«No céu perpétuo e imaculado Revejo o sol fugido do meu imaginário, Solta-se o frio trémulo nos raios extasiados E o brilho cintilante surge iluminando o meu barco. Não posso navegar, amarrei-me ao destino, Na Terra molhada com lágrimas de solidão, Olho o infinito, e permaneço aqui, parada, Sufocada, mas com a esperança de volta a navegar. Rosa Familiar In "Simbiose" » Sou do Pai composição trabalhado na argila de menor valia; sou semelhante ao meu irmão tocado pelo tempo procurei companhia ...partilho amizades sou um sonhador quero Viver! Gozo os mistérios nos frutos eleitos modelando filhos perfeitos. Envolto em melodia vou cantando em chama saborosa, bebo do cálice da saudade e para alcançar a ventura... procuro prazer e alegria, neste rio por Deus regado. Sou igual em forma e figura, nesta existência repartida sinto o Amor.... cresce a dor fujo da fria solidão em que se espraia a Vida.
Neste tempo com passado, o maior e mais eloquente que trouxe até nós o modernismo... com testemunho escrito e falado ao desdobrar estilos, criados na sua mente, abrindo portas ao cubismo! A palavra embala, som entoa, no Homem, Escritor e Poeta multifaciado! Deixou ao mundo...tão vasto legado; deu vida e forma aos heterónimos, na «Mensagem» belos factos narrou! A obra está patente! Recordo com elevação...Mestre Fernando Pessoa. Escreveu poesia e prosa sentida, com génio literário, várias memórias, não abandonando o tormento... A morte abraçou-a cedo! Falou da paixão por Ofélia, foi contemporâneo de Mário de Sá Carneiro e de Almada Negreiros. Fez parte do «Grupo Orpheu » e amizades trocadas pelo misticismo que deram alma à sua vida ...ecos aos feitos e glórias, desdobradas a cada momento entre a lágrima, silêncio e medo; não acreditando no poder do céu. Foi sombra, presença, daquilo que somos, mistério na vida falada; verdade no que acreditamos. No sonhar...no espaço projectamos, difusos na caminhada! Tragédias e esperanças alimentamos quando a noite, não repara nada. Setúbal, 04/04/2014 Inácio Lagarto
Que maravilhosa Serra inspiradora do Poeta, no meio da solidão! Olhou a corrente do Rio, a luz que beija a terra, ergueu a taça da meta e lavrou poemas com paixão. Sebastião da Gama...acarinhou as estrelas, com os pássaros cantou magia, fitou no espaço o movimento; as formas da vida soube vê-las e nas horas alegres ou de agonia... abraçou o pensamento.
Na Serra Mãe, sua alma se difundiu, entre o alecrim florido e o rosmaninho verdejante; no centro do arvoredo acariciou o mar, o barco de pesca ou o navio que chegava ou partia...da viagem errante, em tarde quente ou noite sombria. Do alto da Arrábida, em segredo... Escrevia, com perfume, belo rimar ...os recantos da Serra que tanto conhecia. Homem talentoso de boa mente deixou, vasta obra por acabar, ao nascer do sol, quando irradiava certeza! Sua força vive presente na ternura da caminhada, a ensinar ou no sublime jardim da Natureza onde alimentou...O Sonhar.
Mais um destino a cumprir, belo sonho quase a vergar; na cruzada cresce o sentir... lusitana terra sem sorrir, povo triste a interrogar! Os Pobres pagam a crise. O sol teima em aparecer no ar negro da tempestade; vento sopra, não quer romper... a água cai, traz o sofrer ao Abril da claridade! Os Pobres pagam a crise. O florir perdeu a sorte nestes anos de geração; braços feridos por mão de morte... brutos mercenários sem norte vendem solo por ilusão! Os pobres pagam a crise. Neste canteiro, jardim brando, em que a ave esvoaça sobre o longo mar, ondulando... a crise dá mote à tristeza! Está memória esvaziando, Pendão da velha raça ...luz de nobre certeza. Os Pobres pagam a crise.
Em cada despertar há uma luz que vem da fonte que ilumina o pensamento e acorda os afectos, dando vontade ao viver. É preciso estar atento, é urgente acreditar... no perigo que já acena; ao presente que nos ordena esquecer... o cravo e a canção. O sol nasceu dourado floriu com beleza o sonhar; saltou grito vindo do peito, abriu alas lado a lado ao som... do Libertar! Criou um Poema perfeito. Com entusiasmo de criança fitámos o horizonte, cansados da escuridão. Lançámos na confiança... a semente que germina a verdade, na força da saudade, em que fecunda a Criação.
I Viva o amor! Canta a alegria! Brilha na Terra a fantasia, a mente sorri a festejar. Os corpos se entregam ao dançar, com corações fitando a lua; tacões fortes, pisando a rua, beijos escondidos às janelas em sonhos trocados nas vielas. REFRÃO Caminha na farra esquece o passado, abraça o fado põe o sentir a pular; usa a magia... hoje há festa! Afina a melodia. pensa na cigarra ao sol a viver... sem nada fazer, no prado a sonhar! A Vida é bela ...tem encantamento; anima a viagem num Poema em movimento. II Ritmo florindo em cada jardim, a luz na emoção não tem fim; o povo segue em liberdade, em Junho partilha a igualdade; com mastros, balões olhando o véu, as estrelas iluminam o céu. Os deuses oferecem a clareira e namorados saltam...a fogueira. REFRÃO Setúbal, 25/04/2014 Inácio Lagarto