quinta-feira, 15 de março de 2018

RIO DE LONGO CAUDAL



Sou um rio de longo caudal,
alagando as margens, correndo!
Com palavras livres no ideal,
vou ignorando qualquer vendaval...
páginas de medos vencendo.

Carrego no pensamento a vontade,
conquistas e sentir de outrora!
No sonho lavro a liberdade.
Com carinho beijo a claridade...
nas águas revoltas cuja vida chora.

Vejo a força dos frescos afluentes,
escuto as queixas das folhagens!
Os murmúrios são diferentes.
Das árvores caídas e pendentes...
soam pedras soltas nas paisagens.

Limpo o rosto à terra magoada,
as lágrimas aos montes tombando!
Ouço o bater da louca trovoada.
Acende-se o sol, nasce a alvorada...
a luz no sonho fecundando.

Ao futuro, florido, deixo o Dizer
aguardando as praias no verão!
Finda a dura faina, resta o lazer.
Com a ondo luto, sem temer...
abraço o areal com terna paixão.

Guardo no peito o grito e o pranto,
olho as estrelas, noites de luar!
Agasalho a viagem com doce manto,
dou ao Existir um tal encanto...
as folhas caídas voltam a despontar.


Setúbal, 15/03/2018
Inácio José Marcelino Lagarto





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