quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

DESPERTAR




Tive a chama de criança
Usava bibe aos quadrados;
Guardava saber e poupança
Como burro carregados.

Levava dentro da sacola
Os trabalhos feitos à mão;
O futuro preso em argola
Com a guita e o pião.

Brincava alegre no recreio
Numa vida partilhada;
Se surgia um vago enleio
Não faltava a reguada.

Foi crescendo a idade,
Passava as tardes nas danças;
Sentia o cheiro da liberdade
... Já reparava nas longas tranças!

Como bela era a leveza
Naquela donzela perfumada...
O dia tornou-se em certeza
Na escolha da namorada.

Olho o tempo pela vidraça
Vejo o caminho percorrido;
O passado depressa passa
Quando se nasce... Vem definido.

Setúbal, 14/02/2010
Inácio Lagarto


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