Entre Alcáçovas e Viana
Corre o Xarrama na corrente
Alagando paisagem florida,
Olhando as estrelas ao luar
Na chama quente alentejana;
Mergulha na barragem luzente,
Prossegue na marcha sentida
Vem a Alcácer do Sal desaguar!
Mistura-se com o Sado vindo do sul,
Acompanha as tempestades;
Banha Setúbal do Rio Azul
Chega ao mar, leva saudades.
Traz o trinado do rouxinol,
O chilrear dos ternos pardais;
O perfume dos arvoredos
E a paixão fiel dos pastores!...
Dos ceifeiros ceifando ao sol
No meio de dourados trigais;
Dos montes que guardam segredos,
Dos sonhos gerindo amores!
Ao enxergar viagem sagrada
Ultrapassa os nevoeiros;
Vai temperando a jornada,
Refrescando campos soalheiros.
A voz transtagana desabrocha
Num concelho nobre exemplar
Em que o vento sopra forte
Acordando o velho montado.
Atravessa a planície e a rocha
Alegrando grupo a cantar,
Segue firme, seguro na boa sorte,
Unindo o povo encantado!
De Aguiar a Viana do Alentejo
E Alcáçovas de Igrejas devotas
Trazem de Alvito ideal e ensejo,
Do Torrão, as cegonhas, em belas rotas.
Setúbal, 28/11/2020
Inácio José Marcelino Lagarto