sexta-feira, 30 de novembro de 2018

CHUVA DO TEMPO

Silêncios! Momentos a divagarem!
Olhando as árvores tristes e nuas.
Ouvem-se vozes, por perto, a sussurrarem
de quem corre apressado nas ruas.

Grupos de jovens pulam, falam baixinho,
de telemóvel na mão escondido;
Confundem-se com o piar do passarinho
num vaivém, voando, segue perdido.

Surge no ar um tagarelar sem fim,
saltam, correm entre fantasias,
misturam-se na frescura do jardim!
Gritam e cantam em loucas harmonias.

Com a decoração do Natal em festa,
o clima põe-se agreste e de frio;
a escola, sem alunos, fica deserta
e numa forte corrente buscam o Rio.

Numa partilha, terna, encantada
sentem o vento a soprar da Serra 
e pela água vai sendo regada!
Do seu seio?! Quanta beleza descerra.

À sombra da
cidade cheia de gente,
no céu navegam nuvens flutuantes;
carros circulam vagarosamente
fugindo às poças brilhantes.

Ao olhar, as pedras amolecem
criando formas, austeras ilusões;
aos caminhantes embalam e tecem
segredos dos sonhos, alivio às emoções.

A chuva do tempo alegra o viver!
Lava a alma, dá luz à razão.
Floresce num perfume a renascer,
converte o amor em nobre Paixão.


Setúbal, 30/11/2018
Inácio José M. Lagarto

Sem comentários: