segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

MATAR A SEDE NA MONDA





Está chegando a primavera,
Traz as horas saudosas; 
Recorda o mondar noutra esfera
Sobre passagens gostosas.

O aguadeiro/a com assombro
Para matar a sede ardente;
Carregava água fresca ao ombro,
Ao quadril por campo quente.

Pisavam a seara verdejante 
 As belas mondadeiras;
Naquele caminhar ondulante
Desfilavam pelas requeiras. 

Cortavam a erva daninha
Ou a esbelta e linda flor;
Cuja semente crescesse sozinha,
Beijasse na raiz o calor.

Curvadas ao sentir, a mente agita,
Cantando uma alegre cantiga;
Um verso, uma palavra bonita, 
Assim foi, a vida antiga. 

Voavam as borboletas
Pelas pétalas com lamento; 
Despediam-se das plantas,
Brilhando no espaço ao relento. 

O tradicional casal obreiro,
Com a bilha, o cocho na mão;
Na voz e grito de guerreiro
Cumpria com dever, dura missão!


Setúbal, 22/02/2021
Inácio Josá Marcelino Lagarto                    

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