(óleo do Mestre Dórdio Gomes) |
De Viana trago semente
do trigo ali semeado,
no Alentejo sonhador.
Cresci no seio de boa gente,
na eira fui trabalhado
produzi paz, pão e amor.
Refresquei-me na chuvada
por entre vasta verdura
e de papoilas guerreiras.
Naquela seara ondulada
beijei o sol e a planura
cantando, com as ceifeiras.
Abracei árvores amigas
abrigado na ramagem
erguida pela luz do coração.
Belas azinheiras antigas
oferecendo sombra na viagem;
carinhosa no fruto e proteção.
Bebi das fontes correndo
saciando o povo, a floresta
gorgolejando de pranto.
águas, a marcha vencendo,
fecundando o solo em festa.
Sonhos, sonantes, em terno canto.
Longe da Terra tudo renasce
na ambição, no sentimento;
o vento sopra sempre soprando.
A esperança surge e desfaz-se,
mistérios do tempo em movimento
da saudade no peito saltitando.
Setúbal, 23/07/2016
Inácio Lagarto
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