«Não vejo senão canalha
De banquete p´ra banquete
Quem produz e quem trabalha
Come açordas sem "azête" »
Sem pedir p´ra ter nascido
começa cedo por lutar;
vida levada a pastorear
com futuro indefinido.
Semeia pão merecido,
de corpo erguido sem falha;
dorme em cama de palha
para que outro crie riqueza...
ao explorar tanta pobreza
não vejo senão canalha.
Nesta cruzada da vida
querer e ter não faz mal;
o homem vive desigual,
sua força é vendida...
entre silêncios perdida!
Serve no tempo de joguete
...pago a preço de alfinete.
O rico vive da jogada,
mora em casa apalaçada
de banquete p´ ra banquete.
De terna melancolia,
com mente destroçada,
a esperança é guardada;
quer acordar, novo dia
...abra portas à alegria.
Bebe o vinho da talha,
habita no meio da tralha,
vê roubado seu sustento;
usurpado no pensamento...
quem produz e quem trabalha.
Do luar brilha a luz
e do campo a liberdade;
à tarde canta a saudade
que guia pesada cruz,
com fracos lucros e nus.
É de trapos o tapete,
feito de cinza o sabonete;
vende a fruta do quintal,
a batata e o vegetal...
come açordas sem "azête" .
Setúbal 2014
Inácio Lagarto
domingo, 15 de junho de 2014
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário