Verdes anos de criança
são tempos com saudade!
sem o cinto de segurança
sonho livre...sem vaidade.
I
A vida era normal
desde manhã ao por do sol
...olhar claro como farol!
O leite não fazia mal
comia-se carne com sal
petisco na boa festança.
A rua dava confiança
sem nenhuma convenção
sinal de libertação
verdes anos de criança.
II
A escola se repetia
se não fosse aprovado
ninguém era dotado
fazer contas tinha magia.
Internet não havia
lutar dava vontade
em crescer sobre verdade...
sentir o que outro sente
ser jovem e ser gente
são tempos com saudade!
III
Nos tanques se banhava
em hortas com laranjais
nas festas e arraiais
com as jovens se dançava.
O amor despontava
aliciando a esperança;
na viagem, bem mais mansa,
junto à porta do vizinho
guiando carro de pinho
sem o cinto de segurança.
IV
Livre sem alma frustrada
por não ter o brinquedo;
ferida no joelho ou dedo
com ligadura era tratada
lágrima e dor partilhada.
Na nudez da idade
realçando a dignidade
da inocência e sucessão;
bola de trapo, junto ao chão,
sonho livre...sem vaidade.
Setúbal, 02/01/2012
Inácio Lagarto
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