quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

ITINERÁRIO


Quantas vezes fico a pensar,
No tempo que percorri?
Desde o moço a brincar,
Mais tarde, o belo sonhar
E, do muito que já perdi.

Das brancas paredes, da casa,
Da carroça e do jumento;
Afável chaminé, com brasa,
Da lenha no forno que abrasa;
A arte, era dura, no momento.

Das escolas ao partilhar,
Do professor ao bom mestre;
Na Filarmónica a tocar -
Desde o barro a decorar,
Como colher a amora silvestre.

Naquele jogo ardente,
Cuja razão por nós clama;
Com formação, sempre presente,
Futuro floresceu, na mente,
Prosseguia, na busca da fama.

Hoje por velho, sou julgado,
Quando um dia fui cavalheiro;
Da companheira estou privado,
Triste escravo por ter lutado,
Sou viúvo, como um solteiro.

Sigo uma longa caminhada,
Numa vida não vivida;
Subi e desço a escada!!...
Se criei não vejo nada...
Minha estrela anda perdida!


Setúbal, 06/02/2009
Inácio Lagarto

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