terça-feira, 26 de maio de 2009

COLMEIA VAZIA


Sou um caminhante,
Só a força me leva;
Vagueio na treva,
Mudei de semblante.

Com meu coração,
Escutei a cigarra;
Cantava com garra,
No calor de Verão.

De verdades reais,
O sonho morreu;
O viver esqueceu,
Levou ideais.

Percorro a montanha,
Prado campestre;
Na moita silvestre,
Vejo arte tamanha.

Vegeto no mato,
Com cheiro a flor;
Senti minha dor,
Piquei-me num cato.

Na colmeia sozinha,
Sou triste zângão;
Vivo de solidão,
Perdi a rainha.

Deitei-me ao relento,
Olhei as estrelas;
Fixei uma delas,
Tocado pelo vento.

Sussurrou vontade,
Sem o entender!!
Ouvi - a dizer...
Espero - te, mais tarde!

No silêncio e mágoa,
A nuvem surgiu;
Do alto caiu,
Uma gota de água.

Trouxe compaixão,
Molhou tensa face;
Limpei - a, sem disfarce,
Com a palma da mão.


Setúbal, 23/05/2009
Inácio Lagarto

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