PORTUGAL MULTICOLOR

           

                Mote
 Portugal multicolor
 quão diferente nas paisagens;
 recebe do mar belo valor
 com a terra, partilha imagens.
  

                  I
No Minho abrem-se rotas
Rio Douro beija o Porto;
Mondego com corrente a gosto,
na Figueira acenam gaivotas
a Coimbra lágrimas soltas
na semente do amor.
Lisboa no seu esplendor
olha Tejo extasiada;
da Cruz de Belém Sagrada
Portugal multicolor.

                 II
Rio Sado o mar perfuma
com Arrábida e miradouros;
glórias colhidas aos mouros -
areais perdidos na bruma,
segredos trazidos na espuma
entre janelas, miragens.
Ecos, silêncios das paragens
da planície  Alentejana;
mergulhados no Guadiana
quão diferente nas paisagens.

                   III
Adornam vilas e cidades
do Norte a Sul profundo;
riquezas, acervos do mundo
nas memórias das vontades
vão vencendo as idades
no País do Adamastor.
Com um grito criador
Alentejo no semear;
Setúbal estrela a brilhar
recebe do mar belo valor.

                  IV
No tempo o sonho floresceu
na sombra escondida nos montes;
querer penetra horizontes
chega a Évora Museu,
a fonte dali não morreu
em Faro desbrava aragens.
As nuvens ofuscam viagens
da ave que esvoaça;
tanta força por lá passa
com a terra, partilha imagens.

Setúbal, 18/08/2013
Inácio Lagarto             



             

ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA

Virgem Maria, Mãe sublime da bondade,
luz Sagrada de terna união;
intercede por nós, concede perdão,
no Teu olhar brilha paz...claridade.

Acende a estrela que nos guia
...Rainha e Santa que veneramos tanto!
Dá aos Seres um novo encanto
para que os sonhos sejam de poesia.

Foste elevada em corpo e alma
ao Céu, queres a dor do crente calma
e no trono estendes... protecção.

De lá geras vida e esperança,
sinal pleno de fé e confiança
e no homem tocas... no coração.

Setúbal, 15/08/2013
Inácio Lagarto

ESCREVER DIZENDO

Mil sons sentidos, lançados ao vento
dão retorno ao caminho da luz;
vibram no silêncio, acalmam a cruz
das mágoas... sonhos em movimento.

Na beleza da palavra escrita
dispara o dizer ao coração!
Abre o pórtico da mente à razão,
enlaçando verdade... força dita.

Ao tempo e solidão vamos falando
na noite com estrelas divagando
na poesia... floresce um ideal!

Eleva-se o belo na chama acesa,
o sol aparece na vida indefesa
embalando a voz... em ritual.


Setúbal, 10/08/2013
Inácio Lagarto

SUSPIRA A ALMA REPARTIDA

             Mote
Sofre o homem de ilusão
com saudade de mudança;
hoje a força da razão
está ferindo a confiança.

I
Sombra criou ar profano
empoeirou a igualdade
no cupido da liberdade;
com vento forte e tirano
assombra o Ser humano.
Toca na força do coração
num futuro em procissão
não deixando vencedor;
pelo presente com fervor...
sofre o homem de ilusão.

II
Suspira a alma que  repartiu
por trabalho como dever
...rico prémio do vencer;
a árvore que floriu
frágil...  depois caiu
naquele sonho de criança.
Na incerteza avança
num doce olhar ausente;
o perigo espreita em frente
com saudade de mudança.

III
Foram alternando cenários
em poder, quimeras ao peito,
sonhos por povo eleito;
bandos, votos voluntários
lançados em campanários,
às estrelas dando a mão.
Partilharam confusão
porque o eco demora;
este fadário apavora
hoje a força da razão.

IV
A voz da espuma desabrocha
na primavera da flor,
com luz quente de amor;
a água batendo na rocha
crepita, sente e afrouxa
cintilando a esperança!
O sol apaga e não avança,
molha o corpo e solidão
nesta cruzada em divisão
está ferindo a confiança.


Setúbal, 06/08/2013
Inácio Lagarto

B O C A G E

Bocage de olhar firme e puro,
esguio, alma presente, um sonhador;
com as damas era conquistador...
de pés e nariz seguia seguro.

Homem inteligente, de bom prosar,
culto. tristonho, de livre paixão...
espalhou arte, ciúme , ambição
de quem no tempo só queria amar.

Usando hábil força de quem peleja,
no meio circundante,criou inveja,
por ser mordaz, ousado e profano...

desterrado nos mares  e ao viver,
sedento da partilha e do prazer
deixou ao Mundo...um penhor humano.

Setúbal, 04/08/2013
Inácio Lagarto

ARRÁBIDA PELO SADO É BEIJADA

A Arrábida pelo Sado é beijada,
do alto protege os marinheiros;
na Costa rompe os nevoeiros,
a verdura com sol é misturada.

Bosques florindo, na fina rama,
vão vertendo pétalas silvestres;
paixões, cheiros dos musgos campestres
...silêncios e sonhos de quem ama.

Grito ecoa no arvoredo,
do barco que chega ao cais...sem medo!
Na onda longínqua do mar.

Ancorado na Baía sonhada,
olha e vê a estrela sentada
na Serra... segura a vigiar.


Setúbal, 03/08/2013
Inácio Lagarto