segunda-feira, 14 de maio de 2012

A CRISE

Mote
"Quem a crise provocou
está fora e sabe bem,
que muito o pobre pagou
nas contas dele também."


I
Em tempo de liberdade
naquele Abril a florir...
nasceu um novo porvir
na procura da igualdade,
cujo sonho plantou vontade.
A alma à rua voltou
...nova esperança traçou
sacudindo o frágil vento;
hoje, regressa ao pensamento
quem a crise provocou.


II
Neste semear de ilusão
escondido em matagais;
com um bando de pardais
está comendo rico grão...
foge e cresce sucessão
entre sorriso e desdém
beijos que da boca vem
segue um calmo caminho;
deixa o povo sozinho
está fora e sabe bem.


III
Colheram raízes da terra,
rasgaram redes do mar;
com a fábrica a fechar
as árvores choram na serra
e longo olhar se desterra.
Quem a riqueza usurpou
...terno coração calou
para subir na escada;
com uma vida afamada
que muito o pobre pagou.


IV
No silêncio do patrão,
com verdade a soluçar;
soa ao longe o madrugar
na procura da razão
...quer calar a solidão.
Vida não é de ninguém
e aquele que nada tem
partilha no capital;
com a força laboral
nas contas dele também.


Setúbal , 09/02/2012
Inácio Lagarto

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