domingo, 26 de abril de 2015

CORRENTE DO SUL


Martelava o escuro
sobre a claridade do dia...
quando o sonho pairava na rua!
O clima, saudoso e florido,
soprava da bela serra.
Trazia sorriso juvenil
no dizer adeus à terra;
foi cercado no covil
para o ideal ser esfolado,
por vingança cega e crua.

Vieram cercar o cravo e a rosa...
plantas raras, lustrosas
musicando a confusão.
Com palavras venenosas,
espetando pregos no coração
...em página gloriosa.

Falou o galo, a galinha,
o cavalo, o gato da vizinha;
vem o guarda, assustar o ladrão,
com sentença de vilão.
No meio da bicharada,
naquela contenda sagrada,
por fim... surge o patrão!
de chicote preso à mão,
ditou douta sentença,
omitindo a pertença.

No meio de tamanha frieza,
a luz iluminou o pensar!
Acendeu-se a certeza,
os réus...só queriam Amar .

A Vida pintou uma tela!
Com sonho no barco à vela
remando para este Rio.
Ao leme vinha sangue quente,
com esperança, fugindo do frio;
ancorou junto ao mar!
Olhou a Arrábida, beijou o ar,
do peito brotou ramagem!
Cresceu folhagem...
das fortes árvores erguidas,
no meio de lutas vencidas.

Neste Quadro colorido,
em que o Sado é mais azul,
veste a alma do Pescador!
O Sonho é eterno e mantido.
Unido no tempo com fervor
como a corrente que vem do Sul
...numa Poesia de Amor.



Setúbal, 24/04/2015
Inácio Lagarto

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