Navegar na corrente é preciso
Para mergulhar no denso mar;
Na terra não existe palavra e conciso
A fim de vencer o mundo indeciso
Só resta-nos com os peixes dialogar.
O homem, por ideal, esquece a pobreza,
Por cobiça não escuta o lamento;
Trata mal o equilíbrio da Natureza,
Caminha na sociedade fiel à incerteza
Sem ouvir a voz do pensamento.
Chega o dezembro natalício
Em que o terno sonho acende a luz;
O fim do ano de sacrifício,
Pede-se outro, com fogo de artifício,
A olhar a esperança que nos conduz.
Circula no espaço visão e nostalgia
Que é urgente saber afagar;
Com trabalho, crer e harmonia,
Respeitar medidas tomadas com magia
Contra vultos que seguem a assombrar.
Cantaremos a uma vitória futura,
De mãos dadas pela felicidade;
Por uma paisagem florida e segura,
Ler um bom livro escrito com ternura
Saudar o viver, com carinho e liberdade.
O povo ferido continua no seu destino,
Tropeça no tempo, em espinhos, matagais!
Porque soprou o vento forte e ladino
Que faz sonar no globo o sino
A pedir ajuda aos Poderes Universais.
Setúbal, 27/11/2021
Inácio José Marcelino Lagarto
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