alterem o cenário
Com progresso publicitário;
Ao visitarem, em Viana, a muralha,
No acreditar em quem trabalha
Bate o badalo do Templário!


Setúbal, 18/02/2021
Inácio José Marcelino Lagarto

terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

SEARAS AO VENTO




Viana concelho belo
De Évora, ilustre cidade;
Tem muralhas e um Castelo,
Uma Igreja Matriz com zelo,
Alentejo canta a saudade!

Lindas Fontes a céu aberto,
Oferecem água ao jorrar;
Ao povo que viaja por perto,
Matam a sede em tempo certo
E vêm acalmar o divagar.

Alcáçovas guarda passado,
Na Cultura traz o chocalho;
No Palácio foi Lavrado,
Histórico, Nobre Tratado,
Firmado em Toledo, por atalho.

Aguiar de visão divinal
Com velha Anta e Igreja;
De vasta zona rural,
Criada a Sul de Portugal
E grande futuro enseja.

Com glórias soberanas,
Cujos saberes desabrocham;
Carregam forças humanas, 
Das frentes transtaganas
Que na luz presente brilham.

Nas vastas searas ao vento
Que abanam a caminhada;
Acordam o pensamento,
Iluminam o movimento
E abraçam! A Terra Amada!

Setúbal, 16/02/2021
Inácio José Marcelino Lagarto
 

domingo, 14 de fevereiro de 2021

VERDE MONTADO

 
 Fui passear pelo denso montado,
Campo agreste e de barro;
Logo fiquei maravilhado
Com a cortiça que faz o tarro.

Olhei de perto a bela paisagem, 
Admirei a vara de porcos a correr;
O sol a iluminar por entre folhagem
E com magia, vem a vida aquecer.

Naquele vasto arvoredo de odores,
De chaparros, sobreiros e azinheiras;
Com frutos diferentes de sabores
Partilham as sombras companheiras.

No meio dos troncos fazem os ninhos 
E, em segurança pernoitarem;
Tão belos, alegres passarinhos,
Neles os seus filhos criarem.

Em terna imagem abençoada,
Porqueiro, ajuda, bons vigilantes ;
Pintam uma aguarela ilustrada
Com os solitários caminhantes.

Não falta o fiel cão obreiro
No centro de tamanha filosofia:
Ladrando ao tempo rezingueiro
Ou, brincando contra fantasia.

Frondosas árvores verdejantes,
Da nobre família dos carvalhos:
Dão lenha para fins semelhantes,
Protegem os sonhos dos orvalhos.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                      
Setúbal, 15/02/2021
Inácio José Marcelino Lagarto









sábado, 13 de fevereiro de 2021

DIA DE SÃO VALENTIM

 
(Foto retirada do Google)



Dia de São Valentim,
Festa dos Namorados;
Bate forte o peito assim
Por amores iluminados.

Neste tempo emocional
Fala livre a memória;
O convívio é virtual,
Na partilha grava estória.

Quem da vida é amante,
Ama o sonho de graça;
Um eterno apaixonante,
Beija o irmão que passa.

Refiecte na idade e na mente,
Uma paixão, uma atitude;
Gostar do mundo, estar presente,
Com muito orgulho e virtude.

Amantes de coisas tangíveis,
Como avós, pais e filhos;
Tornam os viveres sensíveis,
Esquecem os novos cadilhos.

Somos humanos de vontade,
Acendemos o nosso olhar;
Vemos nos amigos bondade,
Como uma estrela a brilhar.

Palmilhamos terno caminho
Naquele querer inocente;
Ninguém existe sozinho
E aquece o coração que sente!

Setúbal, 14/02/2021
Inácio José Marcelino Lagarto


quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

ALENTEJO DA CASA CAIADA



Alentejo da casa caiada
Em Península sonhadora; 
Da terra fértil abençoada,
De gente nobre acolhedora.

Brindam ao sol e à chuva,
Ceifam no verão a semente;
A seguir surge a vindima da uva
Festejando com alma contente.

Sentem orgulho no povoado,
Do povo honrado alentejano;
Adoram o gado e o montado,
A chama do querer humano.

Na tarde mansa a voz implora
Por descanso, paz e carinho;
Aguardam a luz da aurora
Para palmilharem novo caminho.

Naquele falar de som dolente
É um eterno apaixonado;
Sabedor, criativo de mente,
Partilha a vida de braço dado.

Traz do tempo a desventura,
A luta entre força e gemido;
Trabalhador honesto de bravura,
Escuta no silêncio junto ao ouvido.

Na taberna refresca os cansaços,
Pensa na saudade, na emoção;
Com o amigo estreita os laços,
Murmúrios, segredos do coração!


Setúbal, 11/02/2021
Inácio José Marcelino Lagarto

sábado, 6 de fevereiro de 2021

ROMPE O TEMPO DA VONTADE




Rompe o tempo da vontade,
Ano da graça sorridente;
A chuva, traz com ela a bondade,
Rega o campo em liberdade,
Floresce na Natureza a semente.

Fecham-se portas e as janelas
A fim de protegerem o viver;
Escorrem das telhas gotas belas,
Abençoadas pelas estrelas,
Chegam às barragens com prazer.

Com o carnaval, antes divertido,
Sem corso, música, alegria, folião;
O mundo caminha só e dividido,
Perdeu a bússola, ficou sentido,
Segue na viagem em contramão!

Não se ri despojadamente,
Aguardam a força da memória
Pelo grito solenemente.
A humanidade olha e sente
Mantendo a esperança na vitória.

Há crença no frondoso arvoredo,
Na ternura da Existência;
Na luz que aquece sem medo,
No amor que alimenta em segredo
E confia plenamente na Ciência!

Brilham no céu sinais distantes
Que iluminam a primavera;
Trazem anjos e acompanhantes
Cantando harmonias sonantes,
Mudam a tecnologia, nesta Era!


Setúbal, 07/02/2021
Inácio José Marcelino Lagarto

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

SILÊNCIO NO OLHAR

 


Em silêncio fixamos o olhar,
Observamos, ficamos a sonhar;
O sentir brota no pensamento.
A ternura na paciência cansa
À espera da fraterna confiança
E que termine o louco tormento.

Mantemos acesa  a consciência
A fim de acalmar a sábia inocência; 
Continuamos  no tempo a acreditar,
Na força do querer, na humanidade!
A qual valoriza a criatividade
E vai desbravando o caminhar.

A voz do povo segue cansada ,
Traz ao peito uma vida marcada
Pelos tratos que ainda não esqueceu.
As mentes falam ao despertar!...
Das crises, tecnologias, no laborar,
Cujo coração no amor se ergueu.  

Vamos ouvir o grito da Natureza
Sobre a paisagem e sua defesa!
Ela é refrescante, embaladora,
Aquecida ao sol ardente,
Temperada pelo luar docemente
E guiada através da luz criadora.

O vendaval que hoje sentes
Sopra para além das correntes;
Torna a vivência feroz e cruel.
Carrega no ventre velhos pesadelos,
Espalhando alguns desvelos, 
Miséria imerecida com sabor a fel! 


Setúbal, 01/02/2021
Inácio José Marcelino Lagarto