Sou filho da planície Alentejana
No povoado de Viana com magia;
Vi no montado terna choupana
Que abrigava a força humana
Do temporal - calor e ventania.
Caminhei por vales e montes
Por entre sobreiros de cortiça;
Comi bolotas, das azinheiras defrontes,
Bebi água em riachos, poços e fontes,,
Descansei à sombra a preguiça.
Carreguei às costas a saudade
Respirando o perfume das aragens;
Partilhei a luz do sol na irmandade,
Senti o prazer da liberdade
No seio de celestiais paisagens.
Fixei olhar na fé, no Altar aceso,
Em campo de trigo no verdejar;
Assisti a um sonhar surpreso
Fiquei com o pensamento preso
Porque o pão vai à mesa alimentar.
A Paz nos povos sucede à triste guerra
Neste mundo em que progresso avança;
Em nome de superiores valores da Terra
Quantos silêncios a alma encerra,
Esquecem a vivência e a esperança!
Nesta cruzada, no tempo por paixões,
Em dias de sol, noites de luar de amor;
Trazem de novo ao poder as tentações,
Adormecem as mente e os corações
Acordam do passado páginas de dor.
Setúbal, 11/03/2022
Inácio José Marcelino Lagarto
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