segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

ESCULPIDO NO BARRO


Sou um Ser intemporal
Vivo sonho sem idade
E a tantos sou igual;
Não uso a palavra... mal
Olho de frente a verdade.

Tenho um amor tão antigo,
No tempo foi trabalhado;
Esculpido do barro... sigo
No rapaz que vive comigo
Que na roda foi moldado.

Tenho medo... quero viver
Afago minha fiel mente;
Caminho no aprender...
Reforço o Ser sobre o Ter
Não perdendo que sou gente!

Do sol surge bela cor
No silêncio a alma chora;
Na sombra... cresce a dor
Por água seca... a flor
Por quem coração implora!

Nesta humilde vontade
... Do lutar que não esqueço;
Trago amor da mocidade
Guardado com saudade,
No peito... por não ter preço!


Setúbal, 29/01/2011
Inácio Lagarto

NAMORAR


Não há tempo para amar,
No tempo cresce o fluir;
Quem pensa no namorar
Dá Amor... ao repartir!

O sonho é nobre e fecundo,
Segue na vida presente;
Corre nas veias do mundo,
Alimenta toda a mente.

Ele vive nos animais,
Nas plantas, na Natureza;
Em procriar bem iguais,
No caminhar com certeza.

Desce ao peito, ao coração,
Quantas vezes Ele dói?
Porque foge à razão
Também a alma destrói.

Quando o prazer é falso
Esquece toda a verdade;
Leva o sonho ao cadafalso
Porque amar... não tem idade!

São poetas apaixonados,
Deste fruto divinal;
É servido sem pecados,
Neste sabor... Universal!


Setúbal,29/01/2011
Inácio Lagarto

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

PRESO À VIDA


Do ventre de mãe surgi
Como essência do barro;
Mãe Terra não esqueci
Não deixei de ser chaparro.

Nunca fiz mal a ninguém
Por inveja...fui julgado!
Se, por acaso, já fiz bem...
Pago à vida bom pecado.

Como todos fui criança,
Tento no tempo...aprender!
Solto à vida sem fiança,
cumpro pena no viver.

Os amigos são escolhidos,
Guardados no coração;
Ferros das grades... perdidos
Pela força... do perdão!

Quantos caminhos trilhados
Pelo arado da vida!?
De bicos estilhaçados
Porque a forja... já foi partida!

Com seara abandonada,
Pelo frio que a secou!
Belo trigo e cevada
Que o sol na sombra... queimou!


Setúbal, 25/01/2011
Inácio Lagarto

V I V E R


O que se faz ao longo, com idade,
É viver, aprender e pensar!...
Ocupar tempo... saber partilhar!
Adoçando a vida com dignidade.


Feliz daquele que não esquece passado!
Respeita o caminhar do futuro;
Ama o sonho, branco ou escuro,
Galopa em terreno apertado.


Montado na vida, com jeito corre,
Como a planta... um dia morre;
Só a água da fonte fica a brotar!


Somos parte colorida da tela
Que hábil pintor não quer perdê-la
Naquela força que sabe retocar.



Setúbal, 25/01/2011
Inácio Lagarto

domingo, 23 de janeiro de 2011

ANDORINHAS


É chegada a primavera
O sol chegou!...
Andorinhas fazem ninhos;
O barro não é quimera,
Ele secou!
Na casa nascem filhinhos.

Sob beirais dos telhados
Ele secou!
Na sombra quente e sentir;
Luz de espaço amparado,
O sol chegou!...
Dando abrigo ao existir.

Entre sonho em segredo,
O sol chegou!...
Protege novo viver;
Naquele chilrear ledo,
Som encantou!
A viagem do querer.

Negra ave com beleza
Som encantou!
O calor da humanidade;
Com amor à Natureza,
O sol chegou!...
Vem alegrar a cidade.

Setúbal, 23/01/2010
Inácio Lagarto

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

A N J O


Vi uma ave voando
Voou!...
Mudava de direcção;
Tinha lágrima rolando
Rolou!...
Caía do alto... no chão.

Toquei-a na luz e chama
Rolou!...
Trazia um sabor amargo;
A ave no céu clama
Voou!...
Por amor ... doce afago.

Olhei as asas da vida
Voou!...
Sigo a longa viagem;
Lá longe... mora escondida
Rolou!
Na pedra doutra paisagem.

Quebrei silêncio na mente
Rolou!...
Como quem sopra brasas;
Meu olhar está presente
Secou!
Beijei Anjo... belas asas.

Setúbal, 20/01/2011
Inácio Lagarto

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

BRASIL CHORA




O Brasil chora
É nosso irmão;
Ao céu implora
Em aflição.

São às centenas
Mortos no chão;
Almas de penas
Erguem a mão.

Chuva chegou
Vida embriaga;
Nada deixou
A luz divaga.

Coração parte
De vidro feito;
Água sem arte
Sonho desfeito.

Tanta amargura
Ritmo do povo;
Rosa escura
Perigo novo.

Triste canção
Social preso...
Há emoção
Caudal aceso!

Existem ais
Sobre caminhos;
Sentir de pais
Nossos filhinhos.

Não basta abraço
Sem um florir;
O nosso laço
É... repartir.

Setúbal, 14/01/2011
Inácio Lagarto

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

ARRUME O TEMPO


Arrume o seu tempo
Desfrute do lazer;
Um belo passatempo
É ler e... aprender!

Não olhe o dinheiro
Como luz a passar...
És doce conselheiro
Segue o teu olhar!

Os sonhos parados
Trazem isolamento;
Quando bem arrumados
Limpam o pensamento.

O vento em mudança
Troca opinião;
O sentir da criança
Traz voz do coração.

Partilhe o Amor
E seja mui feliz!!!
A força duma dor
Seca frágil raiz.

Arrume a mágoa
Com boa melodia;
A chuva carrega água
E solidão vazia.

Setúbal, 13/01/2011
Inácio Lagarto

domingo, 9 de janeiro de 2011

S O N H O S


Nesta cruzada e sentir profundo
Os sonhos, nem sempre são iguais;
De belos... aguçam os punhais
Que trazem a tristeza ao mundo.


Há amor na rota do viver...
Um murmúrio, um rir, um gemido;
Num tempo alegre ou sofrido
Entra a esperança do vencer!


Os sonhos calam a saudade
Perdidos, no crescer da idade
Quando a estrela do céu cair!


Caminham... na relva deste jardim!
Na Terra não existem outros assim...
A vida é bela... é p´ra sorrir!


Setúbal, 09/01/2011
Inácio Lagarto


sábado, 8 de janeiro de 2011

PARTO DIFÍCIL


Novo Ano, triste, vai parir...
O velho eufórico concebeu!
Com magia se fortaleceu
Espera parto difícil... no porvir.


Esquece a madrugada da primavera,
Criança que traz sonhos feridos;
Troca o verde dos seus vestidos
Por um manto negro de quimera.


Luta do passado se esfuma...
Que a alma de Abril perfuma
E a luz ilumina o peito!


Sem fé, nesta grande oscilação,
Faz tremer de medo o coração,
Sombra na paz... futuro desfeito!


Setúbal, 07/01/2011
Inácio Lagarto

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

RIO SADO


Numa lágrima de cristal
Na Serra da Vigia nasce;
No Alentejo com medo
Em clima tão desigual
O Sado do sul cresce.
Visita Alcácer em segredo
Naquele espraiar sem fim,
Vem a Tróia separar
E a Setúbal desaguar...
Pede ao Senhor do Bonfim
Que ao pescador não façam mal!

De corrente contra o destino
Caminha do sul para norte,
Alagando densas margens;
Com as marés perde o tino
Dá vida, força e sorte.
Recebe cheias das barragens
Alimenta os pesqueiros,
Dá de beber ao arrozal;
Cria prainhas e esteiros,
Bebe água dos ribeiros
Canta um poema divinal.

Em bela Baía acalma
Tem a Foz junto ao Outão;
Oceano apaga a chama
Guiado pela razão.

Setúbal, 05/01/2011
Inácio Lagarto